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O aperto monetário continua sendo um divisor de águas no ambiente corporativo brasileiro. Para André Lion, sócio, CIO e gestor de ações da Ibiúna, o juro alto “está apertando todo mundo” — empresas, famílias e investidores — mas também vem revelando quem soube se preparar e quem não.
“Várias empresas aproveitaram o ciclo recente de crédito privado para alongar a dívida e reduzir spreads. Essas estão em situação confortável. As que não fizeram isso, hoje estão em posição pior do que antes”, afirmou.
Lion explicou que parte do mercado corporativo surfou a expansão do crédito privado dos últimos anos para reforçar o caixa e melhorar a estrutura de capital. Mas o movimento não foi generalizado.
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“Quem ficou de fora agora sente a pressão. Duration curta, custo alto e, muitas vezes, operação fraca”, disse. Segundo ele, esse é um momento em que a diferença entre as boas e as más empresas se acentua: “Quem estava bem está melhor, quem estava ruim está pior.”

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Investidores precisam fazer o “debt picking”
O gestor ressaltou que, assim como em ações, o investidor em crédito precisa escolher com cuidado onde coloca o dinheiro.
“O stock picking também vale para o bond. É o ‘debt picking’. Você tem que entender o que está comprando, setor por setor, empresa por empresa”
Lion participou do podcast Stock Pickers, apresentado por Lucas Collazo, em uma conversa que mergulhou nas nuances do mercado de crédito e na forma como os diferentes mandatos da Ibiúna têm se posicionado diante das incertezas macroeconômicas e políticas.
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Incentivadas e distorções do mercado
Ao comentar o apetite do mercado por debêntures incentivadas, Lion foi direto: “Hoje, qualquer coisa com o nome ‘incentivada’, o pessoal se joga. É mais uma distorção de alocação de capital no Brasil.”
Para ele, embora o instrumento tenha sido criado com boa intenção — reduzir o custo da dívida corporativa — acabou gerando desequilíbrios.
“O país quer incentivar crédito e penaliza o investidor em equity. O acionista é o cara que cria empresa, gera emprego, mas é o mais penalizado”
O gestor defendeu que a solução deveria ser estrutural, e não pontual: “Em vez de criar incentivo setorial, o país deveria arrumar as contas públicas para reduzir o custo do capital como um todo. Aí sim, todos cresceriam juntos.”
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