De “mundo X” a small caps: 13 empresas que tiveram um 2013 terrível na Bovespa

No geral, empresas com forte endividamento estão presentes entre as que mais sofreram na bolsa brasileira neste ano

Felipe Moreno

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SÃO PAULO – Em sua festa de Réveillon, Zeinal Bava, CEO (Chief Executive Officer) da Oi (OIBR3; OIBR4), deverá fazer um pedido simples enquanto pula as sete ondinhas que mandam a tradição: que 2014 seja um ano muito melhor que 2013 para sua empresa. Pudera, a gigante de telecomunicações viu suas ações preferenciais despencarem 47,5% até a última quinta-feira (26), enquanto as ordinárias recuaram 53,1%. A desconfiança do mercado em relação à companhia colaborou para a derrocada dos preços na Bovespa – tal fato levou a Oi a reduzir em 75% o montante de dividendos prometido para o quadriênio 2013-2016, passando de R$ 2 bilhões para R$ 500 milhões.

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Mas Bava não foi o único que tem o que lamenntar neste final de 2013: Eike Batista, do Grupo EBX, e Marcos Molina, do Marfrig (MRFG3), são alguns dos outros CEOs que farão de tudo para esquecer o ano que tiveram na Bovespa, já que suas ações ocuparam junto com a Oi as últimas colocações dentre os 72 papéis que fazem parte da composição do Ibovespa – o principal índice acionário da BM&FBovespa.

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A começar por Eike, que certamente foi um dos grandes perdedores da bolsa ao ver o seu “império X” praticamente ruir em meio ao fracasso no cumprimento das metas operacionais e no crescimento descontrolado do endividamento das principais companhias do grupo, resultando na saída de muitas delas do comando do Grupo EBX. A última grande mudança foi vista na véspera de Natal, quando os credores da Óleo e Gás Participações – a antiga OGX Petróleo (OGXP3) – aceitaram o acordo firmado com a empresa e que resultou na diluição quase que total da participação do Eike na empresa, que passou de 50% para 5%.

Com a Marfrig, o endividamento também foi um dos principais “drivers” negativos neste ano. Por trás das quedas de mais de 50% no ano, estão um passado ultraexpasionista da empresa via aquisições e uma fracassada integração das operações, afetando diretamente as margens de lucro da fabricante de alimentos. Nem mesmo a forte alta do dólar no ano proporcionou bons resultados para a companhia de natureza exportadora, tendo em vista a ainda alta exposição da sua dívida lastreada na moeda norte-americana – embora essa fatia tenha sofrido boa redução após a venda da Seara para a JBS (JBSS3). Como se não bastasse todo esse cenário desfavorável, a empresa vem sofrendo uma pressão implícita do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social), já que o mercado vem especulando que o banco pode alienar boa parte das ações presentes em seu portfólio – podendo provocar um “overhang” (excesso de liquidez) no mercado.

Imobiliárias e outras “problemáticas”
Passando para o setor imobiliário, que mais uma vez teve muito o que lamentar na Bovespa – salvo raríssimas exceções, como Eztec (EZTC3) e Tecnisa (TCSA3), cujas ações subiram entre 5% e 12% em 2013, até o dia 26. Além das vozes de bolha imobiliária ecoando cada vez mais no mercado – vindo desde personalidades da economia brasileira até do vencedor do prêmio Nobel de Economia de 2013, Robert Shiller -, as empresas não têm conseguido apresentar bons resultados de vendas e de lançamentos de novos imóveis, deteriorando as margens operacionais do setor. Soma-se a isso a expectativa de que o ciclo de alta da Selic continue em 2014, o que tende a restringir ainda mais a demanda no mercado imobiliário.

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Além das construtoras, algumas empresas com um passado (ou presente) bem problemático também figuraram entre as grandes perdas na bolsa brasileira. No campo de Petróleo & Gás, faz companhia à OGX a companhia criada em 2010 para explorar a Amazônia e a Namíbia: a HRT (HRTP3). O fracasso nas perfurações tanto no Brasil quanto na África, a renúncia de Márcio Mello, as mudanças bruscas de estratégia e “desistência” de grandes investidores marcaram o 2013 da petrolífera. Nestes últimos dias do ano, a HRT volta a ser destaque no noticiário com a investida do fundo Discovery no capital da empresa, um processo aberto por um ex-conselheiro da companhia na CVM (Comissão de Valores Mobiliários) e o pedido de renúncia de todos os conselheiros independentes de sua administração.

