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SÃO PAULO – A crise no governo Michel Temer foi temporariamente ofuscada em meio à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pelo juiz Sérgio Moro. Contudo, as articulações em decorrência da crise política seguem no noticiário.
Nesta quinta-feira, duas notícias sobre a possível sucessão do peemedebista são destacadas pelos jornais O Estado de S. Paulo e Folha de S. Paulo, com tons um tanto diversos sobre a possibilidade do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), assumir a cadeira de Temer.
De acordo com o jornal O Estado de S. Paulo, mesmo tendo em vista a possibilidade de assumir o Planalto caso Maia seja alçado à presidência, o DEM tem evitado a discussão sobre se fica ou sai da base aliada por dois motivos. O primeiro deles é que dirigentes do partido gostam pessoalmente de Temer. Já o segundo motivo é mais pragmático: a cúpula partidária considera que ainda não há clima político para a queda. Para a cúpula, se quiser, Maia consegue destituir Temer, mas precipitar a troca soaria como golpe e beneficiaria apenas o PT, apesar da fragilidade do partido com a condenação de Lula por Sérgio Moro.
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Além disso, a situação de Rodrigo Maia também pesa uma vez que, caso ele assuma o governo, pela lei eleitoral o único cargo ao qual poderia se candidatar seria o de presidente em 2018. E dificilmente teria apoio do PSDB e PMDB para isso.
Em uma linha diferente, a coluna de Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, ressalta que Maia já busca convencer líderes políticos de que não será candidato à reeleição caso substitua Temer no cargo, de forma a diminuir a resistência de outros presidenciáveis a seu nome. Ele chegou a dizer, segundo a colunista, que sua prioridade será eleger o pai, Cesar Maia, ao governo do Rio – o que o impediria até mesmo de assumir a Presidência de forma definitiva para não tornar o parente inelegível. Porém, “quase ninguém acredita na conversa”, afirma a colunista. Maia teria três opções caso fosse eleito presidente pela via indireta: sair já em abril para concorrer a outro cargo, como exige a lei; não concorrer a nada, como promete; ou tentar se reeleger, o que todos consideram líquido e certo, segundo Mônica Bergamo.
Enquanto isso, o DEM articula uma mudança na lei que antecipe, de abril de 2018 para dezembro, a possibilidade de parlamentares trocarem de partido sem perder o mandato. Com isso, a legenda já poderia sonhar em liderar uma sigla de pelo menos 50 deputados. E o número de adesões ao novo partido pode dobrar caso ele assuma a Presidência, chegando a cem parlamentares, segundo cálculos do partido e de Maia.