Ibovespa Futuro segue cautela externa e abre em queda; DIs têm leve alta após ata do Copom

Índice reflete novo dia de menor apetite a riscos pelos investidores, que monitoram com atenção andamento da reforma da Previdência e desdobramentos da crise entre Estados Unidos e Irã

Marcos Mortari

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SÃO PAULO – Após uma sessão de cautela na véspera, o Ibovespa Futuro inicia a terça-feira (25) em baixa, acompanhando o movimento observado em algumas das principais bolsas internacionais. Às 9h35 (horário de Brasília), os contratos futuros do índice com vencimento em agosto operavam em queda de 0,56%, a 102.405 pontos. No radar dos investidores, destaque para a retomada das discussões sobre a reforma da Previdência em comissão especial na Câmara dos Deputados e para as tensões geopolíticas entre Estados Unidos e Irã.

Na agenda interna, também chamam atenção a ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), que na semana passada manteve a Selic a 6,5% ao ano, mas deixou a porta aberta para futuros cortes na taxa básica de juros. No documento, divulgado nesta manhã, foi destacado que a evolução dos riscos inflacionários melhorou, mas os integrantes do comitê ainda consideram que o risco preponderante diz respeito ao andamento das reformas estruturais.

“O documento não trouxe grandes novidades em relação ao comunicado divulgado. A evolução dos riscos inflacionários melhorou, devido à estagnação da economia doméstica e perspectiva de redução de juros em diversas economias, mas ainda consideram que o risco preponderante para a condução da política monetária diz respeito ao andamento das reformas estruturais da economia brasileira”, observam os analistas da XP Investimentos. Para eles, ainda é pouco provável um corte de juros na próxima reunião do Copom, marcada para julho.

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A ata “seguiu comunicado”, dizendo “me deem reformas primeiro”, afirmou Roberto Secemski, economista para Brasil do Barclays, em entrevista à Bloomberg. Um dos destaques foi a consideração de que a taxa de juros permanece estimulativa e que isto “não é inconsistente com o desempenho da economia aquém do esperado, posto que a atividade econômica sofre influência de diversos outros fatores”, disse citando as palavras do comunicado.

Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2020 subiam 4 pontos-base, a 6,00%. Já os papéis com vencimento em janeiro de 2022 saltavam 6 pontos-base, a 6,37%. O movimento é uma correção das quedas recentes.

Também é destaque na agenda econômica doméstica a prévia da inflação de junho, medida pelo Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA-15). O indicador fechou o período com 0,06% de alta, em linha com a mediana dos economistas ouvidos pela Bloomberg, de 0,07%.

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No exterior, o presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, discursa, às 14h00, sobre política monetária e perspectivas econômicas. Enquanto isso, investidores estão em compasso de espera ainda por conta do encontro entre os presidentes dos Estados Unidos, Donald Trump, e da China, Xi Jinping, durante a cúpula do G-20, no final desta semana, em Osaka, no Japão.

Os contratos de dólar futuro com vencimento em julho operavam em alta de 0,17%, a R$ 3,831. O dólar comercial, por sua vez, subia 0,16%, a R$ 3,831 na compra.

Bolsas Internacionais

As preocupações com os rumos das negociações comerciais entre EUA e China, além das tensões com o Irã, levaram os maiores mercados acionários a operarem em queda nesta terça-feira.

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Graduadas autoridades da China e dos Estados Unidos concordaram em manter comunicações sobre questões econômicas e de comércio, antes de uma reunião planejada entre os dois líderes dos países.

Segundo, a agência estatal Xinhua, o vice-premiê chinês Liu He falou com o representante comercial americano, Robert Lighthizer, e com o secretário do Tesouro, Steven Mnuchin. A conversa ocorreu sob instrução de Trump e Jinping, disse a agência, sem dar mais detalhes.

Em relação ao Irã, a CNBC pontua que as novas sanções Trump são um “ato simbólico” e podem deixar Washington sem espaço para exercer mais pressão sobre a energia nuclear. Ontem, Trump decretou a imposição de sanções “contundentes” contra o líder supremo iraniano, o aiatolá Ali Khamenei, e seu gabinete.

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Entre as commodities, o petróleo recua, já que as preocupações com a queda na demanda por petróleo foram compensadas pelos riscos de fornecimento ligados às novas sanções dos EUA ao Irã. O minério também opera em queda.

Noticiário Político

Todas as atenções estarão voltadas nesta terça-feira para a retomada da discussão do parecer do relator da reforma da Previdência, Samuel Moreira (PSDB-SP). Segundo a Agência Câmara, alguns deputados desistiram de se pronunciar, mas a lista atualizada ainda tem 77 inscritos. Até ontem, deputados e partidos já haviam apresentado 27 destaques ao relatório da PEC da Previdência.

Segundo contagem da imprensa, o governo já contaria com algo entre 318 e 335 votos. O presidente da comissão, deputado Marcelo Ramos (PL-AM), adiantou ainda que é possível que a votação comece no mesmo dia em que for encerrada a discussão.

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O presidente da Câmara, Rodrigo Maia, quer que o parecer seja colocado em votação na comissão ainda nesta semana, mas a oposição se articula para tentar postergar a análise do parecer.

Maia afirmou ontem ainda que a Câmara deverá seguir o Senado e derrubar o decreto do presidente Jair Bolsonaro que flexibiliza o porte de armas. Segundo o jornal o Globo, a intenção é criar uma agenda própria no Congresso, alternativa à do governo, o que inclui o começo do debate sobre a reforma tributária.

