Ambev estende rali e ganha R$ 40 bilhões na bolsa com ajuda da Heineken – mas analistas fazem alerta

Desde quinta-feira, quando divulgou seu balanço, a Ambev já subiu 14,14%, o que representa um ganho de R$ 39,947 bi de valor de mercado

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – A Ambev (ABEV3) chegou ao terceiro dia de alta forte na Bolsa na segunda-feira (29) após apresentar seu resultado do segundo trimestre na semana passada. Desta vez, além da euforia dos investidores com o balanço, parte da escalada se deu exatamente por uma de suas principais concorrentes, a holandesa Heineken.

Desde quinta-feira (25), quando divulgou seu balanço, a fabricante de bebidas já subiu 14,14%, o que representa um ganho de R$ 39,947 bilhões de valor de mercado. Analistas destacaram números muito positivos da Ambev, com destaque para o aumento de volume de cerveja vendida no Brasil.

Os resultados foram recebidos de maneira tão positiva pelo Itaú BBA que levaram Antonio Barreto e Gustavo Troyano, analistas do banco, a fazerem uma “dupla” elevação de recomendação para as ações ABEV3, passando de underperform (desempenho abaixo da média do mercado) para outperform (acima da média do mercado), com elevação do preço-alvo de R$ 18 para R$ 22 este ano.

Continua depois da publicidade

Não bastasse o bom desempenho no segundo trimestre, sua grande concorrente, a Heineken, divulgou ontem um resultado fraco no mesmo período, o que levou suas ações a caírem 6,34% na bolsa da Holanda.

Analistas do Credit Suisse apontaram para uma margem “bastante fraca”, enquanto o Bradesco BBI destacou a alta queda de volume para as cervejas de massa, um dos fatores que devem ter beneficiado os volumes da Ambev no segundo trimestre.

Por outro lado, Leandro Fontanesi e Tiago Mello, analistas do Bradesco BBI, destacam que ainda não há como saber se a melhora de volume da Ambev é sustentável. Isso porque a companhia está se beneficiando do seu preço menor após a Heineken ter elevado o valor de seus produtos.

Em um primeiro ponto, os consumidores ainda devem absorver a mudança da holandesa, o que pode levar a uma recuperação dos volumes de vendas da empresa. Além disso, a companhia brasileira terá de elevar seu preço também em breve, então esta melhora vista no primeiro semestre pode não durar por muito mais tempo conforme ela siga a mudança já feita por sua concorrente.

“Dito isso, embora continuemos acreditando que as várias medidas da Ambev para impulsionar volumes (por exemplo, inovação) têm sido eficazes, não está claro se pode ter havido algum benefício temporariamente relacionado ao aumento de preço da Heineken para suas marcas mais baratas e até que ponto essa recuperação dos volumes da Ambev no segundo trimestre de 2019 será sustentável”, avaliam os analistas.

Seja sócio das melhores empresas da Bolsa: abra uma conta na Clear com taxa ZERO para corretagem de ações

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.