B2W se livra de um grande problema, mas rival rouba a cena e ação desaba até 9% na bolsa; entenda

O movimento da companhia na bolsa é acompanhado pelas demais varejistas online: Magazine Luiza e Via Varejo afundam até 7%; já sua controladora, a Lojas Americanas, que também divulgou balanço, cai 5%

Paula Barra

Importante: os comentários e opiniões contidos neste texto são responsabilidade do autor e não necessariamente refletem a opinião do InfoMoney ou de seus controladores

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SÃO PAULO – A B2W (BTOW3) derrubou uma das principais preocupações do mercado em seu balanço do 3° trimestre. Depois de fechar o mesmo período do ano passado com uma queima de caixa de R$ 486 milhões, a dona dos sites Submarino, Americanas.com e Shoptime conseguiu gerar R$ 44 milhões de caixa entre os meses de julho e setembro – o melhor resultado, para o período, nos últimos 4 anos. 

Ainda assim, as ações da companhia caem forte nesta sexta-feira (3). Às 12h58 (horário de Brasília), os papéis da B2W desabavam 6,29%, a R$ 20,85, depois de atingirem na mínima do dia queda de 9,17%, a R$ 20,21. 

O movimento, contudo, não era isolado. As demais varejistas também afundavam hoje na bolsa.  

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Para a controladora da B2W, a Lojas Americanas (LAME4, R$ 16,17, -5,33%), a queda tinha um motor em específico: seu próprio balanço, divulgado na noite da última quarta-feira, que não animou em nada o mercado, em uma combinação de fraco crescimento da receita líquida (+3,7% na comparação anual) e piora no capital de giro (a empresa sempre rodou entre 0 e 10 dias de capital de giro e, neste trimestre, esse ciclo piorou 31 dias, com mais de 16 dias de estoque), comentam os analistas do BTG Pactual.

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Mas o mau humor se estendia também para Magazine Luiza (MGLU3, R$ 62,12, -7,27%) e Via Varejo (VVAR11, R$ 21,61, -4,76%) – lembrando que a primeira reportou balanço essa semana e veio ainda melhor do que as projeções mais otimistas do mercado (veja aqui). 

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O que tira o sono dessas ações?
Segundo o analista Vitor Paschoal, da Perfin Investimentos, embora o balanço da B2W tenha vindo bom, o mercado já tinha antecipado uma geração de caixa um pouco melhor. Mas, além disso, o que pesa sobre os papéis é o forte crescimento da operadora de mercado eletrônico latino-americana MercadoLibre, que divulgou balanço e surpreendeu o mercado com um rápido aumento de receita no terceiro trimestre.

As vendas subiram 61% no período, para US$ 371 milhões, superando a maior estimativa dos analistas. O volume bruto de negócios da empresa ultrapassou a marca de US$ 3 bilhões pela primeira vez.

O mercado teme que essa rápida expansão impacte o crescimento da B2W, roubando seu mercado, comenta o analista. No entanto, ele aponta que não vê muito sentido na queda de Magazine Luiza e Via Varejo, que, para ele, são menos vulneráveis aos avanços do MercadoLibre.

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Na Nasdaq, as ações do MercadoLibre disparavam 11,03%, a US$ 262,18, nesta sexta-feira. 

Tirando o “efeito MercadoLibre”
Olhando exclusivamente para o balanço, sem contar os efeitos do avanço da concorrência, a B2W conseguiu mostrar ao mercado que está bem próxima de deixar sua casa arrumada. 

Para 2018, analistas começam a falar em caixa positivo para a varejista. Nas contas do BTG Pactual, a companhia deve mostrar caixa positivo de R$ 704 milhões no 4° trimestre, o que implicará em uma redução de 53% de queima de caixa em 2017; enquanto para o ano que vem, a empresa já deve entregar um caixa positivo de R$ 20 milhões. O Credit Suisse, por sua vez, fala em caixa positivo somente para 2019, embora também aponte para uma melhora contínua nos números. Para o ano que vem, os analistas do banco comentam que esperam uma queda consistente de queima de caixa, com maiores margens, menor capex (investimentos em bens de capital) e juros mais baixos. 

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Segundo o BTG, a partir de agora, com melhor leitura de fluxo de caixa livre (positivo já ano que vem), a ação pode seguir negociando bem na bolsa. “Vemos espaço para mais potencial de valorização para o papel. A B2W é uma das potenciais vencedoras no e-commerce brasileiro em nossa visão, podendo negociar a múltiplos mais próximos dos pares globais do setor”, comentam. 

No 3° trimestre, a companhia atingiu receita líquida de R$ 1,775 bilhão, queda de 14% quando comparado com o mesmo trimestre de 2016, e Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) ajustado de R$ 159,5 milhões, aumento de 13,1% utilizando a mesma base de comparação. 

“Os números operacionais continuam a indicar que a jornada em transformar a empresa em um e-commerce tradicional para um broker de marketplace está evoluindo”, comentaram os analistas do Credit Suisse. Destaque para as vendas de marketplace, que aumentaram 101% na comparação anual, atingindo 36% do GMV total (‘gross merchandise value’, ou venda bruta de mercadorias próprias). 

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No período, a empresa registrou prejuízo líquido de R$ 88 milhões, redução de quase 40% sobre o resultado negativo de um ano antes; mas um pouco pior do que o esperado pelos analistas consultados pela Bloomberg, que apontavam prejuízo de R$ 79,25 milhões. 

E sobre Lojas Americanas… 

Por outro lado, o balanço da Lojas Americanas deixou a desejar. A empresa entregou um trimestre que deve ficar marcado por um número modesto de vendas, margens estáveis e queima de caixa, comentam os analistas do Credit Suisse.

Para eles, apesar do Ebtida em linha com o esperado (crescimento de 6% na comparação anual), o lucro líquido veio bem abaixo das estimativas. 

A companhia registrou lucro líquido de R$ 23,1 milhões no 3° trimestre, revertendo prejuízo líquido de R$ 70,5 milhões registrado no mesmo período de 2016; mas abaixo também da média projetada pelos analistas consultados pela Bloomberg de R$ 77,4 milhões. 

A receita líquida também decepcionou, alcançando R$ 3,839 bilhões no período, queda de 3,1% frente ao registrado no mesmo trimestre de 2016; e abaixo da projeção de R$ 4,230 bilhões da Bloomberg. Destaque negativo para o crescimento das “vendas nas mesmas lojas” (que considera os pontos abertos há mais de 12 meses), que ficou em 2,5% no período, indicam o BTG e Deutsche Bank.  

Apesar do balanço sem brilho, os analistas do Credit Suisse apontam que a melhora gradual da economia deve ajudar nos próximos trimestres e que o que parece mais importante para o case é que a gestão está bastante focada em melhorar o fluxo de caixa ao invés do Ebitda. “Ainda continuamos com recomendação ‘outperform’ (desempenho acima da média) para o papel e acreditamos que a empresa pode se beneficiar de um modelo de negócios flexível e de alto retorno além um case secular de crescimento para a B2W”, comentam.

As ações da B2W e Lojas Americanas são duas das quatro novidades da Carteira InfoMoney do mês de novembro, que será revelada na próxima quarta-feira (8/11) às 14h45 horário de Brasília na InfoMoneyTV.  Os alunos do curso “Como montar uma carteira de ações vencedora” já receberam a carteira no dia 31 de setembro. Não conhece o curso? Clique aqui!

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