Hoje, o presidente Jair Bolsonaro embarca para Osaka, no Japão, onde participará da cúpula do G20. A programação prevê uma primeira parada à viagem em Sevilha, na Espanha, antes de seguir à Ásia. A expectativa é de que o Brasil tenha uma agenda de encontros bilaterais.

Em meio à disputa pela sede da prova de F-1 de automobilismo, Bolsonaro voltou a alfinetar o governador de São Paulo, João Dória, possível concorrente ao Planalto em 2022. Bolsonaro afirmou que Dória precisa “pensar no País”, ao cogitar se candidatar à presidência, enquanto o tucano rebateu, dizendo: “Não é hora de eleição. É momento de gestão”.

Em nova derrota para o governo, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Luís Roberto Barroso suspendeu, de forma liminar, a medida provisória editada por Bolsonaro que transfere a demarcação de terras indígenas da Funai para a Agricultura.

Ainda na política, a Segunda Turma do STF retirou da pauta o recurso em que a defesa do ex-presidente Lula pedia o reconhecimento da parcialidade do ex-juiz e atual ministro Sérgio Moro no seu julgamento, no caso do triplex do Guarujá.

Em nota, Carmem Lúcia, que assumiu a Turma, negou ter incluído o processo de Lula em último lugar. A expectativa é de que o julgamento possa ocorrer em agosto, dizem o Estadão e Globo. Segundo Mônica Bergamo, da Folha, Carmem não está segura de que será possível evitar que Moro seja considerado suspeito no caso.

Noticiário Econômico

Na economia, o destaque foi a anúncio pelo governo de um pacote para promover um “choque” de energia barata e incentivar a indústria, que prevê o repasse, por parte da União, de um total de R$ 5 bilhões a R$ 6 bilhões por ano, do Fundo Social do Pré-Sal aos Estados que privatizarem suas empresas de distribuição de gás e abrirem o mercado à iniciativa privada.

Segundo o ministro da Economia, Paulo Guedes, as mudanças representam a quebra de monopólios no setor de gás. Cálculos do governo apontam que o preço do gás pode cair 40% e o Produto Interno Bruto (PIB) industrial pode avançar 8,46% em dois anos. “Se cair 50% o preço da energia, PIB industrial pode subir 10,5%”, estimou Guedes.

A expectativa é de que os investimentos no setor movimentem cerca de R$ 34 bilhões até 2032. Guedes ressaltou que a quebra do monopólio é um movimento de mercado e que o governo federal não vai socorrer os Estados.

Representante das distribuidoras de gás natural, a Abegás, entretanto, vê com preocupação as medidas. A entidade questiona a participação do governo federal na elaboração de regras, já que a atribuição pertence às agências reguladoras estaduais.

Ainda na economia, o ministro da Infraestrutura, Tarcísio Gomes de Freitas, afirmou que o governo pretende privatizar os aeroportos de Congonhas, em São Paulo, e Santos Dumont, no Rio de Janeiro, em 2021 e “no mais tardar em 2022”.

Segundo ele, todos os aeroportos da Infraero serão transferidos para a iniciativa privada. Freitas diz que a intenção é permitir às empresas estrangeiras operarem no Brasil, sem limitação de capital nacional, o que vai atrair concorrência no País.

Outros movimentos privatistas virão do setor portuário, que começará com a venda da Docas do Espírito Santo e em seguida com a Docas de São Sebastião, em São Paulo. Segundo ele, a intenção é abrir o capital do Porto de Santos e “pensar algo semelhante para o Rio e Janeiro”, anunciou.

Noticiário corporativo

A Transpetro, subsidiária de logística da Petrobras, firmou contrato com a TAG no valor de R$ 5,46 bilhões para prestar serviço de apoio técnico ao transporte de gás. A TAG opera a rede de gasodutos que interliga as regiões Sudeste e Nordeste do País, e concentra a maior parte da malha de transporte de gás do País, excluído o gasoduto Bolívia-Brasil (Gasbol). A empresa foi vendida à francesa Engie neste mês, após aprovação do Supremo Tribunal Federal (STF). Porém, ainda haverá um período de transição em que a estatal continua participando da operação da TAG.

A Folha destaca que interlocutores de instituições financeiras tentam reduzir o impacto do aumento da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL) dentro do texto da reforma da Previdência. Uma das alternativas seria, ao elevar de 15% para 20%, ocorrer uma queda, anualmente, em 0,5 ponto porcentual. Dessa forma, ao longo de dez anos, a CSLL voltaria aos 15%. Além disso, a taxação adicional valeria apenas a banco com faturamento anual acima de R$ 1 bilhão, retirando, assim, cooperativas de crédito, fintechs e bancos menores.

Segundo o Estadão, o BTG Pactual está avaliando comprar a participação da Caixa no Banco Pan. Os dois já são sócios na instituição financeira. A Folha acrescenta que além da fatia no Banco Pan, a Caixa deverá se desfazer das suas ações na corretora de seguros Wiz. Além disso, a Caixa está num processo de venda de sua participação na Petrobras.

(Agência Estado e Agência Câmara)

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Marcos Mortari

Responsável pela cobertura de política do InfoMoney, coordena o levantamento Barômetro do Poder, apresenta o programa Conexão Brasília e o podcast Frequência Política.