Ibovespa Futuro segue bolsas mundiais e despenca após ameaça de Trump à China

Mercado enfrenta "sell-off" com a possibilidade de se voltar à estaca zero nas negociações para encerrar a guerra comercial entre EUA e China

Ricardo Bomfim

Ações em queda (Crédito: Shutterstock)

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SÃO PAULO – O Ibovespa Futuro cai forte nesta segunda-feira (6) acompanhando o “sell-off” global que se seguiu a dois tuítes do presidente norte-americano, Donald Trump, afirmando que irá aumentar de 10% para 25% as tarifas sobre US$ 200 bilhões em produtos chineses. O novo avanço protecionista deixa investidores com receio sobre o futuro das negociações comerciais entre os países. 

Às 9h08 (horário de Brasília) o contrato futuro do índice para junho recuava 1,42% a 95.210 pontos. Já o dólar futuro com o mesmo vencimento sobe 0,66% a R$ 3,974. Nos juros futuros, o DI para janeiro de 2021 avança quatro pontos-base a 7,09%, enquanto o DI para janeiro de 2023 tem alta de cinco pontos-base a 8,19%.

“As tarifas pagas aos EUA têm tido um pequeno impacto no custo dos produtos, em sua maior parte gerados pela China. As negociações comerciais com a China continuam, mas muito lentamente, enquanto eles tentam renegociar. Não!”, disse Trump.

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Em tuíte mais recente, o presidente dos EUA disse que seu país tem perdido, por muitos anos, de US$ 600 bilhões a US$ 800 bilhões em comércio exterior e que isso não vai mais acontecer. 

Apesar disso, o porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Geng Shuang, afirmou que uma delegação do país ainda prepara uma viagem aos Estados Unidos para uma nova rodada de negociações comerciais. O funcionário, contudo, não respondeu uma questão sobre a data da viagem nem se o grupo será liderado pelo vice-premiê Liu He.

Relatório Focus

Os economistas ouvidos pelo Relatório Focus do Banco Central derrubaram a projeção de crescimento da economia brasileira de 1,7% para 1,49% na semana passada, de acordo com o documento publicado nesta segunda. No início do ano, os economistas no Focus esperavam avanço de 2,53% no PIB (Produto Interno Bruto).

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É a décima vez seguida que as perspectivas para a economia brasileira são revisadas para baixo. Para 2020, a expectativa de crescimento da economia brasileira foi mantida em 2,5%.

Para o medidor oficial de inflação do BC, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o Focus mostra manutenção em 4,04% nas expectativas dos economistas. A mediana do Top 5 (os cinco economistas que mais acertam projeções) para o IPCA variou para cima de 3,96% para 3,98% na última semana. 

As projeções para a taxa de câmbio no fim do ano foram mantidas em R$ 3,75 e a previsão para a taxa de juros básica da economia brasileira, a Selic, continuou em 6,5% ao ano. 

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Política

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) defendeu, durante a divulgação de uma entrevista concedida ao apresentado Silvio Santos, na noite deste domingo, a aprovação da reforma da Previdência como maneira de tirar União, estados e municípios de uma situação financeira crítica. Segundo Bolsonaro, o País tem um gasto de R$ 750 bilhões por ano com o pagamento de aposentadorias e a diferença aumenta cada vez mais, “porque nós estamos vivendo mais”. 

Em busca de apoio popular para aprovar a reforma da Previdência, o Palácio do Planalto anunciou na noite desta sexta-feira, 3, que lançará campanha publicitária a favor da proposta na segunda quinzena de maio. Com o mote “Nova Previdência, pode perguntar”, as propagandas serão veiculadas em rádio, televisão, jornais e internet. O governo também pretende espalhar outdoors em algumas cidades. De acordo com o Planalto, a ideia é divulgar que as mudanças na Previdência vão promover justiça social e ampliar a capacidade de investimento do país.

O jornal O Globo destaca que o governo já prepara uma estratégia para driblar resistências à reforma da Previdência no Congresso e tentar manter a economia de R$ 1 trilhão. Segundo a publicação, deputados aliados apresentarão emendas que alteram o texto de pontos polêmicos, como o BPC, benefício pago a idosos de baixa renda. Será proposto que parte do benefício seja antecipada e que o valor de um salário mínimo seja recebido aos 68 anos e não aos 70 anos.

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Ainda neste domingo houve a convenção estadual do PSDB, em que os caciques tucanos aparecerem lado-a-lado, com o candidato derrotado nas últimas eleições, Geraldo Alckmin, afirmando se opor a um novo nome para o partido, ideia proposta pelo governo João Doria. Para Alckmin, os tucanos precisam fortalecer o ideal que gerou a criação da legenda, que é a social democracia.

Noticiário corporativo

A Vale informa que o atual presidente do Conselho de Administração da companhia, Gueitiro Matsuo Genso, será substituído por José Maurício Pereira Coelho. Segundo a mineradora, Pereira Coelho é um executivo com sólida experiência em finanças, relações com investidores, M&A, governança corporativa, planejamento estratégico e extensa atuação em conselhos de administração de companhias listadas no Novo Mercado da B3. Conforme a Vale, o executivo assumiu a presidência da Previ em julho de 2018 após ocupar diversas posições na diretoria do Banco do Brasil desde 2009.

Já a Braskem afirmou ser possível que não consiga arquivar o Formulário 20-F 2017 até 16 de maio, novo prazo dado à empresa pela Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). A companhia diz que segue empreendendo esforços importantes e recursos significativos, e trabalhando para concluir os procedimentos e análises sobre os seus processos e controles internos. O caso envolve investigações ligadas à Operação Lava-Jato. Caso o Formulário 20-F 2017 não seja arquivado até tal data, a companhia estará em descumprimento com as exigências de listagem da Nyse. Se isso ocorrer, a Nyse deverá dar início aos procedimentos para deslistagem e, simultaneamente, suspenderá a negociação das American Depository Shares (ADSs) da empresa.

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No setor de alimentos, a ministra da Agricultura, Tereza Cristina, se disse “perplexa” com as queixas da Associação Brasileira de Frigoríficos (Abrafrigo) sobre a lista de 24 unidades bovinas que será entregue pelo governo brasileiro aos chineses em busca de novas habilitações, segundo o jornal Valor Econômico. A disputa se encontra na lista de plantas, que estaria privilegiando a JBS, que tem sete frigoríficos, e a Minerva, com quatro. Das grandes companhias de carne bovina, apenas a Marfrig faz parte da Abrafrigo. JBS e Minerva estão com a Abiec, outra associação das indústrias exportadoras de cares.

Por fim, a Petrobras decidiu aumentar o preço médio do diesel comercializado nas refinarias em R$ 0,0577, enquanto o preço da gasolina permanecerá inalterado. A informação consta do site da empresa, no qual a petroleira lista os valores praticados em 37 postos de suprimento do mercado nacional, para a gasolina, o diesel S10 e o diesel S500. Com o reajuste de 2,57%, o preço do diesel passará de R$ 2,247 por litro para R$ 2,3047. O aumento passou a valer sábado, dia 4.

Ricardo Bomfim

Repórter do InfoMoney, faz a cobertura do mercado de ações nacional e internacional, economia e investimentos.