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SÃO PAULO – Na última semana alguns analistas passaram a demonstrar preocupação com a caminhada do dólar, passando a apontar a possibilidade do Copom (Comitê de Política Monetária) desta quarta-feira (16) não cortar os juros em 25 pontos-base como esperado. E apesar de ainda haver um certo consenso no mercado na linha contrária, nesta segunda-feira (14) surgiu mais um fator para aumentar a dúvida dos investidores.
Entre os maiores defensores de que o Banco Central não corte mais os juros esta semana está o diretor de câmbio da NGO, Sidnei Moura Nehme. Para ele, o cenário de muita busca por proteção (o chamado hedge) tem explicado a alta da moeda e isso deve piorar conforme a eleição de aproxima. Diante disso, o analista reforça que as projeções para o Brasil deveriam ser revistas e essa mudança de postura do BC pode até ser vista como um sinal indo nesta direção.
Após o dólar superar os R$ 3,60 na última sexta-feira, o BC anunciou uma mudança em sua estratégia de atuação no câmbio, passando a ofertar 4225 contratos de swap por dia para rolar os US$ 5,7 bilhões que vencem em junho. Com isso, a autoridade irá fazer a rolagem integral dos contratos este mês.
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Mas além disso, o BC agora fez a venda de mais 5.000 contratos de swap (o equivalente a US$ 250 milhões). Neste cenário, serão ofertados US$ 3 bilhões adicionais no mercado ao longo de maio. Na estratégia anterior, a autoridade iria ofertar mais contratos apenas no fim do mês. Atualmente o estoque de swaps cambiais encontra-se hoje em US$ 24 bilhões.
Esta mudança coloca mais dúvidas nos investidores, principalmente após o presidente do BC, Ilan Goldfajn, afirmar na semana passada que a alta recente do dólar é “normal” e parte de um processo que também afeta outros emergentes, o que levou a uma volta das apostas de corte de juros para 6,25% ao ano na próxima quarta.
Apesar do aumento da cautela, a maioria do mercado segue acreditando do corte de juros esta semana, sendo que a diferença na política monetária pode vir no futuro, com a autoridade mantendo as taxas baixas por um tempo menor. Por outro lado, analistas ainda vêem o mercado testando o Banco Central, e por conta disso, este movimento da autoridade monetária não será suficiente para tirar a pressão do câmbio, pelo menos por enquanto.
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“O mercado vai ficar testando. Enquanto não tiver fluxo, mercado continua complicado. A verdade é que nada mudou tanto no cenário externo quanto no quadro político”, disse Italo Abucater, chefe da mesa de câmbio da Tullett Prebon Brasil para a Bloomberg.
Para o Rabobank, não há ligação do movimento do BC nos swaps com a política do Copom. “as mudanças parecem sinalizar a busca de uma maior efetividade” na política de swaps, isto é maior impacto de mercado, em termos de redução de volatilidade, sem majoração no uso de recursos”, afirma a instituição em relatório.
Segundo os analistas, a medida parece ter objetivo de “espalhar um pouco mais a ‘venda’ de dólares pelo BC e não concentrar o efeito apenas no fim do mês”. A resposta sobre o corte de juros só virá na quarta-feira, mas parece ser difícil Ilan e sua equipe mudarem de estratégia agora. O mais provável é a Selic cair para 6,25%, mas só os próximos meses dirão até quando os juros continuarão neste patamar.
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Nesta segunda, após abrir o pregão em queda, refletindo um movimento generalizado de recuo contra as moedas emergentes, o dólar virou para forte alta, e às 12h36 (horário de Brasília), registrava valorização de 0,64%, cotado a R$ 3,6237 na venda, a máxima do dia.
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