Lula e Dilma favorecidos, Joesley “canalha” e PSDB longe da base: confira o resumo político desta sexta-feira

Ex-presidente "pega pesado" com empresário da JBS em congresso nacional da sigla; além disso, novo ministro da Justiça afirma que Temer não foi acusado

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Além de Michel Temer, o radar político desta sexta-feira (2) reserva seus holofotes para as principais figuras do PT. Lula avalia que Temer ganhou sobrevida política e chama Joesley Batista de “ladrão” depois do empresário apontar que o ex-presidente e Dilma Rousseff foram favorecidos em contas na Suíça. Segue também o impasse sobre a manutenção do PSDB na base do governo e parece estar cada vez mais próxima a prisão do ex-assessor especial de Temer. Isso tudo e muito mais no giro político desta:

Canalha!

Na abertura do sexto Congresso Nacional do PT, em Brasília, na noite da última quinta-feira (1), o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou o empresário Joesley Batista, da J&F, de “canalha”. Em delação premiada, Joesley disse que pagou propina no valor de US$ 150 milhões para Lula e Dilma Rousseff por meio de contas no exterior.

“Um canalha de um empresário diz que fez uma conta no exterior pra mim e pra Dilma, mas a conta está no nome dele e ele que mexe na grana [plateia ri]. Tá na hora de parar de palhaçada, que o país não aguenta mais viver nessa situação, nesse achincalhamento”, completou.

Temer ganhou sobrevida

Falando ainda do ex-presidente, Lula e a cúpula do PT acreditam que Michel Temer pode ganhar sobrevida política já que está respondendo à altura às denúncias. Na visão de Lula, mesmo em situação crítica, o atual presidente tem conseguido unir forças, enquanto seu partido precisa de uma bandeira para reconquistar a confiança da sociedade.

Em busca de apoio

Ainda falando sobre o Partido dos Trabalhadores, segundo matéria do O Estado de S Paulo, o deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara e um dos nomes favoritos para assumir a presidência caso ocorra a eleição indireta, está buscando apoio na base aliada e até mesmo procurou os caciques do PT. De acordo com petistas, Maia foi em busca de diálogo com Lula, que não aceitou em um primeiro momento.

“Temer não foi acusado”

Em entrevista ao jornal O Globo, o novo ministro da Justiça, Torquato Jardim, afirmou que a ação contra Temer pode cair ainda na fase preliminar. “Temer não foi acusado. Há uma suposição da oposição”, afirmou Jardim, que acredita que a investigação criminal é um problema político, não jurídico.

Vai ou não vai PSDB?

E as especulações sobre a permanência do PSDB na base aliada não param de crescer. Segundo matéria do O Globo, o Planalto já está colocando na conta a saída de tucanos da base aliada na próxima semana, em linha com os rumores que circulam desde quarta-feira. Como vem sendo dito, essa iniciativa parte dos parlamentares mais jovens do partidos.

Na cola de Loures

O procurador-geral da República, Rodrigo Janot, solicitou ao STF (Supremo Tribunal Federal) um novo pedido de prisão preventiva para Rodrigo Rocha Loures (PMDB-PR), segundo recurso impetrado na última quinta-feira. Janot pediu que Edson Fachin reveja a decisão tomada há duas semanas, pois é “imprescindível para a garantia da ordem pública e da instrução criminal”. De acordo com o jornal Folha de S. Paulo, o Planalto acredita que Fachin deve atender o pedido de prisão do ex-assessor especial de Temer.

Nunca é demais lembrar: Loures é o ex-assessor especial de Temer e foi flagrado carregando uma mala com R$ 500 mil em propina. Na terça-feira, ele esteve novamente nos holofotes, já que, com a recusa de Osmar Serraglio para ocupar o ministério da Transparência, Loures poderia perder o foro privilegiado.

Foro privilegiado

E por falar em foro privilegiado, na última quinta-feira, o ministro do STF, Alexandre de Moraes, pediu vista do julgamento que pode restringir o foro privilegiado para autoridades, como deputados e senadores. Não há data para o julgamento ser retomado.

Até o pedido de vista, já haviam votado pela restrição do foro o relator do caso, Luís Roberto Barroso, Marco Aurélio Mello, Rosa Weber e Cármen Lúcia. A alteração da regra depende de 6 votos dentre os 11 ministros que fazem parte do STF.

Copom não agradou

De acordo com a colunista do Valor Econômico, Claudia Safatle, a intensão do Copom (Comitê de Política Monetária) em reduzir o ritmo de corte da Selic não agradou o governo, ainda mais pela justificativa, que leva em conta o caos político. Além disso, esse tipo de conduta não está de acordo com a agenda positiva proposta por Michel Temer. Segundo o Estadão, o governo quer ministros usando indicadores econômicos como argumento para manutenção do presidente, principalmente após o PIB (Produto Interno Bruto) do primeiro trimestre, que marcou o fim da recessão.

“Não acredito mais em reforma”

Por fim, em entrevista, Roberto Brant, um dos interlocutores frequentes de ministros próximos a Temer e ex-ministro da Previdência no governo Fernando Henrique, destacou que “não acredita mais na reforma da Previdência”, inclusive prevê um “desastre fiscal”.