Após alta de 2.500 pontos em 6 pregões, Ibovespa “estaciona” nos 65 mil pontos digerindo anúncio do governo

No exterior, destaque para o PIB dos EUA, que ficou levemente acima do esperado e para a fala de dirigentes do Fed

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após alta de 2.500 pontos em 6 pregões, o Ibovespa abriu com ganhos nesta sessão, mas amenizou para leve queda, repercutindo o anúncio do governo Michel Temer em cortar gastos, ao mesmo tempo em que a nova derrota na Câmara liga o sinal de alerta sobre o rumo da reforma da Previdência (veja mais clicando aqui). A virada do petróleo para leve alta nesta sessão ajuda a reforçar os ganhos para os papéis da Petrobras. Às 10h22 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,13%, a 65.442 pontos. 

De acordo com economistas, o anúncio do governo ficou amplamente em linha com as expectativas do mercado. “A julgar pelo forma como se dava por certo o uso de impostos para cobrir o buraco, a solução usada não parece que tenha eliminado o problema, mas postergada a decisão”, destaca o economista Guilherme Attuy, da XP Investimentos.

Atenção ainda para o (Relatório Trimestral de Inflação) divulgado pelo BC, que praticamente sacramentou uma queda de juros na ordem de 1 ponto percentual na próxima reunião do Copom (veja a análise clicando aqui). 

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Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 avançavam 4 pontos-base, a 9,85%, enquanto os DIs com vencimento em janeiro de 2021 subiam 3 pontos-base a 9,89%, possivelmente sinalizando a correção de parte do mercado que apostava em um corte de 125 pontos-base na próxima reunião do Copom. Reforçando o call de juros, o IBGE divulgou uma surpresa negativa do varejo, com baixa de 0,7% nas vendas ante expectativa de alta de 0,5% o que, segundo a XP, sanciona a intensificação do corte da Selic para 1 ponto percentual. Já os contratos de dólar futuro com vencimento em abril deste ano avançavam 0,19%, sinalizando cotação de R$ 3,129. 

Atenção ainda para o movimento após um revés do governo, que deve aumentar a cautela dos investidores. Na última quarta-feira, por quatro votos, o Plenário da Câmara dos Deputados rejeitou a proposta de emenda à Constituição (PEC) 395/14, que autoriza universidades públicas e institutos federais a cobrar por cursos de extensão e pós-graduação lato sensu (especializações). Foram 304 votos favoráveis e 139 contrários, mas eram necessários 308 votos “sim” para aprovar a proposta, que agora será arquivada, conforme destaca a LCA Consultores em relatório. O texto tinha sido aprovado em primeiro turno em fevereiro de 2016, com 318 votos favoráveis e 129 contrários. “O governo tinha orientado sua bancada para que votasse a favor dessa proposta. Essa derrota aumentará a incerteza com a PEC da Reforma da Previdência Social”, aponta a LCA. 

Por outro lado, um ministro palaciano minimizou o placar de ontem, segundo o Estadão. Segundo ele, a PEC não foi enviada pelo governo e, portanto, não há que se falar em derrota. Tanto, complementou, que o líder do governo na Câmara, Aguinaldo Ribeiro, não estava no plenário.

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Cenário externo

No exterior, o PIB dos EUA, que era aguardado nesta manhã, não causou grande surpresas, registrando alta de 2,1% no quarto trimestre, ante expectativa de 2%. O mercado ainda espera pelas falas dos presidentes regionais do Fed Robert Kaplan, de Dallas, às 12h, e John Williams, de São Francisco, às 12h15. Às 22h, saem os PMIs Industrial e de Serviços da China. 

Além disso, o mercado digere os primeiros passos para a saída do Reino Unido da União Europeia e a sinalização dada pelo BCE (Banco Central Europeu) de que não vai alterar a sua estratégia de política monetária.

Destaques da Bolsa

Em um dia de leve queda para o minério de ferro, com Qingdao em queda de 0,57% e Dalian em baixa de 0,53%, Vale e siderúrgicas são o destaque de baixa da Bolsa. Já entre as maiores altas, destaque para a Klabin, que sobe mais de 1% após ter a recomendação elevada para outperform pelo Itaú BBA. 

As maiores baixas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 CSNA3 SID NACIONALON 9,55 -1,55 -11,98 5,43M
 BRAP4 BRADESPAR PN 21,96 -1,13 +47,88 1,62M
 BRKM5 BRASKEM PNA 31,87 -0,99 -6,95 1,60M
 GOAU4 GERDAU MET PN 5,07 -0,98 +5,63 2,91M
 JBSS3 JBS ON 10,39 -0,86 -8,86 2,27M

As maiores altas dentre as ações que compõem o Ibovespa são:

Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 KLBN11 KLABIN S/A UNT N2 14,78 +1,58 -15,81 5,00M
 SUZB5 SUZANO PAPELPNA 12,66 +1,44 -10,85 1,71M
 FIBR3 FIBRIA ON 27,55 +1,14 -13,61 639,12K
 ELET3 ELETROBRAS ON 17,30 +0,87 -24,16 380,92K
 ENBR3 ENERGIAS BR ON 13,81 +0,80 +3,06 328,25K
* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)

 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.