“Efeito Chipre” gera saída recorde de capital dos fundos de ações europeus

Segundo dados da consultoria EPFR Global, esses fundos tiveram o maior resgate líquido das últimas 29 semanas; fundos de ações dos europeus emergentes sofreram a maior saída em 61 semanas

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O temor gerado pela situação do Chipre nos últimos dias afetou praticamente todos os mercados do mundo, cenário que pode ser comprovado, em parte, com o movimento dos fundos de investimento acompanhados pelo EPFR Global. Uma das poucas regiões que tiveram um bom desempenho na última semana foi a do NAFTA (EUA, Canadá e México).

O fluxo movimentado entre 14 e 20 de março pelos fundos de ações caiu para menos de um quinto do montante apresentado na última semana, fechando o período com saldo positivo de US$ 2,5 bilhões. Contudo, olhando apenas para os europeus, houve uma forte saída de investimentos: os fundos de ações tiveram o pior resultado das últimas 29 semanas, enquanto os fundos voltado a aplicar na bolsa dos emergentes da Europa registrou a maior saída líquida em 61 semanas.

O pedido de resgate feito pelo Chipre voltou com o temor global sobre a situação na Europa e as soluções que surgirem para a região podem afetar outros países da região. Moody’s explica que ainda que o risco de contágio da economia do Chipre ao restante da região seja limitado, “a decisão de impor perdas aos credores sinaliza a disposição dos formuladores de políticas da zona do euro a arriscarem grandes distorções no mercado financeiro em busca de outros objetivos”. A agência diz que essa medida deverá ter implicações negativas sobre os ratings de outros bancos europeus.

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Europeus e emergentes sofrem resgate
Por conta disso, os fundos de ações italianos tiveram mais saídas que entradas de investimentos pela 23ª vez nas últimas 25 semanas, enquanto os fundos da Espanha atingiram níveis que não são vistos desde metade do primeiro trimestre de 2011.

Os emergentes em geral sofreram com isso. Os fundos acompanhados pelo EPFR que investem nas bolsas desses países apresentaram no período entre 14 e 20 sua maior saída em mais de cinco meses. Além do “efeito Chipre”, a consultoria destaca como a preocupação dos investidores com a inflação, os riscos de guerra cambial e as mudanças na política econômica chinesa.

Dessa forma, os fundos GEM (Mercados Globais Emergentes, em inglês) viu o maior resgate das últimas 44 semanas. Dos três principais fundos regionais emergentes, apenas os da Ásia excluindo o Japão conseguiram captação positiva no período.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.