Lógica da oferta e demanda no mercado de trabalho: quando faz sentido?

Quanto mais concorrentes, menor o salário e, quanto menos concorrentes, maior o salário. Isso vale para grandes talentos?

Flávia Furlan Nunes

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SÃO PAULO – A oferta e a demanda podem ser usadas para explicar os salários mais baixos ou altos no mercado de trabalho. Quanto mais concorrentes, menor o salário e, quanto menor o número de candidatos, maior o salário. Mas, a lógica faz mais sentido em determinados setores e cargos.

De acordo com o economista do Dieese (Departamento Intersindical de Estatísticas e Estudos Socioeconômicos), Paulo Jager, apesar dos números recordes de criação de empregos no País, ainda há um alto número de desempregados, o que pressiona o mercado a oferecer salários mais baixos.

Já para o diretor-executivo do Insadi (Instituto Avançado de Desenvolvimento Intelectual), Dieter Kelber, o contingente alto de desempregados só diminui o salário em cargos muito baixos, até nível auxiliar. “No caso de pessoas que ganham até três salários mínimos. Para cargos que não necessitam de tanta escolaridade”, afirmou.

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Não faz tanto sentido nos cargos mais altos

Em cargos mais altos, o que acontece, de acordo com o diretor-executivo, é que não há um contingente alto de desempregados. “Normalmente, a pessoa que ocupava o posto se aposenta e parte para outro negócio. Viram empreendedores, consultores, não se tornam desempregados”, afirmou.

Ele explicou, ainda, que nos cargos mais altos, além da oferta e da demanda, o que determina o salário são os resultados dos profissionais. “Hoje, mais da metade do salário é de renda variável, que chega a 70% do salário do profissional. Eu enxergo assim: a pressão é por resultado, não por causa da concorrência”.

Uma tendência que ele tem enxergado é a de que as empresas têm colocado pessoas muito jovens em cargos de liderança, porque podem pagar menos. “Eles são levados a se estressarem mais cedo e vão receber menos do que antigamente era pago para o cargo, porque era uma pessoa mais experiente que o ocupava”.

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Salário de pessoas brilhantes não segue lógica

Quando falamos de pessoas especiais, que têm algo a mais, a lógica da oferta e da demanda fica de lado no mercado de trabalho. São pessoas talentosas, que ganham acima da média porque apresentam um diferencial.

“O mercado é muito dinâmico. O que você acha que vale hoje, no seu projeto, não vale mais amanhã. Aí você precisa de pessoas que levem a empresa para a frente nessas mudanças. Essas pessoas são muito especiais e vão sempre ser muito bem remuneradas. Você não treina elas, elas nascem assim. E vão ganhar mais”, explicou Kelber.

Lógica faz sentido em quais áreas?

Na área de TI (Tecnologia da Informação), acontece o contrário do relatado nos cargos mais baixos: falta mão-de-obra e o salário está alto, condizendo com a lógica de oferta e demanda.

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Em novas áreas, que surgem de acordo com a economia, a lógica também faz sentido. Um exemplo dado por Kelber foi o seguinte: o Brasil ficou muito tempo sem construir uma hidrelétrica. Agora que vai construir, vai demandar profissionais, mas não investiu na formação universitária para isso. É o chamado apagão de talento. “Quem ocupar o cargo vai ganhar bem”.