Para investidores estrangeiros, Michel Temer nunca erra, diz colunista da Forbes

"Apesar de toda a crise política, investidores não estão assustados", afirma. Colunista ainda diz que o Brasil está ficando um pouco melhor: "desculpe, Dilma. Desculpe, PT"

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Para os estrangeiros (com especial menção a Wall Street), Michel Temer nunca está errado. Pelo menos é o que afirma o colunista da Forbes Kenneth Rapoza em artigo da última terça-feira (13).

De acordo com ele, os Estados Unidos e o Brasil parecem orbitar no mesmo buraco negro, destacando os protestos contra Donald Trump e Michel Temer em seus respectivos países. ”O presidente Temer deixou sindicatos, ativistas progressistas e celebridades com medo de que a democracia tenha sido ‘usurpada’ por um golpe de direita nojento e misógino. O céu parece estar estar desabando. E, no entanto, Wall Street nem se importa”, diz a publicação, que completa: “apesar de toda a crise política, investidores não estão assustados”.

De acordo com o artigo, “é como se Temer não pudesse fazer nada de errado”: ele foi absolvido (sem merecer, diz a Forbes) pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral) em meio às suspeitas de financiamento ilegal na campanha da chapa Dilma Rousseff-Michel Temer em 2014. Na avaliação de Rapoza, é provável que ele continue até o fim do seu mandato, que se encerra em janeiro de 2019.  “Salvo uma divisão dentro da coalizão do Congresso entre o PMDB e o PSDB, é improvável que as acusações de impeachment barrem o seu caminho”, diz o colunista.

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Rapoza lembra que Temer foi pego recentemente em uma conversa gravada por Joesley Batista sugerindo aval para pagar Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de modo a fazer com que o ex-deputado mantivesse silêncio. Neste cenário, ele faz mais uma comparação de Temer com Trump, que também enfrenta uma crise com as declarações do ex-diretor do FBI, James Comey, apontando que o presidente americano pediu a ele para barrar investigações envolvendo a Rússia.

Porém, ‘dinheiro estrangeiro está sendo investido no Brasil mesmo que a situação pareça negativa. Esta é uma situação bem diferente do que acontecia na crise do ano passado, em torno Dilma Rousseff. Ela acabou sendo cassada por uma questão técnica e Temer se tornou presidente. O mercado sofreu no final de 2015 por preocupação de que a crise na Petrobras e de Dilma não teriam fim. Porém, quando ficou claro que os dias de Dilma no governo estavam contados, o Brasil disparou. Ele foi o país com melhor desempenho no ano passado entre os BRICs, um dos melhores mercados de ações para ganhar dinheiro em 2016”, diz.

E, conforme ressaltam economistas e gestores ouvidos pela revista, um dos motivos para a confiança maior ocorre em meio à confiança com as reformas empreendidas pelo peemedebista, apesar da crise política. 

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A Forbes afirma que a oposição continua pressionando o Congresso para aprovar uma Reforma da Previdência diluída, enquanto funcionários públicos querem “continuar se aposentando com 50 anos”. O colunista também aponta que o ex-presidente Lula, bastante implicado na Lava Jato e atualmente com um discurso nada alinhado ao ajuste fiscal, pode não concorrer à eleição presidencial do ano que vem. Contudo, continua altamente popular, uma vez que foi no seu governo que o País registrou um grande boom econômico. 

Contudo, Rapoza lembra a aprovação da PEC que limita os gastos no final do ano passado pelo Congresso, não permitindo que os gastos do governo subam acima da inflação. A reforma da Previdência e as leis que regem o salário mínimo fazem parte do pacote que tornarão essa medida possível de ser cumprida, diz o colunista. “Se será Temer ou não, quem estiver no poder terá que lidar com essa nova emenda constitucional – e mudar a constituição sobre essa questão não será tão fácil”, afirma. 

“Pensamos que o Brasil está no caminho do crescimento no próximo ano”, destacou Mark Mobius, conhecido como “guru dos emergentes” e especialista em mercados emergentes da  Franklin Templeton. Segundo Mobius, o movimento anti-corrupção no Brasil levará a mudanças no governo para evitar novos problemas fiscais no futuro.

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Brasil está melhorando (um pouco)

“O Brasil está ficando um pouco melhor. Desculpe, Dilma. Desculpe, PT”, diz o colunista. No front econômico, Rapoza destaca a queda da inflação, que é vista como “boa para todos”. E, de acordo com a consultoria britânica Ashmore Group, a inflação deve continuar a cair.

Neste cenário, “a combinação de uma perspectiva de crescimento moderado em meio à queda das taxas de inflação, também conhecidas como ‘goldilocks’  é obviamente muito benigna para os mercados de renda fixa”, diz a Ashmore. Segundo ela, os títulos do Brasil são atraentes por apresentar altos rendimentos – ao contrário dos EUA.

Segundo Rapoza, além da queda dos custos de capital, o desenvolvimento mais importante foi a absolvição de Temer (e Dilma) no TSE. “Se esse tribunal julgasse o contrário, Temer seria forçado a se afastar, sendo que outros investigados estariam na sua linha sucessória (…). A absolvição não significa que a perspectiva política seja inteiramente clara”, afirma ele, apontando que novas manchetes podem desestabilizar novamente o governo. 

O destino de Temer é importante para os mercados porque as reformas econômicas dependem principalmente de seu capital político, aponta o colunista. Neste sentido, destaca a Ashmore, o mercado está de olho no impacto da crise na aprovação de reformas. “Mas, se as fortunas políticas do presidente continuarem a recuperar, poderia haver um potencial de valorização adicional”.

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.