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Para ficar rico com criptomoedas Jake Benson não precisa escolher um vencedor entre as centenas de empresas que vendem tokens digitais. A única coisa que ele precisa é fazer a declaração de impostos delas.
Benson está seguindo o modelo de 1849. Assim como os donos das lojas de ferramentas durante a Corrida do Ouro da Califórnia, ele está oferecendo o equivalente digital a picaretas e pás. No caso dele, serviços de contabilidade.
O mundo das moedas digitais atrairá bilhões de dólares de investidores institucionais se for capaz de realizar serviços administrativos chatos como custódia bancária e sistemas de trading, além da contabilidade fiscal. Embora essas funções sejam basicamente as mesmas das empresas tradicionais, o setor de criptomoedas apresenta desafios próprios.
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“Só para mencionar uma diferença, o número de casas decimais em um ativo criptografado pode ter mais de 18 dígitos”, disse Benson, cuja empresa administrativa Libra atende exclusivamente o setor de criptomoedas. “Só isso já é suficiente para quebrar muitos sistemas contábeis.”
Competição
Centenas de empresas como a de Benson estão competindo para vender as porcas e os parafusos desse mercado em crescimento. As startups financiadas por capitais de risco e pelas vendas de tokens estão lutando para se impor e o campo começa a ficar lotado. Como os vendedores de ferramentas para a mineração durante a Corrida do Ouro, eles pretendem lucrar, sendo ou não o bitcoin e as outras criptomoedas um tesouro digital.
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Se empresas estabelecidas como a State Street e o Bank of New York Mellon decidirem fazer negócios com o mundo das moedas virtuais, isso daria credibilidade ao setor, mesmo se essas firmas não tiverem muito conhecimento sobre o assunto, disse Morgan Hill, sócio em Nova York da Turing Funds, de US$ 30 milhões.
“Não há soluções prontas nas finanças tradicionais”, disse Hill. “Tudo ainda está em processo de elaboração. A expertise nesse setor é das pessoas que entraram cedo e aprenderam os segredos.”
Em um trio de conferências sobre criptomoedas em Nova York no mês passado, centenas de empresas clamavam por uma das duas coisas, disse Hill: investidores para suas ofertas iniciais de moedas (ICO, na sigla em inglês) ou clientes para seus negócios de back-office.
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Quase todas as companhias são startups e a maioria ainda não criou o que Hill chama de “MVP” — um produto viável mínimo, na sigla em inglês. Algumas, como a Libra, a firma de Benson, existem há alguns anos e vão incorporando clientes e pessoal à medida que a demanda aumenta. O importante é reter os clientes, disse David Wills, diretor operacional da Caspian, uma fornecedora de sistemas de trading de criptomoedas e tecnologias relacionadas para hedge funds com sede em Hong Kong.
O cenário atual das criptomoedas é muito parecido com o do nascimento do boom das pontocom em meados da década de 1990, disse Alex Gordon-Brander, CEO da Omega One.
“Naturalmente, nem todos sobrevivem”, disse ele. “Mas está claro que a revolução está acontecendo e que os líderes estão surgindo.”