Bolsa está acima das piores projeções – mas isso não indica que algo bom está por vir

Para a LCA Consultores, cenário mais positivo para o Ibovespa só em 2017 - enquanto isso, ativos atrelados ao dólar tendem a performar melhor

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Após as eleições, os preços dos ativos brasileiros se acomodaram e o Ibovespa, apesar dos problemas que rondam algumas de suas principais bluechips, está se sustentando acima das piores projeções. Mas, de acordo com a LCA Consultores, isso não é o mesmo que que chancelar um cenário positivo para o índice.

“Ainda restam diversas definições no cenário, mesmo após a definição das eleições. A definição da equipe econômica ainda não começou e as sinalizações do governo para maior diálogo com o setor privado só renderão frutos – leia-se:  aumento da confiança dos empresários – se vierem acompanhadas de ações coerentes com o discurso”, afirmam os consultores.

Em meio a esse cenário, a LCA analisou as projeções para o Ibovespa, revisando o modelo com base em uma outra medida de risco – o CDS (Credit Default Swap) e não mais o Embi+, enquanto as variáveis PIB nominal e taxas de juros locais continuaram. 

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A projeção do modelo da consultoria para o final deste ano sugere que o Ibovespa tem fôlego para uma pequena alta, fechando 2014 em 55.300 pontos, uma alta de 5,39% em relação ao fechamento do último dia 11 de novembro.

Para o ano que vem, no entanto, o retorno projetado é de menos de 5% – o que é muito abaixo do que se pode esperar da renda fixa, assim como em 2016, quando o retorno de 5,2% projetado ainda repercute o baixo crescimento esperado. E só a partir de 2017 os prognósticos melhoram, à medida que começa a se desenrolar um cenário de crescimento mais alto.

 

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Outros ativos
Em meio ao ambiente externo em que a economia dos EUA continua a apresentar  resultados favoráveis, com a consolidação da tendência de recuperação do mercado de trabalho, o que reafirma as perspectivas de que o Federal Reserve de normalização das condições de política monetária a partir de meados de 2015.

Por outro lado, o BCE (Banco Central Europeu) e o BoJ (Banco do Japão), reforçam seus programas de estímulo em meio ao cenário deflacionário e de desaceleração econômica. 

Enquanto isso, o ambiente doméstico é marcado pelo recrudescimento recente das tensões cambiais, que reacendeu a pressão sobre os custos, o realinhamento de alguns preços administrados (como combustíveis e energia elétrica) que devem manter a inflação pressionada. A expectativa da LCA é de um aumento de 1 ponto percentual na Selic, a passos de alta de 0,25 ponto percentual por reunião do Copom (Comitê de Política Monetária). 

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“Entretanto, tendo em vista as pressões acima é crescente o risco de inflação estourar o limite superior da meta de inflação neste ano. Neste caso, são grandes as chances de o BC acelerar o passo”, afirmam. Além disso, seguem as indefinições na política econômica de Dilma. 

Dado este contexto, o cenário de curto prazo para o dólar é favorável é frente às principais moedas, enquanto as commodities seguem tendo um cenário desfavorável. Além disso, a tendência é de elevação das taxas de juros com prazos mais curtos, de 2 a 5 anos. 

“As incertezas  domésticas quanto ao futuro da política econômica num contexto de baixo crescimento e inflação pressionada são favoráveis aos ativos denominados em dólar”, afirma.

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.