Os 5 assuntos que vão agitar os mercados nesta terça-feira

Confira em que se atentar na abertura do mercado brasileiro

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Uma coletiva de imprensa inesperada, convocada na véspera pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, tende a trazer novas movimentações ao mercado brasileiro. Nela, foi anunciada uma possível revisão do acordo de delação premiada firmado com executivos do grupo J&F, o que pode colocar sob questionamento provas obtidas e enfraquecer politicamente a próxima denúncia contra o presidente Michel Temer. Para o governo, a notícia traz um alívio, mas a agenda promete muita agitação com a necessidade de se avançar e concluir a votação da TLP até amanhã. O mercado também observa com atenção indicadores econômicos importantes ao redor do mundo, além do noticiário corporativo.

Confira ao que se atentar neste pregão:

1. Bolsas mundiais

O nível de tensão gerado por um novo teste nuclear norte-coreano se dissipa aos poucos pelo mercado, com os principais índices do mercado acionário europeu operando entre a estabilidade e alta moderada em um dia marcado pela divulgação de importantes indicadores econômicos, ao passo que na Ásia o japonês Nikkei e o índice de Xangai registraram movimentos opostos. Na segunda maior economia do mundo, os dados do PMI de Serviços Caixin mostraram elevação para 52,7 em agosto, ante expectativas de 51,5. Os mais recentes indicadores chineses têm trazido ânimo aos investidores.

Às 7h55 (horário de Brasília), este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) -0,06%

*FTSE (Reino Unido) -0,08%

*DAX (Alemanha) +0,45% 

*Hang Seng (Hong Kong) 0,00% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) +0,16% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,63% (fechado)

*Petróleo WTI +1,37%, a US$ 47,94 o barril

*Petróleo brent +0,65%, a US$ 52,68 o barril

2. O tiro pela culatra de Janot

O procurador-geral da República decidiu rever a delação do grupo J&F e analisar possível má fé em informações, o que tende a fortalecer a narrativa da defesa do presidente Michel Temer às vésperas da apresentação de uma nova denúncia contra o peemedebista. Janot diz que foram apresentados na noite da última quinta-feira novos áudios com conteúdo “gravíssimo”, que colocam sob suspeita o papel exercido pelo ex-procurador Marcelo Miller, que deixou a carreira no meio do caso para atuar em um escritório de advocacia que atende à holding que controla a JBS.

Embora o procurador-geral sustente que a possível anulação do acordo de colaboração não tire a validade das provas, juristas dizem que é preciso aguardar o que será revelado para ver se, de fato, não haverá prejuízo. Um criminalista que conversou com o InfoMoney na noite de segunda-feira disse que, caso fique provada simulação, tudo pode cair por terra. Outro jurista acredita que a situação também afeta a imagem do Supremo Tribunal Federal, responsável pela homologação de acordos. É possível que o instrumento da colaboração premiada, tão importante em operações recentes, como a Lava Jato, saia deste processo maculado.

3. Agenda econômica

Entre os eventos econômicos da terça-feira, destaque para o primeiro dia da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), que deverá culminar em um corte de 100 pontos-base na taxa básica de juros, hoje fixada em 9,25% ao ano. Também na agenda doméstica, destaque para dados da indústria apresentados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), às 9h, e do PMI (Purchasing Manager Index) de Serviços apresentados pelo HSBC às 10h.

No exterior, os investidores digerem os dados do PMI Markit de serviços da Zona do Euro, que marcou 54,7 pontos em agosto, e das vendas do varjo de julho na região, que veio em linha com as estimativas de queda de 0,3% na comparação mensal. Nos Estados Unidos, a volta do feriado do Dia do Trabalho, que manteve Wall Street fechado, será marcada pela divulgação dos Factory Orders (11h), que mede o volume de pedidos de bens duráveis e não duráveis feitos à indústria.

