Ibovespa ignora exterior, sobe 1% com apostas no governo após Davos e chega à 5ª semana seguida de alta

Índice acelera ganhos na reta final do pregão e fecha semana com valorização de 1,6%

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – O Ibovespa voltou a renovar sua máxima histórica nesta quinta-feira (24), superando os 97 mil pontos com os investidores ainda repercutindo com otimismo as diretrizes informadas pelo governo Bolsonaro para a reforma da Previdência.

A bolsa bateu novo recorde apesar da queda das bolsas americanas. A declaração do secretário de comércio dos EUA, Wilbur Ross, de que um acordo com a China ainda está “a milhas de distância”, segurou os ganhos em Wall Street.

O Ibovespa fechou com alta de 1,16%, aos 97.677 pontos, renovando sua máxima histórica e chegando à quinta semana seguida de ganhos, subindo desta vez 1,64%. O volume financeiro neste pregão ficou em R$ 15,120 bilhões.

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Enquanto isso, o contrato de dólar futuro com vencimento em fevereiro de 2019 subiu 0,15%, a R$ 3,773, ao passo que o dólar comercial avançou 0,23%, cotado a R$ 3,7719, mantendo sua tendência de não acompanhar a euforia do mercado (entenda clicando aqui).

Sobre o movimento dos DIs, os contratos com vencimento em janeiro de 2021 subiram 2 pontos-base, para 7,22%, enquanto os juros futuros para janeiro de 2023 subiram 9 pontos, a 8,32%. O movimento nos juros futuros é de acomodação após renovação de níveis sobrevendidos em diversos vencimentos.

Ontem, Bolsonaro prometeu reformar a Previdência, adotando a idade mínima, e afirmou que a mudança será substancial. Ele disse ainda que a situação dos estados aponta para a aprovação da reforma, que interessa aos governadores. Por outro lado, perguntado sobre a participação dos militares, o presidente afirmou o sistema de aposentadoria das Forças Armadas entraria apenas “numa segunda parte da reforma”.

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Hoje, a equipe econômica do governo brasileiro participa de novas reuniões no último dia do Fórum Econômico de Davos e o presidente segue tendo que lidar com a pressão das investigações envolvendo seu filho Flávio Bolsonaro. Vale lembrar que a bolsa estará fechada na sexta-feira (25) devido ao aniversário de São Paulo.

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Destaques de ações
As maiores altas, dentre as ações que compõem o Índice Bovespa, foram:

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 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 VVAR3 VIAVAREJO ON 5,49 +6,40 +25,06 167,13M
 CCRO3 CCR SA ON 14,28 +5,54 +27,50 231,93M
 KROT3 KROTON ON 11,44 +5,54 +28,97 345,98M
 ECOR3 ECORODOVIAS ON 11,17 +5,28 +19,08 69,39M
 CIEL3 CIELO ON 10,68 +4,60 +20,14 236,86M

As maiores baixas, dentre os papéis que compõem o Índice Bovespa, foram:

 Cód. Ativo Cot R$ % Dia % Ano Vol1
 LOGG3 LOG COM PROPON 18,80 -2,08 +4,33 9,69M
 MGLU3 MAGAZ LUIZA ON 167,48 -1,25 -7,20 189,25M
 FLRY3 FLEURY ON 22,00 -0,95 +11,93 28,61M
 BBAS3 BRASIL ON 48,95 -0,51 +5,29 486,56M
 TIMP3 TIM PART S/AON 12,55 -0,48 +7,29 61,48M

As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram:

 Código Ativo Cot R$ Var % Vol1 Vol 30d1 Neg 
 PETR4 PETROBRAS PN N2 25,54 +0,43 1,01B 1,63B 41.591 
 ITUB4 ITAUUNIBANCOPN 37,49 -0,13 797,12M 746,55M 43.518 
 VALE3 VALE ON 56,15 +0,90 790,44M 1,01B 24.757 
 B3SA3 B3 ON 31,65 +1,57 751,39M 353,36M 28.575 
 BBDC4 BRADESCO PN 43,15 +1,01 690,47M 566,31M 27.999 
 ITSA4 ITAUSA PN 13,20 +1,62 509,50M 347,49M 40.515 
 BBAS3 BRASIL ON 48,95 -0,51 486,56M 499,59M 28.294 
 ABEV3 AMBEV S/A ON 17,16 -0,12 414,77M 401,04M 36.843 
 SUZB3 SUZANO PAPELON 47,95 +4,60 346,23M n/d 22.795 
 KROT3 KROTON ON 11,44 +5,54 345,98M 127,61M 53.762 

* – Lote de mil ações
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão)
IBOVESPA

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Bolsas mundiais

Os índices das bolsas nos Estados Unidos operavam em queda com a informação de que o acordo com a China ainda está longe de ser fechado e à espera da divulgação de diversos balanços relativos ao quarto trimestre de 2018.

