Rodrigo Maia muda o tom sobre governo e pode ser decisivo para o futuro de Temer

Interlocutores sustentam que o deputado estará preparado para uma eventual transição, mas não vai agir para derrubar o presidente

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Enquanto alguns governistas adotam o clima do “já ganhou” para esfriar os avanços da denúncia apresentada por Rodrigo Janot contra o presidente Michel Temer, encaminhada pelo Supremo Tribunal Federal para avaliação da Câmara dos Deputados, o advogado do peemedebista prefere posição mais defensiva e diz que o Planalto terá de se esforçar jurídica e politicamente para evitar o pior.

Em meio a essa divisão de posições, parlamentares aliados membros da Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania, responsáveis pela primeira análise da peça, que também passará por deliberação em plenário, evitam manifestar apoio ao governo. É difícil encontrar deputado imediatamente disposto a votar contra o avanço da ação penal por corrupção contra o presidente, que poderá afastá-lo do cargo por até 180 dias e levá-lo a julgamento pelo pleno do STF.

Juntamente com um ambiente de parlamento mais refratário, o presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), também imprime uma sutil mudança de tom. Em entrevista ao jornal O Estado de S. Paulo na sexta-feira, o parlamentar tido como o principal fiador do governo no Legislativo adotou posição mais distanciada: “O presidente da Câmara é presidente da Câmara, não de um governo. Não cabe ao presidente da Casa cumprir o papel de defensor de uma agenda porque essa não é uma agenda da Casa. Meu papel no caso da denúncia é ser o árbitro desse jogo. Não é ser defensor de uma posição ou de outra. Não tem como ter uma posição nem para um lado nem para outro”.

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Rodrigo Maia é o primeiro na linha sucessória do presidente Michel Temer nesse momento. Caso o plenário da Câmara autorize a abertura de processo contra o peemedebista, por quórum mínimo de 2/3, e o pleno do Supremo ratifique a posição, é ele quem assume temporariamente o posto máximo da República por até 180 dias. Se Temer acabar cassado do cargo, Maia tem a responsabilidade de convocar eleições.

Interlocutores ouvidos pela mesma reportagem d’O Estado de S. Paulo sustentam que o deputado estará preparado para uma eventual transição, mas não vai agir para derrubar o presidente. Desde a apresentação da denúncia contra o peemedebista, Maia manteve posição ambígua de mostrar lealdade ao governo e ao mesmo tempo permitir manifestações de opositores, membros do baixo clero e grupos mais próximos a ele a favor da abertura do processo.

Também foi o presidente da Câmara que esfriou a estratégia do governo de votar em globo todas as denúncias que forem apresentadas por Rodrigo Janot — atualmente são esperadas três. Segundo Maia, cada peça terá uma votação própria em plenário. Desde a apresentação da primeira denúncia contra Temer, o deputado evitou aparecer ao lado do presidente.

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Para alguns personagens como o deputado Vicente Cândido (PT-SP), relator da reforma política na casa, Maia “quer ser presidente”, “mas não vai fazer campanha”. Entre costuras e descosturas, arranjos e desarranjos, o xadrez que envolve o presidente da Câmara dos Deputados pode ser decisivo para o futuro do governo Michel Temer. Perder o apoio de seu principal aliado no Legislativo pode ser fatal.

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.