Eurasia eleva chance de Dilma não terminar mandato para 75%

Gravações, que parecem mostrar Dilma oferecendo cargo a Lula para oferecer imunidade contra risco de prisão, minam capacidade de formar uma coalizão anti-impeachment no Congresso

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A consultoria de risco político Eurasia Group elevou de 65% para 75% as chances da presidente Dilma Rousseff não terminar mandato. 

Conforme destacam o chefe de análise Christopher Garman e o diretor João Augusto de Castro Neves, as gravações divulgadas na noite de ontem (16)  – que parecem mostrar Dilma oferecendo cargo a Lula para oferecer imunidade contra risco de prisão -, minam a capacidade de formar uma coalizão anti-impeachment no Congresso.

A consultoria ressalta que a gravação do telefonema com Dilma pode abrir margens a interpretações, mas as conversas com Jaques Wagner (até então ministro da Casa Civil) e sobre o ministro da Fazenda, Nelson Barbosa, também não ajudam. Enquanto os méritos legais de tais escutas sendo divulgadas podem ser contestados, o prejuízo político está feito. 

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Desta forma, a repercussão imediata é que o impeachment ganhe impulso no Congresso, enquanto Lula assumiu como ministro em uma posição muito débil. 

A Eurasia espera que votação do impeachment no Congresso ocorra no início de maio e afirmam que é difícil que, no atual cenário, Dilma consiga conquistar pelo menos 80 deputados de partidos mais centristas para evitar a sua saída. As deserções de partidos vão se acelerar com o que ocorreu na última quarta. A liberação dos grampos gerou protestos em diversas cidades e deve crescer nos próximos dias e semanas, aponta a consultoria. 

A última cartada do PT e de Lula que pode ser usada, afirma a Eurasia, é politizar as investigações e acusar Moro de cometer ilegalidades, além de convencer o PMDB que o processo da Lava Jato é uma ameaça igual para a liderança. Lula e o PT tentarão convencer a legenda que a melhor alternativa é uma presidente fraca. Porém, Dilma está ficando sem opções, o que eleva as chances de impeachment. 

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Ao refletir sobre um eventual – e agora mais provável – governo Temer, é possível que ele tenha algum respiro e consiga promover um governo em parceria com o PSDB, mas muito ainda dependerá de novas revelações da Operação Lava Jato, e como ela poderá comprometer o PMDB e Temer. 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.