Amada e odiada por gestores, Herbalife tem nova reviravolta com investigação nos EUA

Em baixa no final do ano passado após perder a aposta contra a companhia, o gestor Bill Ackman parece estar virando o jogo com investigação da FTC

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SÃO PAULO – A longa saga de um gerente de fundos de hedge contra uma grande empresa teve uma reviravolta na última quarta-feira. As ações da Herbalife, que tiveram forte queda na véspera, seguiram em baixa na sessão desta quinta-feira na Nyse (New York Stock Exchange), após a empresa de produtos para controle de peso anunciar que está sendo alvo de investigação pela FTC, ou Comissão Federal do Comércio.

A investigação busca apurar se a companhia esconde um esquema ilegal de pirâmide financeira para o seu funcionamento, conforme acusa o gestor Bill Ackman, da Pershing Square Capital.

Ackman afirma publicamente que acredita que a Herbalife é um esquema de pirâmide, o que é negado sistematicamente pela companhia, e apostou US$ 1,16 bilhão na queda das ações da companhia para “aproximadamente zero”. Além disso, a disputa entre o gestor e a companhia começou a ficar ainda mais séria esta semana, quando uma matéria do jornal The New York Times deu a entender que Ackman estaria fazendo lobby junto a políticos para acelerar as investigações contra a empresa. 

Não perca a oportunidade!

Vale ressaltar que, após o anúncio de que seria investigada, a empresa declarou que “dá as boas-vindas à investigação dada a tremenda quantidade de desinformação existente no mercado, e cooperará totalmente com a FTC”. As queixas foram colocadas por Ackman a mais de um ano e o desenrolar dos acontecimentos se deu em janeiro, quando o senador de Massachusetts Edward Markey enviou uma carta à Comissão de Valores e à FTC para que fossem examinadas as práticas empresariais da Herbalife.

Enquanto a companhia tenta se defender, Ackman diz que não acusa a Herbalife por “arrogância”, mas sim por querer defender aqueles que ficam atraídos com o sucesso da empresa. E ele não faz segredo sobre os pontos que espera que a Comissão de Comércio investigue e repetiu os seus desejos em uma webcast na última terça-feira, quando afirmou que a Herbalife também estaria quebrando as regulamentações chinesas. 

Após os papéis da Herbalife terem as suas negociações interrompidas na véspera na Nyse, a Nu Skin Enterprises, que emprega um plano de negócios similar de venda de produtos porta-a-porta, também viu suas ações serem bloqueadas para negócio. 

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Cabe ressaltar que, ao contrário de Ackman, grandes investidores como Carl Icahn e George Soros sempre apoiaram a Herbalife e mantinham as ações em carteira, em uma verdadeira “guerra” para provar quem estava certo frente ao case de investimento da companhia. Quando em agosto de 2013, Soros anunciou que o seu fundo havia adquirido participação na Herbalife, o gestor da Pershing entrou com uma ação na SEC (Securities and Exchange Comission) – a CVM (Comissão de Valores Mobiliários) norte-americana -, ao acusar Soros de violar leis de valores mobiliários e conspirar para prejudicá-lo. “Estou muito decepcionado com Soros”, disse Ackman ao NYT.

Em meio a esse cenário, Ackman, que parecia ter o jogo perdido ao ter tido prejuízo com a aposta na queda das ações da Herbalife – aposta esta de US$ 1,16 bilhão – parece estar “virando a mesa” com o desenrolar das investigações. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.