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SÃO PAULO – Em newsletter sobre América Latina divulgada nesta sexta-feira, o Financial Times classificou a aprovação da PEC do teto de gastos em primeiro turno na Câmara como um milagre realizado pelo impopular presidente Michel Temer, uma vez que a proposta trata sobre a contenção de gastos pelos próximos 20 anos. Em matéria desta semana, a publicação já havia destacado que o presidente brasileiro, com as políticas pró-mercado, tinha alçado o Brasil a favorito entre os emergentes.
“O presidente do Brasil Michel Temer pode muito bem ser o homem mais impopular do país. Promovido ao cargo na sequência de um processo de impeachment questionável, o peemedebista de 76 anos é amplamente conhecido por sua impressionante semelhança com o Conde Drácula do ator Bela Lugosi e pelo uso de frases dolorosamente formais. Em seu tempo livre, ele gosta de compor poesias um tanto piegas, principalmente dedicado a sua esposa ou “musa” – uma ex-miss de 33 anos. Mesmo o seu nome não trabalha a seu favor – Temer significa ‘medo’ em português”, explica a correspondente do jornal, Samantha Pearson.
Contudo, ela destaca que, apesar do baixo índice de popularidade, “Temer realizou nada menos que um milagre esta semana, ao persuadir o Congresso a conter os gastos durante as duas próximas décadas”, aponta o jornal, ressaltando que a aprovação em primeiro turno da medida por uma larga margem (366 votos de deputados ante os 308 necessários) sugere que Temer terá o apoio para avançar com outras reformas fiscais ambiciosas.
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Samantha Pearson destaca ainda o caso Petrobras, lembrando que a nova administração está ocupada tentando reparar os danos causados após anos de intervenção do governo e de corrupção. “Em uma entrevista esta semana ao Financial Times, o CEO Pedro Parente disse ter afirmado a Temer que só aceitaria o cargo com três condições: se ele pudesse contratar gerentes na Petrobras por mérito, se a racionalidade econômica ditasse a estratégia comercial e se ele tivesse autorização para gerenciar a espinhosa questão dos preços da gasolina. Temer aparentemente concordou em todos os três. A nova estratégia parece estar dando resultado, com as ações da companhia subindo 80% desde maio, quando Parente assumiu o cargo”, ressalta a publicação.
Em meio a esse cenário, Samantha ressalta que, talvez, essas boas notícias possam ajudar a impulsionar o índice de aprovação do “vampiro”. Porém, em tom de brincadeira, ressalta que as boas-novas podem não ser boas para os esforços literários de Temer, citando o poema “Assintonia”, escrito pelo presidente. “Falta-me tristeza. Instrumento mobilizador Dos meus escritos. Não há tragédia À vista. Nem lembranças De tragédias passadas. Nem dores no presente. Lamentavelmente Tudo anda bem. Por isso Andam mal Os meus escritos”, escreveu ele, em poema citado pela correspondente do jornal.