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SÃO PAULO – Pareceu uma cena repetida. Uma fila de executivos de renomadas companhias norte-americanas à frente do Congresso. A história que aconteceu três meses atrás com os presidentes das montadoras de Detroit desta vez teve como protagonistas os CEOs (Chief Executive Officers) dos principais bancos dos Estados Unidos.
Mas esta cena não era repetida. Na viagem de Detroit a Washington, os executivos de GM, Ford e Chrysler foram praticamente implorar aos partidários por ajuda. Foram com o objetivo de pedir dinheiro ao governo. Nesta quarta-feira (11), dinheiro não era o problema. Os oito CEOs que se sentaram à frente do Congresso, juntos, já receberam mais de US$ 165 bilhões em aportes do Estado. Foram se explicar.
Congresso ataca
Enfrentaram um Congresso em fúria: “A América não confia mais em vocês”. Foi a frase que o democrata Michael Capuano usou para dar boas-vindas aos executivos. Depois de receber o dinheiro do governo, o mínimo que se esperava era responsabilidade. Alguns casos irritaram, e muito, os partidários do país.
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Entre os principais argumentos, a imprensa internacional lembrou de casos como o do Wells Fargo, que promoveu uma viagem para os membros de sua equipe de financiamento de hipotecas a Las Vegas. Ou o Citi, que encomendou um novo jato executivo em meio à injeção de recursos do governo para garantir sua sobrevivência. Estas histórias geraram forte resistência, até que as instituições deram um passo atrás.
A questão dos bônus
“Há um grande pacto de raiva pelo país, muito dele justificável, sobre práticas do passado”, resumiu o democrata Barney Frank. Outra explicação comum dos CEOs foi em relação aos polêmicos salários e milionários bônus que recebem. Alguns, como o ex-Merrill Lynch John Thain, demorou a abrir mão de seus benefícios.
“Nesta altura, para que precisam de bônus?”, indagou Barney Frank. Vikram Pandit, do Citi, e Ken Lewis, do Bank of America, foram os mais ativos no debate. Buscaram ressaltar que aceitaram o corte de seus benefícios, a redução do salário até suas empresas voltarem a gerar lucro. O salário de US$ 1 anual ficou comum aos executivos do setor.
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Cargo | Executivo | Salário (em 2007) |
Bônus totais anuais |
CEO do Bank of America | Kenneth Lewis | US$ 1,5 milhão | US$ 24,8 milhões |
CEO do Citi | Vikram Pandit | US$ 250 mil | US$ 573 mil |
CEO do Goldman Sachs | Lloyd C. Blankfein | US$ 600 mil | US$ 70,3 milhões |
CEO do JP Morgan | James Dimon | US$ 1 milhão | US$ 27,8 milhões |
ex-CEO da Merrill Lynch | John A. Thain | US$ 57,7 mil | US$ 17,3 milhões |
Ao lado algumas remunerações, dos períodos de esplendor, de executivos do setor – listadas pela CNN
Ruim com o Tarp; pior sem ele
Além de explicações, o encontro serviu pelo pedido de transparência de Obama, que já regulou os bônus dos executivos e afirmou que, agora, o emprego dos recursos do TARP será acompanhado de perto.
Desta questão veio a principal declaração desta viagem dos bancos a Washington: “Estamos concedendo empréstimos, e emprestamos mais por causa do TARP”, confidenciou Ken Lewis, do Bank of America. Entre tantas críticas e alterações de foco, pela primeira vez o plano da era Paulson recebeu um testemunho de seu valor.