Em conversa gravada, Renan defende mudar a lei de delação premiada, diz Folha

Presidente do Senado diz que presos deveriam ser impedidos de delatar e afirma que os políticos todos "estão com medo" da Lava Jato

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após o caso Romero Jucá, foram divulgadas gravações do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado com o presidente do Senado Renan Calheiros (PMDB-AL), como já havia sido noticiado que iria ocorrer. Entre os destaques da conversa, divulgada pelo jornal Folha de S. Paulo, Renan afirma que apoia uma mudança na lei que trata da delação premiada de forma a impedir que um preso se torne delator. Os diálogos foram gravados por Machado a partir de março, mas a data da conversa com o presidente da Casa não foi revelada. 

No diálogo divulgado pelo jornal, Sérgio Machado sugere ainda  “um pacto” que seria “passar uma borracha no Brasil”. Renan responde: “antes de passar a borracha, precisa fazer três coisas, que alguns do Supremo [inaudível] fazer. Primeiro, não pode fazer delação premiada preso. Primeira coisa. Porque aí você regulamenta a delação”.

O ex-presidente da Transpetro ainda pergunta para Renan o motivo pelo qual a Dilma não “negocia” com integrantes do STF. O senador responde “porque todos estão putos com ela”. Para Renan, os políticos todos “estão com medo” da Lava Jato. “Aécio [Neves, presidente do PSDB] está com medo. [me procurou] ‘Renan, queria que você visse para mim esse negócio do Delcídio, se tem mais alguma coisa'”, contou Renan, em referência à delação de Delcídio do Amaral (ex-PT-MS), que fazia citação ao senador tucano.

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Em resposta enviada à Folha, Renan Calheiros afirmou que “os diálogos não revelam, não indicam, nem sugerem qualquer tentativa de interferir na Lava Jato ou soluções anônamalas”. “E não seria o caso, porque nada vai interferir nas investigações.” Em relação a Aécio, ele afirmou que “se desculpa porque se expressou inadequadamente. Ele se referia a um contato do senador mineiro que expressava indignação –e não medo– com a citação do ex-senador Delcídio do Amaral.”

Já a assessoria do STF informou que o presidente do tribunal, Ricardo Lewandowski, “jamais manteve conversas sobre supostas ‘transição’ ou ‘mudanças na legislação penal’ com as pessoas citadas”. Já a Executiva Nacional do PSDB informou que vai “acionar na Justiça” o ex-presidente da Transpetro. A sigla diz ser “inaceitável essa reiterada tentativa de acusar sem provas em busca de conseguir benefícios de uma delação premiada”. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.