Na véspera, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, alertou a China que tarifas sobre produtos do país asiático podem ser elevadas caso um acordo comercial entre os dois países não seja alcançado. Apesar da ameaça, o republicano afirmou que as conversas entre autoridades americanas e chinesas estão “indo muito bem” e ressaltou que Pequim deseja fazer um acordo com Washington.

Os impactos negativos da paralisação parcial do governo norte-americano, que chega ao seu 34º dia, nas bolsas por lá são parcialmente neutralizados pelos dados positivos de balanços do quarto trimestre. O Senado dos EUA dá um passo em direção a uma solução para o shutdown com a votação de uma proposta democrata para financiar o governo por três semanas. A votação está prevista para hoje e não inclui os US$ 5,7 bilhões exigidos por Trump para a construção de um muro na fronteira com o México.

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Os índices europeus operam em leve alta a despeito dos ruídos sobre o embate entre China e Estados Unidos. Quanto ao Brexit, o ministro das Finanças do Reino Unido fará um discurso no Fórum Econômico de Davos e pedirá que os investidores continuem fazendo aportes no país mesmo depois da saída da União Europeia, marcada para 29 de março.

As bolsas asiáticas encerraram mistas a despeito das incertezas sobre o crescimento global e a guerra comercial entre China e Estados Unidos. 

No mercado de commodities, o preço do minério de ferro sobe mais de 1%. O petróleo opera perto da estabilidade com a pressão da desaceleração econômica global.

Davos e Reforma da Previdência

O presidente Jair Bolsonaro e sua equipe econômica participam do último dia do Fórum Econômico de Davos.

O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse em entrevista à Reuters que a proposta de reforma da Previdência que está sendo estruturada pelo governo pode render uma economia de R$ 700 bilhões a R$ 1,3 trilhão em 10 anos, podendo chegar a dois terços a mais do que o esforço do governo anterior, que falhou.

“Isso terá um poderoso efeito fiscal e vai resolver por 15, 20, 30 anos”, disse ele, que acrescentou mais tarde: “É isso ou seguimos (o caminho da) Grécia”. O ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que a definição da proposta da reforma da Previdência deve ocorrer nas próximas semanas.

Ainda sobre a reforma da Previdência, Bolsonaro e seu vice, Hamilton Mourão, sinalizaram que as regras para os militares podem ser alvo de mudanças apenas numa segunda etapa, após a aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que deve alterar os critérios de aposentadoria pelo INSS e para os servidores públicos.

A estratégia que será defendida pela equipe econômica, porém, é que o projeto de lei dos militares seja encaminhado logo no início do ano legislativo, com o novo texto da reforma, para reforçar a tese de que todos precisarão dar sua contribuição para o equilíbrio da Previdência e das contas do País.

Noticiário político 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, afirmou na quarta-feira (23), que o governo quer reduzir o Imposto de Renda pago pelas empresas do país de 34%, em média, para 15%. Para compensar o corte, Guedes estuda aumentar os tributos sobre renda e aplicações financeiras que hoje são isentas ou pagam pouco imposto.

Em entrevista ao Estadão/Broadcast, no Fórum Econômico Mundial, ele explicou que a motivação dessa reorganização tributária é atrair investidores estrangeiros. Declarações do ministro fizeram o dólar cair 1,13%, a R$ 3,76, e a bolsa bater o 10º recorde no ano.

A proposta de Guedes, no entanto, deve enfrentar resistência no Congresso, principalmente por parte de consultores, economistas, advogados e contadores que podem perder com a mudança. Micro e pequenas empresas do Simples também podem ser prejudicadas, se as alíquotas não acompanharem a redução.

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Sobre as investigações envolvendo Flávio Bolsonaro, a pressão dos militares sobre o presidente para deixar que seu filho responda sozinho é cada vez maior e há até a sugestão de que ele não assuma seu cargo de senador até que as suspeitas sejam esclarecidas.

Bolsonaro chegou a dizer que seu filho deveria responder legalmente caso as investigações apontassem alguma responsabilidade, mas afirmou que o caso está sendo usado para pressionar o presidente.

“A pressão enorme em cima dele é para tentar me atingir. Nós não estamos acima da lei. Pelo contrário, estamos abaixo da lei. Agora, que se cumpra a lei, não façam de maneira diferente para conosco. Não é justo atingir um garoto, fazer o que estão fazendo com ele, para tentar me atingir”, disse Bolsonaro em entrevista à Record em Davos. 

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.