Lucro recorde do BB não surpreendeu; a aposta é no futuro do banco

Redução de imposto foi o que impulsionou o resultado no trimestre. A expectativa é que a instituição apresente números ainda melhores ao longo do ano

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Banco do Brasil (BBAS3) chamou atenção nesta quinta-feira (9) ao anunciar o que classificou como o “maior resultado nominal em um trimestre na história”. Mas, apesar disso, o mercado não se empolgou demais: as ações do BC oscilaram entre leves perdas e ganhos durante boa parte do dia, e só passaram a subir com um pouco mais de força depois do discurso otimista de Rubem Novaes, presidente da instituição.

O maior banco do país encerrou o primeiro trimestre com lucro líquido recorrente de R$ 4,2 bilhões, uma alta de 40,3% ante o mesmo período de 2018. Em seu release, o BB explicou a melhora por conta do aumento da margem financeira, pela redução das despesas de provisão de crédito, pelo aumento das rendas de tarifas e pelo controle de custos.

A reação relativamente tímida dos papéis, porém, não significa que os analistas não gostaram do balanço. Os números foram considerados positivos, só que não surpreenderam.

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Segundo André Martins, analista do setor financeiro da XP Investimentos, é importante destacar que este lucro recorde se deu basicamente por uma questão de alíquota de imposto, que ficou em 14% no primeiro trimestre (contra 35,6% no quarto trimestre de 2018). Se considerarmos o resultado antes dos impostos, o lucro da companhia teve um crescimento em linha com o esperado.

A equipe de análise da XP destacou que os números foram neutros e não alteram a tese de investimento da empresa, que é positiva, uma vez que, na comparação anual, as métricas permaneceram sólidas.

Já o Bradesco BBI viu o resultado como sólido, em que, no geral, os bons fatores se materializaram rapidamente, enquanto os fatores ruins devem melhorar este ano. “Em nossa visão, o 1T19 foi um bom trimestre para o BB, já que as NIIs (margem financeira) de clientes já começaram a apresentar melhorias devido a um melhor mix de empréstimos, enquanto a decepcionante formação de NPL (Non Performing Loans, ou inadimplência) e as altas despesas com litígios devem se normalizar ao longo do ano”, afirmaram os analistas em relatório.

Ainda na opinião do BBI, se a alíquota mais baixa for mantida, o banco poderá facilmente atingir a faixa superior de lucro líquido projetado no guidance apresentado, entre R$ 14,5 bilhões e R$ 17,5 bilhões, ficando também acima dos R$ 16,5 bilhões das projeções dos analistas consultados pela Bloomberg.

Essa expectativa também explica a alta das ações durante esta tarde. Os papéis passaram a subir cerca de 1% depois de Rubem Novaes afirmar, em teleconferência, que o banco vai continuar a trajetória de melhora dos seus resultados. Ele espera que a economia brasileira cresça mais a partir do segundo semestre, o que permitirá, segundo o executivo, que o BB cumpra a meta de de crescimento de crédito no ano.

Martins, da XP, destaca que, entre os fatores negativos para o futuro do banco está o segmento de receitas de serviços, que tem caído também nos balanços de outros bancos. Para ele, esta é uma tendência vista em todo o setor por conta do aumento da concorrência, em especial dos bancos digitais.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.