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SÃO PAULO – A atual presidente e candidata à reeleição pelo PT participa na tarde desta quarta-feira da conferência realizada pela CNI (Confederação Nacional das Indústrias), Diálogo da Indústria com Candidatos à Presidência da República. Mais cedo, os também presidenciáveis Eduardo Campos (PSB) e Aécio Neves (PSDB) participaram do evento.
“Nós sabemos que nos últimos anos o Brasil mudou e tem muito o que mudar”, afirmou Dilma, que destacou contudo, que uma das marcas que conseguiu se recuperar foi o da política industrial, de adotar política de conteúdo local para política de petróleo e gás.
Dilma destacou também os números da indústria naval, com o número de trabalhadores sendo multiplicado em dez vezes. “A indústria naval ressurgiu com o nosso governo”, avaliou. A presidente voltou a falar sobre o setor de petróleo, ressaltando que, “sem sombra de dúvida, o pré-sal vai constituir no maior fator individual de demanda de serviços, tecnologia”.
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“Não só nos nos protegemos da crise, como preparamos a base para o crescimento. Nós não recorremos ao FMI como aconteceu três vezes na crise da Ásia e do México”, afirmou, em referência aos efeitos das políticas adotadas pelo governo, além de ressaltar que não houve tantos efeitos em decorrência da crise de 2008 como o de outras crises. Por outro lado, ela destacou que ainda é cedo para comemorar a recuperação da economia internacional e destacou: “daremos absoluta prioridade para reformar o Estado”, afirmou.
Dilma destacou que “a pior coisa que pode acontecer para uma pessoa ou para um estado é ficar pessimista, o que tem consequências graves: nos sabemos qual é o papel das expectativas no mundo globalizado”, afirmou.
Dilma afirmou que num eventual segundo governo manterá as iniciativas já adotadas na política industrial, como as desonerações, a políticas de compras governamentais com preferência para produtos nacionais e o crédito público para projetos industriais.
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“Como seria se não tivéssemos adotado medidas anticíclicas, como estaria nossa indústria se não tivéssemos promovido o maior volume de desoneração tributária das últimas décadas, promovido a expansão do crédito?”, questionou Dilma.
Mais cedo, Aécio e Campos disseram que o governo desorganizou o setor, criou desequilíbrios e prejudicou a competitividade da indústria, adotando inclusive uma política externa prejudicial para as exportações. Dilma rebateu parte dessas críticas dizendo que elas são fruto do pessimismo.
“Expectativas pessimistas bloqueiam as realizações; além disso, há também os que forçam para as realizações de políticas negativas em períodos pré-eleitorais”,disse Dilma, citando as previsões de caos na Copa que não ocorreram e também as projeções sobre a tempestade perfeita. A presidente ainda citou o exemplo do racionamento que não aconteceu e, segundo ela, não acontecerá. “Não nos deixamos levar pelas expectativas pessimistas”, afirmou Dilma, destacando que “criamos a base e entraremos em novo ciclo”.
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Dilma criticou aqueles que acreditam que a política industrial é um equívoco e “aqueles que conspiram, aberta ou envergonhadamente, contra o financiamento público do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social)”. Segundo ela, “esse tipo de crítica se origina dos que também questionam as desonerações, as compras governamentais e combatem a própria existência de uma política industrial”.
Por outro lado, a atual presidente elogiou o mercado de capitais, “uma importante fonte de financiamento de longo prazo para a infraestrutura e de menor custo”, destacando o incentivo que foi anunciado pelo ministro da fazenda Guido Mantega em meados de junho para o setor com isenção do pagamento de imposto de renda em debêntures de infraestrutura.
A presidente não apresentou detalhes do seu projeto para o setor industrial num eventual segundo mandato, mas listou suas prioridades. “Constante aprimoramento dos modelos de regulação, que já têm mais de décadas; promoção de mercado privado de crédito de longo prazo e desenvolvimento de garantias para financiamento de grandes obras; e aprimoramento dos processos de licenciamento ambiental”, afirmou Dilma.
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Eixos do desenvolvimento
Em suas considerações finais, Dilma destacou os eixos para o novo ciclo de desenvolvimento. Dentre eles, está a desoneração dos setores produtivos. “Com a redução do custo tributário, vamos nos tornar mais produtivos”, destacou, mas avaliando que é importante ficar de olho também na robustez fiscal do Brasil.
Em segundo lugar, está o crédito em condições similares, que viabilizam investimento de médio e longo prazos de forma a garantir um crédito competitivo. Em terceiro lugar, está o compromisso com a educação e, em quarto, perseguir os investimentos em infraestrutura.
Em quinto lugar, está a questão do Brasil sem burocracia. “Não é questão de Estado mínimo, que acho uma loucura, nem Estado máximo, é a questão de um Estado eficiente”. Dilma citou o caso da agência americana NSA caso alguém fale para ela de Estado mínimo: “está criando um setor que quem fomenta é o estado americano, fomenta big data, softwares”.
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A presidente voltou a insistir na questão do pessimismo. “Se olharmos as condições que enfrentamos a crise agora e no passado, vamos ver coisas interessantes. Os fundamentos são mais sólidos em relação ao câmbio, com a taxa de juro menor ex-ante e ex-post em 2012, 2013 e 2014 mais baixa do histórico. Nós enfrentamos o processo com um conjunto de medidas para que a crise não levasse a uma deterioração das políticas sociais, sem ocasionar demissões”, disse Dilma.
(Com Reuters)