Entenda melhor como funcionam os índices de inflação

Muita gente ainda tem dúvida em relação aos conceitos referentes à inflação e aos índices que medem a variação dos preços

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – Com a divulgação de diversos índices de inflação, como o IGP-M, o INPC, IPCA e outros, muita gente fica confusa e tem dificuldade em interpretar qual deles é o mais relevante para o seu dia a dia. De fato, em função do histórico de inflação alta, principalmente no final do século passado, vários novos índices foram criados.

Além da confusão com os vários índices, algumas pessoas têm dúvidas em relação aos conceitos básicos referentes ao próprio cálculo dos índices e como eles devem ser interpretados. Assim, vale a pena entender exatamente como funcionam estas medidas de inflação.

Inflação é variação positiva dos preços
O primeiro conceito a ser discutido é o de inflação, que nada mais é do que a alta dos preços. Por outro lado, caso os preços mostrem uma tendência de queda, como já chegou a acontecer em alguns momentos da história brasileira, estaríamos falando de deflação.

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A inflação é sempre medida em termos percentuais, ou seja, se os preços subiram 5%, isso corresponde a uma inflação de 5%. Neste contexto, é correto dizer que a inflação caiu (foi de 5% para 4%), mas isso não significa que os preços caíram. Neste caso, eles só aumentaram menos.

Entenda os índices de preços
Para auferir a inflação é necessária uma medida, e a forma mais simples encontrada é compor uma cesta de produtos e medir a sua variação de preços. Este é o conceito básico de todos os índices de inflação.

Para criar o índice, é necessário, antes de mais nada, escolher uma cesta de produtos representativos. Assim, baseados em pesquisas de orçamento familiar, os institutos que calculam os índices montam uma cesta de produtos que representa a realidade de consumo da parcela da população que o índice tenta medir.

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Como exemplo, vale analisar os dois principais índices calculados pelo IBGE: o INPC, que mede a variação de preços em uma faixa de renda entre 1 e 8 salários mínimos, com o IPCA, que trabalha na faixa de 1 a 40 salários mínimos. Como os hábitos de consumo da população com renda entre 1 e 8 salários são diferentes daqueles que ganham entre 1 e 40 salário, a composição dos índices deve ser diferente.

Por exemplo, o peso dos preços de alimentos e bebidas é menor no IPCA do que no INPC, o que reflete o fato de que a população de menor renda gasta uma parcela maior com alimentos e bedidas, sobrando menos no final do mês para outras despesas.

Índice mede a variação dos preços da cesta escolhida
Uma vez escolhida a cesta, é necessário estabelecer o momento a partir do qual os preços serão calculados. No caso do IPCA, o IBGE decidiu que a cesta valeria 100 em dezembro de 1993 e que este seria o ponto inicial de referência. Caso a cesta de produtos mostrasse uma variação de preços de 5% em janeiro, isso implicaria no fato do índice subir para 105.

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Assim, fica fácil calcular as variações da inflação. Para calcular a variação mensal, basta dividir o valor do índice do mês em questão pelo mês anterior, enquanto para obter a inflação em 12 meses devemos dividir o índice do mês escolhido pelo índice no mesmo mês do ano anterior.

Infelizmente, porém, é comum encontrar erros na interpretação dos índices, principalmente no material divulgado pela imprensa. Vamos usar o exemplo de uma inflação de 5% em março, após 6% em fevereiro. Falar que o IPCA caiu, como é muitas vezes visto nos jornais, significa dizer que a variação de preços foi negativa, pois, de acordo com o exemplo acima, uma queda do índice significa que ocorreu deflação.

Neste caso, o correto seria dizer que a inflação medida pelo IPCA caiu, o que é muito diferente, pois os preços continuaram subindo, porém em ritmo menor.

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Variedade de índices
Como resultado das elevadas taxas de inflação registradas no final do século XX, diversos índices foram criados, de forma a representar de forma mais fiel a variação de preços que afeta as diversas camadas da população. Como resultado, é comum para o mercado acompanhar até 10 índices diferentes por mês.

Alguns destes índices medem a inflação a nível do consumidor, ou seja, a variação dos preços no varejo, o que afeta diretamente a população. É o caso, por exemplo, do IPC da Fipe e do IPCA e INPC do IBGE. Por sua vez, outros índices calculam os preços aos produtores, ou seja, medem a variação dos preços no atacado, como o IPA-M ou IPA-DI da FGV.

Existem também índices especializados, como o INCC da FGV, que mede os preços no segmento de construção civil. Por fim, também são muito acompanhados índices combinados, como o IGP-M e IGP-DI da FGV. Neste caso, estes índices combinam outros índices, como o IPC-M, o IPA-M e o INCC-M, dando uma medida da variação de preços em diversos segmentos.

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Cada um tem sua própria inflação
Como cada família tem uma cesta diferente de consumo, no fundo cada um tem uma taxa de inflação diferente. Como é impossível fazer este cálculo para todo mundo, o ideal é utilizar um índice que tenha uma composição próxima aos seus padrões de consumo.

A escolha do índice correto, deste modo, depende do padrão de consumo de cada um. Por diversos motivos, porém, alguns índices ganharam maior importância, como o IPCA, que é usado pelo governo para guiar suas metas de inflação, ou o IGP-M ou IGP-DI, que são usados no reajuste de muitos contratos comerciais.