Única solução para OGX é a sua própria venda; mas quem compraria a empresa?

Além da entrada substancial de recursos, operação significaria um "carimbo" de qualidade na empresa e em suas reservas de petróleo

Paula Barra

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SÃO PAULO – Com a produção da OGX Petróleo (OGXP3) vindo abaixo do esperado no mês de fevereiro, aumentaram os alertas quanto a posição de caixa da companhia – o que se reflete na cotação das ações da companhia, que nesta quarta-feira (13) atingiu o menor patamar de toda a história na bolsa, que teve início em 2008. Diante disso, analistas do mercado começam a apontar como única solução de curto prazo uma fusão ou aquisição.

Os negócios da empresa nasceram em 2007, mas até agora os planos ambiciosos não se concretizaram. Ao contrário disso, a OGX vem divulgando estimativas de reservas de óleo e gás que não se comprovaram e cuja produção está sendo mais díficil, cara e em volumes bem menores.

O número de produção da companhia de fevereiro veio em 11,3 mil barris por dia, implicando em uma taxa de fluxo médio de 3,8 mil boe/dia, bem abaixo do guidance de 5 mil boe/dia divulgado pela empresa.

Não perca a oportunidade!

Há solução?
O que poderia mudar a situação da OGX no curto prazo – apontam os analistas do Bank of America Merrill Lynch, Planner Corretora, Geração Futuro e Itaú BBA – seria a venda de participação da empresa ou algum campo de petróleo, preferencialmente para uma empresa petrolífera internacional. Além de entrada substancial de recursos, esta operação iria significar um “carimbo” de qualidade na empresa e em suas reservas de petróleo.

Há cerca de um mês, o empresário Eike Batista encontrou-se com os executivos da estatal Petronas, da Malásia. Os rumores eram de que estavam analisando a OGX há algum tempo, mas não há indicações se, ou quando, chegarão a um acordo. Um anúncio como esse poderia sanar algumas inquietações do mercado quanto ao balanço da empresa. No último resultado a dívida líquida da OGX era de R$ 3 bilhões e a receita no último trimestre foi de apenas R$ 150,7 milhões.

“Um farm-out (venda parcial ou total dos direitos de concessão detidos por uma empresa petrolífera) em seus blocos de exploração já seria bem justo, e existe empresas interessadas nesses campos. É uma possibilidade racional que a OGX deveria ponderar”, disse Lucas Brendler, da Geração Futuro. 

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Nesse sentido, os analistas Frank McGann e Conrado Vegner, do BofA, apontaram em relatório dois cenários para a empresa: a venda de ativos e reservas ou o financiamento através do mercado acionário (oferta de ações). Se a primeira for realizada, será em termos menos vantajosos do que seriam meses atrás, enquanto a segunda traz os riscos de diluição de capital.

Próximos 12 meses serão mais importantes para OGX
Vale mencionar que os próximos 12 meses deverão ser os mais importantes para a OGX, avaliam McGann e Vegner, dada a quantidade de drivers, como o início de diversas operações e a quantificação do potencial dos ativos da companhia. Nesse período, as unidades OSX-2 e OSX-3 devem começar a produzir, a companhia deve emitir novo relatório de reservas, continuar as explorações na bacia do Espirito Santo e no Bloco BS-4.

Apesar disso, a situação financeira continua sendo uma das principais preocupações do mercado, reforçam. 

Diante dessas perspectivas ainda sombrias para a empresa, os analistas do Itaú BBA indicam: os valuations da empresa podem se deteriorar ainda mais.