A Lupatech (LUPA3), que desenvolve equipamentos utilizados no setor de petróleo e gás, e a empresa de autopeças Mangels (MGEL3), completam a lista de problemáticas em 2013, com ambas tendo um ponto em comum: entraram com pedido de recuperação judicial frente aos seus credores. A primeira empresa trouxe seu plano no final de novembro e espera um resultado no começo de 2014. Já a segunda trouxe a público seu pedido no 1º dia do mesmo mês.

Veja as ações que querem esquecer 2013:

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Empresa Queda* Cotação* Motivo
OGX Petróleo  94,98% R$ 0,22  Com fracasso em suas metas de produção, empresa se afundou em dívidas e entrou em pedido de recuperação judicial. Ação deixou de fazer parte do Ibovespa e do MSCI.
OSX Brasil  94,18% R$ 0,64  Assim como o restante do Grupo EBX, a empresa sofreu com a crise de confiança dos investidores e também precisou passar por uma renegociação com seus credores; ainda faz parte do Grupo EBX.
MMX Mineração  84,72% R$ 0,68  Mesmo cenário: crise de confiança, endividamento e resultados operacionais pífios.
JB Duarte  87,71% (PN) R$ 0,24 (PN)  Até o começo de 2013, a ação era cotada próximo de R$ 0,01, até realizar um grupamento com o intuito de dar mais liquidez ao ativo; apesar de aumentar o número de negócios, o “split” abriu espaço para ela cair novamente e voltar a casa dos poucos centavos de valor de face.
HRT Petróleo  81,40% R$ 0,88  Com fracassos exploratórios na Namíbia e no Amazonas e pedido de renúncia do CEO e criador da empresa em maio, companhia vem tentando mudar de foco, mas sofre com a crise de confiança do mercado, que demonstra receio com as mudanças bruscas de estratégia do grupo; recentemente um grupo de investidores vem comprando muitas ações da HRT no mercado.
Mangels  80,35% R$ 0,56  Com pouco espaço no noticiário e baixíssima liquidez, a Mangels ganhou os holofotes do mercado entre o final de outubro e o começo de novembro, quando após um rali de 300% da ação, anunciou pedido de recuperação judicial e voltou a despencar.
Eneva  73,24% R$ 2,91  Primeira empresa a deixar o Grupo EBX, empresa ainda não conseguiu o tão esperado “turnaround” e vem acumulando perdas mesmo sendo tocada agora pelos alemães da E.On
Brookfield  69,01% R$ 1,06  Setor vem decepcionando na BM&FBovespa, com a maioria das empresas operando em queda, demonstrando a extrema dificuldade que as imobiliárias vem sentindo – levando os investidores a buscarem por maior qualidade. No caso da Brookfield, suas obras estouraram o orçamento e fizeram a quantidade de lançamentos diminuir
Viver  53,12% R$ 0,25  Empresa vem enfrentando vários problemas financeiros e teve o rating rebaixado para o nível de “lixo”, selando qualquer possibilidade de acesso ao mercado de dívida; empresa viu orçamentos estourarem e agora tem que vender seus projetos para continuar se financiando
Lupatech  60,00% R$ 0,66  Empresa aprovou um plano de reestruturação societária extra-judicial em novembro; espera resposta dos credores no começo de 2014
Rossi 54,51%  R$ 2,07  Setor vem decepcionando na BM&FBovespa, com a maioria das empresas operando em queda, demonstrando a extrema dificuldade que as imobiliárias vem sentindo – levando os investidores a buscarem por maior qualidade. Assim como a Brookfield, a Rossi também viu suas obras estourarem o orçamento e fizeram a quantidade de lançamentos diminuir
Marfrig  54,01% R$ 3,90  Passado ultraexpasionista e fracasso na interação operacional resultaram em forte endividamento e deterioração das margens; pressão implícita do BNDES também pressiona
Oi 53,15% (ON) 
47,54% (PN)
R$ 3,72 (ON e PN)  Empresa sofre com crise de confiança devido ao crescente endividamento do grupo, o que resultou em um corte de 75% na política de dividendos prometida para os próximos 4 anos – um dos principais motivos para a procura dos investidores. Companhia vem conseguindo se capitalizar através da venda de ativos “non core”.
*Baseado na cotação de fechamento do dia 26 de dezembro