CNJ cria grupo de trabalho para padronizar política de custas judiciais

A presidência da comissão ficou com o conselheiro Ives Gandra Martins Filho, ministro do Tribunal Superior do Trabalho

Publicidade

SÃO PAULO – O CNJ (Conselho Nacional de Justiça) passará a contar com a participação de um grupo de trabalho para elaborar estudos e apresentar propostas para a criação de um regime de custas para o Poder Judiciário.

Instituído pelo presidente do conselho, o ministro Cezar Peluso, o grupo terá 180 dias, prorrogáveis por igual prazo, para apresentar suas conclusões. A presidência da comissão ficou com o conselheiro Ives Gandra Martins Filho, ministro do Tribunal Superior do Trabalho.

Na avaliação do coordenador do grupo de trabalho, o conselheiro Jefferson Kravchychyn, os tribunais estaduais adotam diferentes critérios para a fixação das custas, o que acaba provocando distorções no Judiciário.

Continua depois da publicidade

Conjuntura
Segundo Kravchychin, foram observadas inúmeras contradições no atual sistema de cobrança de custas pelos tribunais estaduais pelo Departamento de Pesquisa Judiciária.

A análise dos dados permite afirmar que os valores são mais altos nos estados mais pobres e de menor renda per capita e que as causas de menor valor custam relativamente mais do que as de valor elevado. O baixo custo dos recursos, por sua vez, estimula os maus pagadores a usar a Justiça para protelar pagamentos.

O conselheiro ainda argumenta que o custo alto das ações pode ter reflexo negativo na arrecadação do Judiciário, uma vez que muitas pessoas que poderiam pagar se o valor fosse mais acessível recorrem à justiça gratuita.

Continua depois da publicidade

Discussão
O CNJ pretende discutir a situação com todos os tribunais e fazer um levantamento com as peculiaridades de cada estado. A discussão deve envolver também o aumento dos repasses do Executivo para custear o Judiciário.

A mudança, atenta o conselheiro, fará com que os devedores continuem a ter o direito de recorrer, mas pagando um valor justo por isso. Kravchychin chama a atenção para o sistema atual, que beneficia quem usa o Judiciário como fonte de lucro. É o caso dos grandes litigantes que postergam o pagamento de dívidas com recursos à Justiça.