Para FHC, ainda é cedo para 2018, mas João Doria e Luciano Huck são o “novo”

Em entrevista à Folha de S. Paulo, ex-presidente ainda fez uma avaliação sobre o governo Temer e sobre a ascensão de Lula nas pesquisas eleitorais

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em entrevista ao jornal Folha de S. Paulo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ser “muito cedo” para falar em candidaturas ao Palácio do Planalto em 2018. Contudo, ao ser questionado sobre o prefeito de São Paulo, João Doria, que passou a ser uma “tábua de salvação” para o PSDB em meio aos grandes nomes do partido sendo atingidos pela Operação Lava Jato, o tucano afirmou que nomes como Doria e o apresentador de TV Luciano Huck “são o novo”. 

“O PSDB, ao contrário do que dizem, sempre teve muitos quadros. Sempre tivemos três, quatro possíveis candidatos. A questão é que o sistema político brasileiro não favorece a formação de líderes nacionais. Fora de campanhas, quem aparecia nacionalmente? O ex-presidente, o presidente e um ou outro candidato a presidente. Quando alguém chamava atenção? Só os mais bizarros conseguiam. Isso agora mudou, está mudando. O Doria está fora [desse esquema anterior], o Luciano Huck está fora. Eles são o novo porque não estão sendo propelidos pelas forças de sempre. Temos de ver como isso se desenrola. Eu hoje acho cedo perguntar quem vai ser candidato. Temos de ver como o processo anda, como a sociedade está absorvendo todo o impacto da Lava Jato”, afirmou.

Ao ser perguntado sobre o governo de Michel Temer, FHC afirmou que o presidente “entendeu que o papel dele ou é histórico ou é nenhum”. “A sua força está no Congresso, que está numa circunstância muito difícil devido à questão da Lava Jato. Todos, a oposição, o PT, o meu partido, foram atingidos. Mas o balanço é positivo. Veja, o governo vive uma crise herdada, assumindo uma massa falida. Às vezes, ele não tem tempo de se beneficiar dos avanços. Às vezes, tem. Vamos ver”, apontou.

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De acordo com FHC, o PSDB não errou ao entrar no governo. “Era inevitável a entrada. Se não entrássemos, seríamos acusados de irresponsabilidade. Seríamos criticados de qualquer modo, mesmo se ficássemos de fora. Sempre há um preço a pagar. Eu posso, de toda maneira, fazer um comentário quase cínico: a eleição é só daqui a um ano e meio. Isso não significa que vamos apoiar, como partido político, ou fazer uma reforma qualquer. Não faremos. Por exemplo, a proposta de um deputado do meu partido [Nilson Leitão, do Mato Grosso] de mexer com as relações trabalhistas rurais, aquilo é uma loucura [a ideia aventada permite algo que críticos chamam de trabalho escravo legalizado, com pagamento na forma de alimentação e estadia]. Não pode ser assim”. 

Sobre a ascensão de Lula nas pesquisas eleitorais, o ex-presidente afirmou que é um pouco estranho, apontando que “o PT virou o Lula”. ” Isso é ruim para ele, é ruim para o partido. E o Lula perdeu a classe média e o pessoal do dinheiro, isso não volta mais. A credibilidade está muito arranhada. Fora isso, nós temos de pensar que ainda haverá a pressão da campanha, os temas da campanha, se ele for candidato e se chegar ao segundo turno”. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.