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O embate entre Google (GOGL34) e OpenAI se consolidou como o tema central do mercado global de tecnologia em 2025, transcendendo o setor e impactando diretamente a economia mundial, de fundos de investimento a commodities.
A corrida pela supremacia em Inteligência Artificial (IA) não é vista apenas como uma disputa tecnológica, mas como uma redefinição estratégica do capital e do consumo para os próximos anos.
Em um ano marcado por intensa volatilidade, a IA se tornou o principal vetor de diferenciação no desempenho das grandes empresas. Segundo Andrew Reider, sócio e gestor do fundo WHG Long Biased, o mercado começou a perceber que a capacidade de adaptação à IA não é uniforme entre as gigantes.
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“O grande diferencial deste ano foi o mercado começar a perceber que nem todas as gigantes de tecnologia estão tão bem posicionadas para a IA quanto se imaginava. A diferenciação de desempenho foi clara entre as empresas”, afirmou, durante participação no programa Stock Pickers, apresentado por Lucas Colazzo.
Companhias antes consideradas baluartes de segurança, como Amazon (AMZO34) e Meta (M1TA34), viram seu espaço ser desafiado por players emergentes e empresas de semicondutores diretamente ligadas ao avanço da inteligência artificial.
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A disputa entre Gemini e ChatGPT
O cerne da batalha reside nos modelos de linguagem: o Gemini, do Google, e o ChatGPT, da OpenAI. Embora o Google tenha demonstrado um avanço técnico significativo, o domínio de mercado da OpenAI ainda prevalece.
“O Gemini 3 está tecnicamente à frente do ChatGPT, mas o ChatGPT ainda domina no consumo e na adoção corporativa, graças à sua base de 900 milhões de usuários”, detalhou Reider. Ele ressaltou que a disputa não se trata de uma bolha especulativa, mas de uma corrida estratégica onde a inação é o maior risco.
“Os CEOs sabem que o risco maior é não investir o suficiente. Quem domina o modelo controla o topo do funil de consumo e serviços”, comparando a situação à histórica competição entre iPhone e Android.
O Google, por sua vez, aposta em um ecossistema completo para se diferenciar, que inclui o desenvolvimento de chips próprios, a força de sua computação em nuvem, a vasta base de dados de mapas e seu domínio em publicidade digital.
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O cenário macroeconômico e os impactos da IA
Os efeitos da revolução da IA se entrelaçaram com um cenário macroeconômico global complexo em 2025. O economista-chefe da WHG, Fernando Fenólio, destacou a resiliência do mercado diante de fatores de risco.
Um dos pontos de surpresa foi a política tarifária dos Estados Unidos. “As tarifas vieram muito mais agressivas do que se imaginava, mas não foram tão inflacionárias quanto se esperava”, observou.
Para ele, o impacto sobre o consumidor final foi limitado, permitindo que o mercado continuasse a se ajustar à desaceleração do consumo e à evolução tecnológica.
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Enquanto a Europa, notadamente a Alemanha, adotou uma expansão fiscal significativa, a China demonstrou que a inovação em IA não é exclusividade americana, avançando com o lançamento de seu próprio modelo, o Deep Seek, e mantendo um crescimento econômico moderado.
Fenólio também alertou para o impacto social da IA, que vai além do setor financeiro, afetando drasticamente o mercado de trabalho, especialmente entre os jovens.
“O progresso da IA gera ganhos de eficiência, mas também altera a demanda por mão de obra. Isso tem implicações importantes para consumo, margens de lucro e políticas econômicas”, concluiu.
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Para 2026, a atenção se volta para a divisão interna do Federal Reserve (Fed) americano e a continuidade da adaptação global à nova realidade impulsionada pela IA. No Brasil, a estabilidade inesperada do mercado local, com a Selic alcançando 15%, também se tornou um ponto de análise para as perspectivas futuras.
O consenso entre os especialistas é que, embora a volatilidade persista, a corrida da IA não terá um único vencedor, mas sim ecossistemas que coexistirão e impulsionarão a próxima fase da economia global.