Temor com Amazon continua? Magazine Luiza despenca até 13% e B2W tem baixa de 5%; veja mais destaques

Confira os destaques do noticiário corporativo desta terça-feira (17)

Lara Rizério

(Divulgação)

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Empresas ponto.com

Não teve jeito. Após chegarem a esboçar uma recuperação durante a manhã desta terça após o “pânico” do mercado com a expansão da Amazon, as ações das varejistas ponto.com voltam a despencar na bolsa, com destaque para a baixa de Magazine Luiza (MGLU3, R$ 60,32, -12,96%), que chegou a entrar em leilão, e de B2W (BTOW3, R$ 19,35, -5%), enquanto Via Varejo (VVAR11, R$ 21,18, -1,07%) registra baixa mais modesta.

Tanto a queda de B2W quanto a de Magazine Luiza se intensificou durante a tarde, mais precisamente a partir das 14h50. Desde aquele horário, a corretora do Morgan Stanley aparece com o maior saldo vendedor para ambos os ativos, assim como a maior compradora de VVAR11. Como essa corretora é usada por grandes investidores para realizar suas operações, esse movimento pode significar uma troca de portfólio. A baixa também se acentua horas antes da Amazon iniciar a ampliação da sua categoria de vendas no País, de acordo com informações do Valor. O jornal afirmou que a companhia começará a vender eletrônicos na próxima quarta-feira (18). 

Vale destacar que, durante a manhã, quando as ações da B2W chegaram a subir quase 4%, enquanto o mercado digeria a notícia do Valor Econômico de que, na semana em que a Amazon deve anunciar oficialmente sua entrada no mercado brasileiro que tanto abalou as companhias, a B2W revela como pretende enfrentar a concorrente americana. O plano é acelerar o “marketplace” de produtos eletrônicos e entrar, até dezembro, no mercado de venda produtos usados entre consumidores, o C2C, segmento explorado por outro rival, o Mercado Livre.  O BTG Pactual pontuou que mantém visão positiva sobre a companhia (um dos potenciais vencedores no setor de e-commerce brasileiro), reiterando que o terceiro trimestre deverá apresentar sinais ainda mais claros do turnaround da empresa nos últimos meses, levando a uma queima de caixa próxima a zero, enquanto as perspectivas para os próximos anos são positivas.  

Veja mais em: Há motivo para tanto pânico das varejistas com a expansão da Amazon no Brasil?

Vale (VALE3, R$ 32,80, -1,65%;VALE5, R$ 30,10, -1,60%) e siderúrgicas
As ações da Vale registram queda na sessão após duas sessões de alta, repercutindo a baixa do minério de ferro, com o contrato futuro negociado em Dalian em queda de 1,74%, a 453 iuanes, enquanto o minério negociado em Qingdao tem baixa de 0,35%, a US$ 62,72 a tonelada. O mercado aguarda pelo Congresso do Partido Comunista Chinês, com a expectativa de que o presidente do país, Xi Jinping, consolide e cimente seu poder na segunda maior potência econômica do planeta. As ações de siderúrgicas também registram baixa, com destaque para Usiminas (USIM5, R$ 10,11, -1,65%), CSN (CSNA3, R$ 9,96, -1,68%) e Gerdau (GGBR4, R$ 11,30, -1,05%). 

Já no radar da Vale, conforme aponta reportagem da Bloomberg, a Vale tem um plano de reserva para ir ao Novo Mercado caso não obtenha os votos necessários completar a conversão acionária em Assembleia Especial de acionistas nesta semana: um waiver regulamentar. Em fevereiro, a Vale apresentou um roteiro para encerrar com um acordo de 20 anos que dava o controle da companhia a um grupo de acionistas públicos e privados.

A Vale já convenceu quase 85% dos acionistas preferenciais a concordarem com uma nova estrutura que remova o poder do grupo de controle – e o risco de intromissão do governo. Mas ela ainda precisa conseguir o consentimento dos detentores do restante das ações PN para concluir a conversão e aderir ao Novo Mercado. O assunto será tratado pelos acionistas em assembleia nesta quarta-feira. Se eles não conseguirem obter o consentimento total dos
remanescentes – incluindo fundos de investimento de gestão passiva e investidores que não puderam ser contatados ou não sabiam da conversão – a companhia pode decidir solicitar um waiver da CVM. A diretoria sinalizou que poderá conseguir o waiver no mesmo dia, disse Leonardo Correa, analista do BTG Pactual, em nota no mês passado. A reestruturação pode desembaraçar uma estrutura acionária que pesava sobre o preço das ações da Vale, negociadas com desconto em relação às principais rivais.

