Ibovespa volta aos 94 mil pontos após confirmação de acordo para não aumentar ministérios

Índice caminha para continuidade da valorização da véspera com sinalizações melhores no ambiente doméstico e externo

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa opera em forte alta nesta terça-feira (21), estendendo os ganhos da véspera e seguindo o dia de alívio no exterior. Favorece o clima no mercado, o ambiente mais ameno na política, com a confirmação pelo jornalista da Rede Globo, Gerson Camarotti, de que houve um acordo entre Congresso e governo para não haver mais a recriação dos ministérios da Cidade e da Integração Nacional. A informação reforça os rumores de um acordo de líderes para votar a Medida Provisória 870 ainda esta semana.

Às 14h26 (horário de Brasília), o principal índice da B3 tinha alta de 2,43%, aos 94.176 pontos, enquanto o dólar comercial tinha queda de 1,21%, cotado a R$ 4,0547 na compra e a R$ 4,0554 na venda. O dólar futuro com vencimento em junho, por sua vez, recuava 1,01%, a R$ 4,060.

Além das boas notícias na política, repercute no mercado a decisão da agência de classificação de risco Fitch em manter o rating brasileiro em BB-, com perspectiva estável. Enquanto isso, os EUA relaxaram as restrições à Huawei, amenizando o clima internacional. 

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Segundo o blog do Valdo Cruz, do G1, líderes dos partidos defendem votar ainda nesta semana, na Câmara dos Deputados, a medida provisória 870, que trata da estrutura do governo, como forma de amenizar o clima de tensão entre o governo e o Congresso, principalmente por conta das manifestações marcadas para o próximo domingo. Por outro lado, o acordo deixaria de fora a recriação das pastas das Cidades e da Integração Nacional.

O clima melhorou ainda no fim da tarde e ontem, quando Bolsonaro disse que os parlamentares estão empenhados na aprovação da reforma da Previdência, indo contra suas declarações da manhã ao dizer que a “classe política” é o grande problema do Brasil. Isso praticamente descartou a chance de um texto alternativo da reforma ser proposto.

Ajuda no humor do mercado também a decisão da Fitch, que reafirmou o rating do Brasil em BB-, com perspectiva estável. Segundo a agência, o rating do País está contido por “fraquezas estruturais” em suas finanças públicas, com alto endividamento do governo, perspectivas de crescimento “fracas”, um ambiente político “difícil” e questões relacionadas à corrupção que têm pesado sobre a formulação eficaz da formulação da política econômica e pela dificuldade no progresso nas reformas.

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No mercado de juros futuros, o DI para janeiro de 2021 cai seis pontos-base a 6,89%, ao passo que o DI para janeiro de 2023 recua sete pontos-base a 8,09%. 

Mercado externo

No exterior, o governo dos Estados Unidos relaxou temporariamente restrições comerciais impostas na semana passada à companhia Huawei, da China, numa decisão voltada a minimizar problemas para seus clientes. O Departamento do Comércio afirmou em nota que a licença entrou em vigor na segunda-feira, 20, e vale por 90 dias.

O secretário de Comércio americano, Wilbur Ross, afirmou que o relaxamento das restrições à Huawei possibilitará a manutenção de redes de negócios existentes e a realização de atualizações nos dispositivos da empresa asiática, a maior fabricante de equipamentos de telecomunicações do mundo.

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O governo americano disse que permitirá transações “específicas, limitadas” envolvendo os itens da Huawei e suas 69 afiliadas de fora dos EUA, o que garantirá a continuidade das operações para os usuários de celulares existentes e de redes rurais de banda larga da empresa.

Hoje cedo, a OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico) informou que reduziu sua projeção de crescimento global neste ano de 3,3% para 3,2%, diante da incerteza no comércio com as tensões comerciais. No caso do Brasil, a OCDE espera crescimento de 1,4%, em 2019, e de 2,3%, em 2020.

Destaques de ações

No noticiário corporativo, seguem as preocupações quanto ao rompimento de uma nova barragem da Vale. Segundo o Estadão, a barragem do complexo do Gongo Soco, em Barão dos Cocais, tem risco entre 10% e 15% de se romper, afirmou ontem o secretário estadual de Meio Ambiente de Minas Gerais, Germano Vieira, citando inspeção feita por auditoria independente.

