Em sessão tensa, Aécio e Renan protagonizam bate boca no Senado; veja vídeo

Senador do PMDB chegou a dizer que Aécio é estrela e pediu que o senador mineiro tenha dimensão da democracia

Lara Rizério

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SÃO PAULO – No final da noite da última quarta-fewira (4), foi concluída a votação para a Mesa Diretora do Senado, após uma reunião tensa e repleta de acusações entre a oposição e a situação. Sem um acordo para a votação, a Mesa Diretora do Senado foi eleita por 46 votos a 2 a chapa apresentada pelos governistas.

A votação ocorreu depois de muito bate-boca entre oposicionistas e o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), no plenário. Os senadores do PSDB, PSB e DEM apontavam um movimento de retaliação para que o PSB e o PSDB não fizessem parte da Mesa Diretora e acusavam o presidente de estar “atropelando” a oposição. Os três partidos apoiaram a candidatura do senador Luiz Henrique (PMDB-SC), que disputou a presidência com Renan e perdeu.

Uma das discussões mais acaloradas aconteceu entre Renan Calheiros e o presidente do PSDB, senador Aécio Neves (PSDB-MG). No microfone, Aécio pediu para que Renan respeitasse a democracia interna que prevê que os cargos da mesa seguissem a proporcionalidade da Câmara.

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E assim começou a discussão, como destacado a seguir:

Aécio Neves: “Vossa Excelência será o presidente dos ilustres senadores que o apoiaram, mas Vossa Excelência perde a legitimidade para ser presidente do partido de oposição nesta Casa.”

Renan Calheiros: “Bom que isso esteja sendo dito por Vossa Excelência, candidato à Presidência da República e tem a dimensão do que é a democracia.

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Aécio Neves: “Vossa Excelência desrespeita a democracia.”

Renan Calheiros: “Veja em que conta coloca a democracia. Por isso, deu no que deu, Vossa Excelência perdeu a chance de ser presidente da Republica porque é estrela.”

Aécio Neves: “Perdi de cabeça erguida, olho nos olhos dos cidadãos, falo com a população brasileira e Vossa Excelência perdeu a dignidade desse cargo.”

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Renan Calheiros: “Respeite a Mesa, respeita a mesa e tenha a dimensão da democracia.”

O senador  Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP) criticou Renan Calheiros:  “o que se fez foi tramar uma manobra, foi constituir um bloco de forças políticas nesta Casa, com o objetivo de excluir da Mesa Diretora o PSDB e o Partido Socialista Brasileiro, isso foi o que se fez. Não sei quem fez isso, alguém liderou esse processo. Houve uma questão política grave”.

Com dificuldades de entendimento para a manutenção da regra de proporcionalidade e o surgimento de duas chapas, de governo e de oposição, para a ocupação dos cargos, não houve acordo. A oposição se retirou do plenário e a chapa governista ganhou a eleição como única que se apresentou.

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A chapa vencedora é formada por Jorge Viana (PT-AC) na primeira vice-presidência, Romero Jucá (PMDB-RR) na segunda vice-presidência, Vicentinho Alves (PR-TO) na primeira secretaria, Zezé Perrela (PDT-MG) na segunda secretaria, Gladson Cameli (PP-AC) na terceira secretaria e Ângela Portela (PT-RR) na quarta secretaria. Os suplentes serão os senadores Sérgio Petecão (PSD-TO), João Alberto Souza (PMDB-MA) e Douglas Cintra (PTB-PE).

A chapa apresentada pela oposição, que segue a ordem da proporcionalidade, era composta por Jorge Viana na primeira vice-presidência, Romero Jucá na segunda vice-presidência, Paulo Bauer (PSDB-SC) na primeira secretaria, Ângela Portela na segunda secretaria, Zezé Perrela na terceira secretaria e Antônio Carlos Valadares (PSB-SE) na quarta secretaria.

Reações da oposição
O líder do PSDB, senador Cássio Cunha Lima (PB) acusou Renan Calheiros de estar beneficiando seus aliados. “O presidente Renan fez a opção clara de dividir o Senado e ser presidente apenas dos 49 senadores que o elegeram”, disse o líder, que acusou ainda o presidente do Congresso de fazer “manobra inaceitável e acordo de conchavo e coxia”.

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Depois de bater boca com Renan no plenário, o senador Aécio Neves disse que o presidente do Senado rompeu relações com a oposição. “Infelizmente, o presidente eleito do Congresso Nacional não compreendeu a dimensão do cargo que ocupa, acha que o Senado Federal pode ser instrumento de uma aliança até, quem sabe, para protegê-lo”, disse Aécio, justificando a retirada da oposição da disputa pela Mesa Diretora.

Renan, por sua vez, pediu diversas vezes aos líderes que tentassem acordo, mas disse que não suspenderia a sessão. Ele garantiu que defendia a manutenção do critério de proporcionalidade, mas não poderia interferir, porque o acordo deveria ser feito pelos líderes partidários. “Eu posterguei até hoje a eleição da Mesa do Senado por falta de acordo e entendimento entre os líderes. Quem inscreve a chapa são os líderes, não é o presidente. Se os líderes concordam, faremos a eleição com chapa única. Eu não sei ainda que chapa os líderes inscreveram. Se dependesse de mim, eu inscreveria uma chapa de consenso absoluto, mas essa tarefa não é minha, é dos líderes partidários. Eu quero o entendimento, a conciliação, o consenso”, disse.

Ao fim da sessão, Renan Calheiros abriu o prazo para que os partidos indiquem os nomes dos senadores para ocupar as presidências das comissões, e voltou a apelar para que eles façam isso seguindo o critério da proporcionalidade. Não há ainda data marcada para as votações nas comissões.

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Confira o vídeo da discussão:

Futuro incerto

Os partidos que ficaram de fora da composição da Mesa prometeram intensificar a postura oposicionista como forma de reação à eleição conturbada.

“Estejam preparados, porque vocês vão experimentar o que vocês nunca viram nesta Casa: uma oposição com conteúdo, com preparo e com capacidade de fazer o bom combate”, garantiu Ronaldo Caiado (DEM-GO).

O líder do PSDB, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), prometeu embates duros em todos os temas que chegarem ao Senado e mobilização popular por parte da oposição.

“O presidente escolheu presidir o Senado para apenas 49 senadores que o elegeram. Uma manobra inaceitável. A oposição será sempre a voz de defesa do povo brasileiro que vive uma crise grave. Vamos para as ruas”, prometeu.

João Capiberibe (PSB-AP) analisou que será necessário para seu partido rever a posição de independência — “equidistante da oposição e do governo” — que vinha adotando no Senado.

“Agora nós sabemos que esse gesto de nos excluir da Mesa, é um gesto político. Vamos ter que pedir uma reunião com a Executiva do Partido para que possamos rediscutir essa decisão da independência aqui”, avaliou.

Humberto Costa (PT-PE) não acredita que o incidente possa gerar repercussões duradouras, e confia no entendimento entre os partidos daqui por diante.

“Nós vamos tentar que esse clima se desanuvie. Isso é um episódio que depois de algum tempo é sempre superado. Vamos conversar, vamos discutir, para que o Senado comece a trabalhar de fato” pediu o líder.

(Com Agência Senado e Agência Brasil)

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.