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O ouro fechou a sessão desta quinta-feira (11) com alta de 2,09% na Comex, divisão de metais da bolsa de Nova York (Nymex), e manteve a tendência de alta – com valorização de mais de 60% desde 2023. Diante do comportamento, influenciado pelo enfraquecimento do dólar no exterior e pela fuga das ações relacionadas à tecnologia, o que esperar do metal no ano que vem?
Ruy Alves, sócio e gestor da Kinea Investimentos, discutiu o assunto na edição especial do Stock Pickers dentro do Onde Investir 2026, especial online e gratuito do InfoMoney que reúne especialistas para interpretar o cenário e apontar caminhos para alocar em cada classe de ativo.
Segundo Alves, o cenário atual tem provocado uma migração do “norte de valor” das pessoas para ativos como ouro e Bitcoin. “Alguns dos maiores mercados do mundo, como o setor imobiliário na China e nos Estados Unidos, pararam de se valorizar. Ao mesmo tempo, há déficits fiscais elevados. Então as pessoas começam a se perguntar: qual é meu verdadeiro norte de valor?”, afirma.
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O gestor critica a percepção de segurança em ativos como o Tesouro Direto, argumentando que investir em dívida pública equivale, na prática, a financiar impostos futuros.
“Você comprou um ativo em que o retorno vem do imposto que você mesmo ou seu filho terá de pagar. Não há ativo produtivo por trás disso; é uma ferramenta que, de certa forma, pode te prejudicar amanhã”
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Alves destaca ainda o efeito das restrições governamentais sobre imóveis, que podem inflacionar artificialmente os preços. “No Reino Unido, o greenbelt [área de proteção ao redor de cidades] impede novas construções, criando escassez e elevando os valores. Quem compra casa ali, na prática, adquire o monopólio sobre a limitação imposta pelo governo. Não é um ativo produtivo”, exemplifica.
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Por outro lado, o ouro mantém seu valor ao longo dos séculos. “Esse filme está em cartaz há seis mil anos. Sempre que tentaram substituir o ouro, voltaram atrás. As pessoas queriam ouro, não bimetalismo. O ouro é o último refúgio”, afirma Alves, traçando paralelo com o Bitcoin, que ainda busca consolidar seu papel como reserva de valor.
Reservas de valor em um mundo de incertezas
Para Alves, ativos tangíveis como o ouro mantêm características únicas que garantem sua longevidade como reserva de valor. “Vamos supor que a gente estivesse segurando uma barra de ouro. Aquilo ali é mais velho que o sistema solar e não se destrói, a não ser via energia nuclear. Ele não combina com nada, se mantém indestrutível e representa brilho, algo que historicamente atrai o ser humano”, detalha.
O gestor do Kinea contextualiza o ouro historicamente, desde seu uso pelos sumérios até a adoção do padrão ouro no século XIX. “Mesmo no padrão misto depois da Primeira Guerra Mundial, o ouro ainda era reserva de valor. A Inglaterra tentou voltar ao padrão ouro e entrou em recessão, a Grande Depressão mostrou que o ouro mantinha seu papel de âncora de confiança”, afirma.
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