CSN dispara 13%, 14 ações sobem mais de 6% e Petrobras sobe 5%

Mercado tem dia de correção apesar da queda nos mercados internacionais; do lado negativo do Ibovespa, apenas poucas ações, como telecoms e exportadoras

Paula Barra

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SÃO PAULO – O Ibovespa tem dia de correção nesta quarta-feira (17) contrariando os mercados externos e registrando sua primeira alta após três sessões seguidas de baixa, puxado pelas ações da Petrobras, siderúrgicas e bancos. Às 15h04 (horário de Brasília), o índice registrava alta de 4,13%, a 48.950 pontos. Em meio à alta, 8 papéis superam os 6% de valorização na sessão.

Do lado negativo, figuravam os papéis da empresa do setor de telecomunicações Oi (OIBR4). Na véspera, as ações da TIM subiram em meio a notícias do jornal italiano Il Sole 24 Ore de que a Oi estaria aberta para discutir uma fusão com a TIM, caso a proposta seja feita. Na segunda-feira, especulava-se que a Oi poderia usar os recursos da venda da Portugal Telecom para comprar participação na TIM. Além dela, os papéis das companhias de perfil exportador chegaram a cair com a derrocada do dólar, mas viram para alta nesta tarde: Suzano (SUZB5, R$ 10,95, +0,27%), do setor de papel e celulose e Embraer (EMBR3, R$ 23,65, +0,13%). 

Fora do Ibovespa, destaque para as ações da MMX Mineração (MMXM3), que disparam depois de divulgação do balanço do terceiro trimestre, enquanto a OSX Brasil (OSXB3) sobe forte apesar de rumores de que a aprovação da recuperação judicial foi adiada pela segunda vez. 

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Confira os principais destaques desta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 9,16, +5,29%PETR4, R$ 9,78, +4,26%
A Petrobras segue no holofote do mercado, mas continua com um movimento de recuperação iniciado ontem após as fortes quedas. Destaque para a fala de Joaquim Levy, futuro ministro da Fazenda, que não descartou uma alta da Cide, enquanto a presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, confirmou nesta manhã que colocou seu cargo à disposição da presidente Dilma Rousseff, citando ainda que o balanço do terceiro trimestre pode não ficar pronto em janeiro.

Hoje, o Itaú BBA cortou o preço justo da ação da estatal de R$ 23,70 para R$ 16,50, citando incerteza com a divulgação dos números auditados do resultado da companhia no terceiro trimestre. Ontem à noite, a Standard & Poor’s cortou o perfil de crédito “stand alone” (perfil individual da companhia) de “BBB-” para “BB”, enquanto a perspectiva permaneceu estável. De acordo com a agência de classificação de risco, os escândalos de corrupção que a estatal está envolvida podem enfraquecer a flexibilidade financeira da companhia. 

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Ainda sobre a Petrobras, o governo estuda reduzir a exigência de conteúdo nacional nas compras da Petrobras e rever a legislação do pré-sal para aliviar a situação alarmante da estatal, mas a presidente Dilma Rousseff descarta por enquanto trocar a  da estatal, disseram à Reuters duas fontes a par do assunto. As duas medidas em análise reduziriam os custos e as necessidades de investimentos da estatal, mas são de complexa implementação e não resolveriam os problemas de curto prazo da companhia, no epicentro de investigação sobre suposto esquema bilionário de corrupção em obras, com envolvimento de funcionários e ex-empregados, empreiteiras e políticos.

Bancos
Os papéis do setor financeiro aproveitam o dia de repique no mercado para dispararem. Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 34,93, +6,27%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 23,01, +7,07%), que caíram nas últimas três sessões, sobem mais de 2% hoje. Bradesco (BBDC3, R$ 34,28, +5,48%; BBDC4, R$ 35,10, +5,44%) também mostra forte hoje após recuar por dois pregões seguidos embora tenham conseguido encerrar em leve alta ontem. Destaque também para as ações da BM&FBovespa (BVMF3, R$ 9,37, +6,24%). 

Sobre o Itaú, ontem os executivos do banco realizaram evento com analistas e investidores, deixando um clima bastante otimista. De acordo com Roberto Setubal, presidente do Itaú, o banco pode eventualmente avaliar a compra do Banamex se estiver à venda. 