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O colapso da estrutura da mina da Vale pode desmoronar e desencadear a destruição da barragem de Barão dos Cocais e atingir a cidade em 1 hora e 12 minutos. O movimento do talude, encosta que dá sustentação à mina, subiu de 4 centímetros por dia para 7 centímetros por dia, aponta a Agência Nacional de Mineração.

Enquanto isso, o Conselho de Administração da Petrobras aprovou a assinatura de um aditivo ao contrato de cessão onerosa que prevê ressarcimento de US$ 9,058 bilhões à estatal. A execução desse plano, contudo, “está condicionada à solução orçamentária para o pagamento da União à Petrobras”, informa a empresa.

Noticiário Político

O presidente Jair Bolsonaro voltou a culpar ontem parlamentares e “grupos corporativistas” pelos problemas de sua administração. Segundo ele, o país “tem tudo pra dar certo, mas o problema é a nossa classe política”. Ao mesmo tempo, fez um aceno aos parlamentares dizendo que estão empenhados em aprovar a Reforma da Previdência. Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, indicou ontem à iniciativa de transferir ao Congresso a responsabilidade de decisão sobre quais programas e ações terão recursos cortados ou contingenciados.

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As mudanças no projeto da Reforma da Previdência serão feitas com base na proposta do governo, destacou o relator do projeto, o deputado Samuel Moreira, que descartou um texto alternativo, como sugerido pelo presidente da comissão especial, Marcelo Ramos. Entretanto, os parlamentares vão querer fazer alterações em pontos da proposta.

O projeto de Reforma Tributária deverá ser votado amanhã na Comissão de Constituição e de Justiça (CCJ), segundo seu presidente, Felipe Francischini. Ele afirmou, porém, que estranhou a fala de Bolsonaro de que o governo vá enviar ao Congresso outra proposta com o mesmo tema, assim que a reforma da Previdência for aprovada. De acordo com o Estadão, o deputado do PSL reclamou da falta de diálogo sobre quais pautas podem ganhar destaque na CCJ.

Bolsonaro e seus aliados buscam apoio popular às manifestações e atos nas ruas que estão programados para o próximo domingo. Segundo o Estadão, ao menos 60 cidades estão com manifestações programadas. A publicação destaca que além da defesa das reformas e do pacote anticrime, alguns grupos defendem uma CPI contra o Judiciário e o enfrentamento do Centrão.

O Clube Militar, lideranças evangélicas e dos caminhoneiros endossaram as manifestações. No entanto, em São Paulo, a deputada Janaina Paschoal criticou os atos e ameaçou deixar o PSL. O MBL não irá endossar as manifestações, por questionar a pauta e a “idolatria” cega a Jair Bolsonaro. Alguns interlocutores do presidente também são contrários aos movimentos de domingo, pelo risco de baixa adesão das ruas.

O Estadão destaca que representantes de dez partidos, entre eles PT, PSDB, PDT e Cidadania, se reuniram, em São Paulo, para organizar o lançamento do movimento “Direitos Já, Fórum pela Democracia”. O objetivo é formatar um grupo suprapartidário de oposição ao governo Bolsonaro. O movimento, que começou pelo WhatsApp, foi organizado por Fernando Guimarães, do PSDB, e Março Aurélio Carvalho, do PT.

Noticiário Econômico

O jornal Valor Econômico informa que o Brasil perdeu espaço em relação a outros emergentes em termos de nível de renda, ao invés de se aproximar. Com baixo crescimento da produtividade, o PIB per capita corresponde hoje a pouco mais de um quarto do americano. Em 1980, equivalia a 40%. Nesse período, o Chile subiu de a 41,5%, de 27,4%; China avançou a 28,9%, de 2,5%; e Coreia do Sul atingiu 66%, ante 17,5%.

A cobrança de IOF sobre as exportações traz preocupação ao setor indústria, pontua o Valor Econômico. Segundo a publicação, ao tornar mais clara a determinação de cobrança do IOF às empresas que não trazem imediatamente ao país os recursos decorrentes da exportação, há riscos de uma tributação adicional de R$ 3,7 bilhões, aponta a Confederação Nacional da Indústria (CNI).

O Estadão destaca que, após um ano da greve, a situação dos caminhoneiros só piorou. Com o fim do subsídio, a categoria afirma que o diesel está hoje mais caro do que estava em maio de 2018 e que a tabela de fretes não funciona. Segundo a reportagem, a internet empoderou dos caminhoneiros, mas também criou desavenças; categoria se queixa atualmente da falta de união.

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Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.