Pior ação do Ibovespa no ano pode ser uma boa oportunidade – se você investir como Buffett

Equipe de análise do BTG Pactual"admite erro" com ação da Fibria, mas explica por que ainda recomenda compra

Lara Rizério

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SÃO PAULO – A melhor ação da Bolsa em 2015 é a pior deste ano, em meio a uma “tempestade perfeita” entre o dólar e os preços de celulose. Muitos analistas perderam esse forte movimento de queda e passaram a cortar a recomendação para as ações da companhia quando os papéis já registravam uma queda de mais de 50%. Porém, para quem ainda está no papel, vale a pena deixar o investimento? Depende de como você investe, diz o BTG Pactual em relatório. 

Em relatório, os analistas do BTG Pactual fazem basicamente com um mea-culpa ao falarem sobre não ter projetado a perspectiva de queda para as maiores derrocadas da Bovespa neste ano: as ações do setor de papel e celulose. Se elas foram as “queridinhas” do ano passado, este ano elas são destaque de queda. Fibria (FIBR3) despenca 62% no acumulado de 2016, enquanto Suzano (SUZB5) tem baixa de 46% e Klabin tem queda menor, de 32%.

Os analistas Leonardo Correa e Caio Ribeiro disseram ter errado nas projeções de câmbio e do preço da celulose no ano – dois fatores cruciais para as companhias do setor -, provocando uma forte correção nestas empresas que estavam muito “apreciadas” no mercado. Apesar do erro nas variáveis, a dupla acredita ser tarde demais para fazer a revisão de recomendação, principalmente pelos preços atuais dos papéis indicarem uma grande barganha para investidores com horizonte de investimento de longuíssimo prazo – os famosos “value investors”. Um dos maiores exemplos de investidores nesta área é o “Oráculo de Omaha” Warren Buffett. 

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As novas projeções de Correia e Ribeiro indicam um dólar a R$ 3,30 este ano e R$ 3,80 para o ano que vem, além de um preço da celulose a US$ 650 a tonelada, o que parece conservador aos olhos deles.

Com isso, o preço-alvo das ações da Fibria despencou de R$ 46,00 para R$ 28,00. Mesmo com esse drástico corte, o novo “target” embute um potencial de quase 50% de alta para os papéis FIBR3 – e, por isso mesmo, a recomendação de compra é mantida. “Reconhecemos que, embora a Fibria seja o nome mais exposto em nossa cobertura às flutuações do real e à celulose, ainda vemos um upside atrativo tendo em base as previsões para o câmbio e para a commodity”. Na visão dos analistas do BTG, os preços atuais das ações só se justificariam com um dólar abaixo de R$ 3,00, o que faz da empresa uma história “desafiadora” no curto prazo, mas interessante para os “value investors”. 

No entanto, a preferida do BTG no setor de P&P (Pulp and Paper) é a Klabin (KLBN11). O preço-alvo dela caiu apenas de R$ 20,00 para R$ 19,00 por unit, pelo fato da empresa ser menos exposta ao dólar, com a alavancagem sob controle, além da perspectiva de valorização sobre o projeto Puma (o principal projeto da empresa, inaugurado neste ano) ainda não estar inteiramente precificado no ativo.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.