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Siderúrgicas e Vale
As ações das companhias do setor siderúrgico registram uma nova sessão de ganhos – após dispararem no pregão de ontem – apesar da queda do dólar frente ao real nesta sessão, que favoreceu a valorização do pregão anterior, enquanto traz alívio as chances da China remover incentivos para exportar de aço do gigante asiático. Entre os destaques, as ações das siderúrgicas Usiminas (USIM5, R$ 5,36, +8,28%), CSN (CSNA3, R$ 5,57, +12,75%), Gerdau (GGBR4, R$ 9,21, +6,60%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 10,84, +6,27%).

As ações da Vale (VALE3, R$ 19,70, +1,81%VALE5, R$ 17,00, +2,41%) têm alta pelo segundo pregão. A mineradora disse ontem que quer levantar R$ 2 bilhões com venda de 15 supernavios cargueiros de sua propriedade em meio à queda do preço do minério de ferro, informou a Folha de S. Paulo. Para Murilo Ferreira, presidente da mineradora, o cenário internacional é “muito preocupante” com a freada do crescimento da China – que não deve ficar em torno de 7% neste ano -, estagnação na Europa e recessão no Japão.

Frigoríficos
As ações dos frigoríficos acompanham o movimento de correção do mercado apesar da notícia de que a Rússia diminui mais uma vez as importações de carne bovina in natura brasileira. A média diária de importação nas duas primeiras semanas de dezembro caiu para 46% em relação ao mesmo período de 2013. Em novembro, as vendas já haviam recuado cerca de 60% na comparação com outubro e agora as vendas em dezembro recuaram cerca de 20% em relação ao mês passado. Apesar dos dados, as ações da JBS (JBSS3, R$ 12,13, +5,39%) e Marfrig (MRFG3, R$ 5,42, +4,03%) sobem hoje.  

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Gol (GOLL4, R$ 13,09, +4,30%)
Após a forte da sessão anterior, as ações da Gol buscam recuperação na Bovespa, com alta de mais de 3%. Hoje, a companhia aérea enviou comunicado ao mercado informando que a demanda total por voos da empresa subiu 8% em novembro sobre o mesmo período do ano passado, enquanto a oferta teve avanço de 3,5%. 

No mercado doméstico, a demanda da Gol subiu 6% em novembro contra novembro do ano passado e a oferta avançou 1,2%. No mercado de voos internacionais, houve alta de 25,7% da demanda e avanço de 22,8% da oferta na mesma base de comparação.

MMX (MMXM3, R$ 0,59, +31,11%)
Fora do Ibovespa, destaque para a
s ações da MMX, que disparam nesta sessão, um dia após a divulgação atrasada dos resultados do terceiro trimestre. A mineradora teve prejuízo de 86 milhões de reais no terceiro trimestre, ante resultado negativo de 1,2 bilhão de reais um ano antes.

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No segundo trimestre, o prejuízo havia sido de 1,9 bilhão de reais. “Este resultado no trimestre é fundamentalmente consequência do teste de recuperabilidade de ativos realizado pela companhia no segundo trimestre, desdobrando em um reconhecimento de impairment de 1,8 bilhão de reais”, disse a MMX em seu relatório de resultados.

As vendas de minério de ferro foram de 839,4 mil toneladas no terceiro trimestre, queda de 61 por cento na comparação anual. Desta forma, a receita líquida caiu 75 por cento na mesma base de comparação, a 83,6 milhões de reais.

Eneva (ENEV3, R$ 0,41, +17,14%)
A Eneva, antiga MPX Energia, fundada por Eike Batista, vê suas ações dispararem nesta sessão. A companhia informou ontem que o juiz da 4ª Vara Empresarial do Rio de Janeiro decidiu autorizar o processamento da recuperação judicial da companhia e de sua subsidiária, Eneva Participações. O juiz decidiu, também, pela nomeação da Delloitte Touché Tohmatsu como administrador judicial. A empresa tem um endividamento da ordem de R$ 2,3 bilhões.

Ontem, os papéis da companhia subiram 16,7% depois de terem desabado 63% na semana passada. 

OSX (OSXB3, R$ 0,28, +16,67%)
Já a ação da OSX também registra fortes ganhos, apesar do noticiário negativo para a empresa de estaleiros do grupo EBX. No noticiário da companhia, o Wall Street Journal informou que a aprovação do plano de recuperação judicial da empresa pode ser adiada pela segunda vez. 

 A votação estava programada para quarta-feira em assembleia com credores no Rio de Janeiro, mas dois advogados representantes de dois grandes credores da empresa disseram que na terça-feira à tarde os credores ainda não haviam entrado em acordo sobre os termos da proposta.