WHG alerta: pressão fiscal nos EUA pode abrir juros longos e travar investimentos

Governo Trump tem recorrido à redução de tarifas como uma estratégia para aliviar o custo de vida dos americanos

Osni Alves

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O ano de 2026, quando acontecem as eleições de meio de mandato, de Donald Trump, nos Estados Unidos, deve ser um “divisor de águas”, na avaliação do economista-chefe da WHG, Fernando Fenolio.

Nos EUA, segundo ele, a tendência é que ocorra uma combinação entre política fiscal agressiva, pressões sociais e avanço da inteligência artificial, que podem moldar o ambiente de investimento global. 

Para Fenolio, o governo Trump tem recorrido à redução de tarifas como uma estratégia para aliviar o custo de vida dos americanos. O movimento inclui cortes em itens como café e laranja importados do Brasil.

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“Ele vai lutar”, afirma, ao explicar que reduzir tarifas é a única forma rápida de conter a pressão inflacionária sem gerar distorções mais graves na economia.

Mas o tema mais sensível, conforme Fenolio, é a proposta ventilada pela Casa Branca de enviar cheques de US$ 2 mil para cidadãos que ganham até US$ 100 mil por ano — uma tentativa explícita de aliviar o custo de vida antes das eleições legislativas de 2026.

“O governo vai assinar um cheque de 2 mil dólares para você e você gasta com o que quiser”, diz. A medida, porém, enfrenta resistência no Congresso e levanta preocupações fiscais profundas.

“É possível passar? O Congresso vai apoiar? Não sei”, afirma Fenolio, lembrando que o Senado republicano foi eleito criticando o governo Biden pelos cheques distribuídos na pandemia, acusados de alimentar a inflação.

Fenolio e o gestor de fundos da WHG, Andrew Reider, participaram do Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo.

Tarifas, déficit e o risco para os juros americanos

A possível distribuição de cheques também colocaria pressão adicional sobre as contas públicas. Fenolio explica que, embora o aumento das tarifas de importação ajude a elevar a arrecadação, devolver parte desses recursos à população aprofunda o déficit.

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“O déficit público é maior, a dinâmica da dívida é pior. Então o term premium tem que ser maior”, afirma. Isso significa, na prática, uma abertura dos juros longos nos EUA — e, com isso, hipotecas mais caras.

Fenolio resume o dilema: “É complicada essa situação. Mas eu acho que ele vai tentar, porque sabe da importância desse tema para a eleição legislativa de novembro do ano que vem”.

Para o economista, o tema fiscal americano será um dos pilares de atenção do mercado em 2026.