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SÃO PAULO – Em poucos pregões de 2019, o Ibovespa já foi chamado de melhor mercado acionário do mundo pela revista Forbes, mas a superfície reluzente de um índice que tornou a quebra de recordes históricos algo cotidiano pode esconder problemas profundos. Pelo menos é o que acredita o jornal britânico Financial Times.
Em artigo desta terça-feira, o jornal destaca o forte movimento recente do mercado nacional, mas aponta que os ativos brasileiros ainda não estão próximos da sua máxima.
O real se recuperou de uma desvalorização histórica ante o dólar, que encontrou seu fundo do poço em setembro, mas ainda está cerca de 60% abaixo de seu valor em meados de 2011. As ações brasileiras também estão baratas, se considerados seus valores em dólar. O índice MSCI valem hoje metade de seu preço às vésperas da crise financeira global e tiveram desempenho abaixo do índice MSCI Emerging Markets desde então.
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Por essa ótica, os ativos brasileiros têm muito espaço para valorização e muitos investidores acreditam que é exatamente isso que o governo Bolsonaro irá proporcionar. Essa crença está baseada, principalmente, nas promessas de que medidas radicais seriam tomadas nas finanças públicas para colocar a política fiscal nos trilhos.
“Se implementadas, as medidas podem trazer mudanças para melhor. O mesmo pode não vale para o principal pilar de segurança de Bolsonaro, com seu foco em armar civis e dar à polícia a licença para matar”, critica o Financial Times.
Enquanto nenhuma reforma é implantada, a instabilidade com que a nova administração assumiu o país também preocupa, com as idas e vindas de decisões – algumas delas anunciadas pelo próprio Bolsonaro e desmentidas em seguida por sua equipe. Além disso, fala-se em disputas entre os integrantes do governo.
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Assim, o mercado espera por sinalizações do novo governo para saber se o movimento pode continuar. “Alguns investidores vão dar a Bolsonaro o benefício da dúvida e esperar até seis meses para ver o progresso no bem-estar social e em outras reformas. Outros procurarão ações mais imediatas, especialmente depois do retorno do Congresso do recesso em fevereiro”, destaca o artigo.
Ou seja, quando a maior parte dos brasileiros sairá para comemorar o Carnaval, no início de março, os investidores saberão se realmente há o que comemorar.