Delator diz que Lula intermediou acordo de propina com empresa de Eike, diz Estadão

Publicação cita novos trechos da delação premiada de Fernando Baiano e diz que ex-presidente quis ajudar OSX em contratos com a Sete Brasil

Rodrigo Tolotti

Publicidade

SÃO PAULO – O jornal O Estado de S. Paulo publicou na noite desta terça-feira (20) novas informações envolvendo a delação premiada do operador de propinas do PMDB Fernando Antonio Falcão Soares, o Fernando Baiano.

Segundo a publicação, o delator afirmou que o ex-presidente Lula se reuniu pelo menos duas vezes com o pecuarista José Carlos Bumlai e com João Carlos Ferraz, então presidente da Sete Brasil – companhia criada pela Petrobras para construção de um pacote de 28 navios-sondas com conteúdo nacional -, para tratar de negócios intermediados por ele, em nome do grupo OSX, do empresário Eike Batista.

Fernando Baiano deu detalhes sobre os encontros realizados em 2011 e que antecederam a cobrança de R$ 3 milhões por Bumlai para supostamente pagar uma dívida de imóvel de uma nora do ex-presidente. O delator dise que as negociações começaram depois de Lula procurar Bumlai para ajudar a OSX a participar do pacote de contratos da Sete Brasil que estava sendo fechado no início do governo Dilma Rousseff.

Continua depois da publicidade

Em sua delação, Fernando Baiano ainda afirmou que comentou com Bumlai “que achava que estavam existindo empecilhos ao fechamento do negócio” da OSX e que “achava que era necessária uma Providência mais incisiva para concretização da negociação”.

Fernando Baiano disse que Bumlai receberia metade da propina paga pela OSX. “Que todo o desenrolar das negociações era repassado pelo depoente para Bumlai”, explicou o delator. “Havia um acerto” com Bumlai “no sentido da divisão da ‘comissão’ devida em razão do negócio”, disse.

Em resposta ao Estadão, o Instituto Lula afirmou que “o ex-presidente não comenta supostos trechos de documentos que estão sob sigilo judicial. Reiteramos que o ex-presidente Lula nunca atuou como intermediário de empresas em contratos, antes, durante ou depois de seu governo. Jamais autorizou que o sr. José Carlos Bumlai ou qualquer pessoa utilizasse seu nome em qualquer espécie de lobby. Não existe a dívida de 2 milhões supostamente mencionada na delação”.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.