 Embraer (EMBR3, R$ 16,08, -5,36%)

A  Airbus e Bombardier anunciaram um negócio em que a Airbus vai adquirir uma participação majoritária no CSeries. Esse negócio faz com que o C-Series ganhe força comercialmente, especialmente nos EUA (onde a planta da Airbus poderia ser utilizada para evitar as tarifas de importação que estão sendo impostas a Bombardier).

Segundo o BTG Pactual, essa é uma notícia naturalmente negativa para a Embraer – CSeries é um dos principais competidores da nova família de jatos comerciais da Embraer. A ação também teve a recomendação cortada para manutenção pelo Deutsche Bank. 

Locamérica (LCAM3, R$ 15,22, +2,22%)
Do lado das small caps, as ações da Locamérica chegaram a subir 4,10% novamente nesta sessão, após terem disparado 10,62% na véspera com um relatório positivo do BTG Pactual sobre a empresa. Contudo, durante o pregão, a alta amenizou; de qualquer forma, em dois pregões, a alta acumulada é de quase 13%. Os analistas Renato Mimica e Samuel Alves, do banco, apontam que a ação é negociada a um valuation atrativo, depois de uma melhora expressiva no ROE (Retorno sobre Patrimônio Líquido) nos últimos anos – passando de 6% em 2015 para 16,5% no primeiro semestre de 2017. Eles citam também um potencial de ganhos vindo de sinergias e consolidação da empresa. Com isso, a recomendação do papel foi reiterada em compra, com preço-alvo de R$ 17,50 para os próximos 12 meses, o que representaria uma valorização de 23% frente ao patamar atual.

Tenda (TEND3, R$ 18,38, -1,45%)
As ações da Tenda passaram de alta de 2% para queda de cerca de 1,5%, acompanhando o dia negativo da bolsa brasileira. De acordo com o Credit Suisse, os dados operacionais da Tenda foram positivos, destacando que a empresa conseguiu antecipar alguns lançamentos para se proteger caso tenha alguma restrição no orcamento do FGTS no final do ano. Os lançamentos alcançaram R$ 488 milhões no terceiro trimestre e a expectativa do Credit se mantém em R$ 1,5 bilhão para o ano. “Interessante que, mesmo com o lançamento mais forte, a empresa conseguiu aumentar o landbank com a compra de 51 projetos e entrando no quarto trimestre com R$ 6,3 bilhões.  A compra de terreno é fundamental para a Tenda sustentar o ritmo atual de lançamento. Além disso, a empresa entregou vendas fortes e queda de distrato”, apontam os analistas. 

MRV Engenharia (MRVE3, R$ 14,25, +0,35%)
A MRV tem leve alta após apresentar sua prévia operacional do terceiro trimestre. A companhia informou que suas vendas líquidas subiram 21% no terceiro trimestre, ante o mesmo período no ano anterior, para R$ 1,28 bilhão. De acordo com os dados operacionais divulgados, as vendas brutas ficaram em R$ 1,55 bilhão, o que corresponde a um novo recorde na empresa. Os lançamentos somaram R$ 1,41 bilhão entre julho e setembro, em uma alta de 72% na comparação anual. Os distratos, por sua vez, caíram R$ 16%, para R$ 265 milhões, o que fez sua relação com as vendas cair de 22,9% para 17,1%.

O Bradesco BBI apontou sólidos números operacionais preliminares; os principais destaques foram alta nos lançamentos, recorde em vendas brutas e líquidas e maior transferência de unidades em 13 trimestres; “A MRV é o nosso segundo nome mais barato no segmento”, avalia o banco. O Santander espera reação positiva a dados operacionais positivos; “mantemos nossa visão positiva em MRV, pois esperamos que as operações da empresa continuem a produzir resultados positivos nos próximos anos”. 

Oi (OIBR4, R$ 5,04, -1,18%)
A ação da Oi passou de alta de quase 6% para queda de olho nos próximos passos da recuperação judicial da companhia. De acordo com fontes ouvidas pela Bloomberg, o China Development Bank deve apoiar plano de recuperação da Oi; a CDB pode assinar documento ainda nesta terça- feira. A companhia ainda informou que a posição final de caixa em agosto era de R$ 7,3 bilhões e a geração de caixa operacional líquida foi de R$ 61 milhões no mês.

(Com Bloomberg e Agência Estado) 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.