Nesta terça-feira, às 14h estreia o programa “Mundo Bitcoin”, que trará toda semana um especialista para comentar e explicar mais sobre o mundo das moedas digitais. Na sequência, às 14h45, ocorre o evento de atualização da Carteira InfoMoney com as novas ações e explicações para o mês de setembro.

4. Agenda política

A prioridade do dia fica com a votação de duas emendas pendentes no Projeto de Lei 17/17, que autoriza o governo a aumentar o deficit primário de R$ 139 bilhões para R$ 159 bilhões em 2017, em sessão do Congresso Nacional. A votação do texto não foi concluída na semana anterior e provocou uma derrota ao governo Michel Temer em suas intenções de já enviar um projeto orçamentário com a nova meta fiscal. Uma das emendas, da senadora Ângela Portela (PDT-RR), prevê que os recursos limitados pelo teto de gastos (Emenda Constitucional 95, de 2016) e direcionados à saúde pública terão acréscimo proporcional à taxa de crescimento populacional divulgada pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística). A outra emenda, do deputado Bohn Gass (PT-RS), determina o uso de mesma sistemática para os recursos mínimos a serem aplicados em educação pública.

Mudanças nas regras eleitorais também voltam a ser discutidas na Câmara dos Deputados, com os parlamentares ampliando os esforços para fazer avançar uma reforma mínima a tempo de valer já para o pleito do ano que vem. Entre os ítens a serem tratados, destaque para o fim das coligações partidárias, a criação de um fundo eleitoral, a criação de uma cláusula de desempenho e até uma mudança no sistema eleitoral, do atual modelo proporcional para o “distritão” ou o “distritão misto” em 2018 e possivelmente para o “distrital misto” em 2022. As medidas da reforma política estão divididas em duas Propostas de Emenda à Constituição: a 282/16, sob realtoria da deputada Shéridan (PSDB-RR), e a 77/03, sob relatoria do deputado Vicente Candido (PT-SP).

No Senado, o destaque fica com a votação da Medida Provisória 777/2017, que cria a TLP (Taxa de Longo Prazo) a ser usada pelo BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social) nos seus empréstimos a partir de 1º de janeiro de 2018. O texto precisa ser aprovado na casa legislativa até quarta-feira, para evitar que caduque. A TLP terá como base juros de mercado vinculados a um título do Tesouro Nacional (NTN-B) mais a variação do IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo). Atualmente, a TJLP é calculada trimestralmente com base na meta de inflação futura para os 12 meses seguintes e em um prêmio de risco definido pelo CMN (Conselho Monetário Nacional). A matéria, que tranca a pauta do plenário até ter sua votação concluída, é tida pelo mercado como uma das pautas prioritárias para a agenda fiscal e para o estímulo ao desenvolvimento do mercado de crédito privado no País, uma vez que visa conferir maior transparência nas decisões sobre subsídios setoriais.

Para entender melhor como a TLP muda da água para o vinho o papel do BNDES na economia brasileira, clique aqui.

5. Noticiário corporativo

Em meio à nova turbulência gerada pela revisão do acordo firmado por executivos da JBS com a PGR, a holding J&F diz que a interpretação precipitada de que teria havido omissão de provas será rapidamente esclarecida. Do lado da Petrobras, destaque para a redução da participação da BlackRock sobre o capital da companhia, para cerca de 4,6% das ações preferenciais. Já o Magazine Luiza anunciou desdobramento de 1 para 8 ações, aprovado em Assembleia Geral Extraordinária. Entre as recomendações, os papéis de Banco do Brasil e Itaúsa foram elevados para outperform pelo Scotiabank, ao passo que a Kroton viu seus ativos serem rebaixados de overweight para equalweight pelo Brasil Plural. Destaque ainda para a notícia de que a Ambev irá investir R$ 217 milhões até 2018.

(Com Bloomberg, Agência Estado e Agências Brasil, Câmara e Senado)

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.