Ibovespa Futuro sobe com definição da meta e risco de downgrade afastado

Governo confira a expectativa e anuncia déficit de R$ 159 bilhões para 2017 e 2018

Rafael Souza Ribeiro

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SÃO PAULO – Os contratos futuros de Ibovespa com vencimento em outubro registram nesta quarta-feira (16) alta de 0,40%, aos 69.750 pontos, às 9h03 (horário de Brasília), com o mercado refletindo a definição das metas fiscais pelo governo e aliviado após a S&P (Standard & Poor’s) retirar a nota de crédito soberano do Brasil do status de observação negativa e manter o rating brasileiro em “BB”, afastando (por ora) o risco de downgrade da nota brasileira, grande receio do mercado nos últimos dias. Vale ressaltar que hoje ocorre o vencimento de opções sobre índice.

No mesmo momento, os juros futuros com vencimento em janeiro de 2019 registravam baixa de 1 ponto, cotados a 8,02%, enquanto os contratos de janeiro de 2021 recuavam 2 pontos, negociados a 9,32%. Além disso, o dólar futuro com vencimento em setembro marcava desvalorização de 0,20%, aos 3.175 pontos.

Após muitas idas e vindas, o governo anunciou na noite de ontem o aumento da meta de déficit fiscal do Governo Central (Tesouro Nacional, Previdência Social e Banco Central) para R$ 159 bilhões este ano. A meta para o próximo ano também foi revista para R$ 159 bilhões. Originalmente, a meta de déficit estava fixada em R$ 139 bilhões para este ano e em R$ 129 bilhões para 2018. No entanto, a arrecadação ainda em queda, e uma série de frustrações de receitas dificultaram o cumprimento da meta original.

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O governo também revisou as projeções para 2019 e 2020. Para 2019, a estimativa de déficit passou de R$ 65 bilhões para R$ 139 bilhões. Para 2020, o resultado passou de superávit de R$ 10 bilhões para déficit de R$ 65 bilhões. Além disso, também postergou reajuste de servidores e anunciou outras medidas. 

Logo após o anúncio, a agência de classificação de risco S&P retirou a nota de risco soberano do Brasil do status de observação negativa (CreditWatch negativo), mantendo a nota de crédito brasileira em moeda estrangeira e local em “BB” – dois patamares abaixo do grau de investimento. A agência explicou que perspectiva negativa reflete os desafios políticos em curso e o risco de uma decaída nos próximos seis a nove meses, devido ao alto e crescente fardo da dívida do Brasil, se o Congresso não avançar na legislação para reduzir a rigidez fiscal do Brasil.

Bolsas mundiais

O sentimento positivo no exterior predomina e a maior parte das bolsas europeias sobem, com mineradoras entre destaques, após dados apontarem crescimento no continente, enquanto mercado espera pela ata do Fomc, a ser divulgada na tarde de hoje. Entre os dados positivos europeus, a economia da região cresceu um pouco mais do que inicialmente estimado na comparação anual do segundo trimestre, segundo dados revisados. O PIB da zona do euro teve expansão de 2,2% ante igual período do ano passado, e não de 2,1%, como foi originalmente calculado no começo deste mês, informou a Eurostat.  Já a taxa de desemprego do Reino Unido caiu para 4,4% no trimestre até junho, de 4,5% no período de três meses encerrado em maio, atingindo o menor nível desde o primeiro semestre de 1975.

Na Ásia, as bolsas fecharam sem direção única, mas o sentimento geral é mais favorável do que o da semana passada, quando a tensão geopolítica entre Estados Unidos e Coreia do Norte estava no auge. Entre as commodities, o petróleo interrompe queda de 2 dias com API apontando baixa de estoques antes de dados do DOE; metais sobem em Londres, enquanto o minério de ferro tem leve baixa em Qingdao e Dalian. Por outro lado, os futuros de cobre operam em alta significativa nesta manhã, em linha com outros metais básicos, favorecidos por restrições impostas a refinarias chinesas.

Às 9h03, este era o desempenho dos principais índices:

*CAC-40 (França) +0,98%

*FTSE (Reino Unido) +0,60%

*DAX (Alemanha) +0,85% 

*Hang Seng (Hong Kong) +0,86% (fechado)

*Xangai (China) (fechado) -0,14% (fechado)

*Nikkei (Japão) -0,12% (fechado)

*Petróleo WTI +0,25%, a US$ 47,67 o barril

*Petróleo brent +0,39%, a US$ 51,00 o barril

*Contratos futuros do minério de ferro negociados na bolsa chinesa de Dalian -0,38%, a 524 iuanes

 * Minério de ferro negociado em Qingdao 62% -0,96%, a US$ 72,97 a tonelada

Cenário político
O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), afirmou que o relatório sobre a TLP será apresentado às 15 horas e será dada vista coletiva. Ainda no radar político, os jornais de hoje informam que o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB-RJ) foi informado de que as negociações de seu acordo de delação foram suspensas pela Procuradoria-Geral da República.

Por fim, a Polícia Federal cumpre na manhã de hoje cinco mandados de busca e apreensão em uma operação de combate a crimes de lavagem de capitais, evasão de divisas, crimes contra o sistema financeiro nacional e corrupção. A ação é o primeiro desdobramento da Operação Lava Jato no Rio Grande do Sul.

Agenda de indicadores

No exterior, o destaque fica para a ata da última reunião do FOMC na quarta-feira (16) às 15h (horário de Brasília). Dados do PPI e CPI na última semana vieram abaixo do previsto, condizentes com a visão de que o aperto monetário seguirá uma linha gradualista, favorável aos ativos de países emergentes, como o Brasil. Antes disso, às 9h30, serão divulgados dados do setor imobiliário, como o Housing Starts e Building Permits. Às 11h30, atenção para os dados de estoque de petróleo semanal nos EUA. Já no Brasil, o IBGE divulga às 9h os dados de serviço referentes a junho. Às 12h30, o Banco Central divulga o fluxo cambial semanal. 

IM na Bolsa Especial

Seguindo uma bola cantada pelo analista técnico Rodrigo Cohen, da Rico Corretora, no último domingo (veja aqui), o Ibovespa se aproxima de “teste de fogo” nos 69.300 pontos. Depois de três sessões seguidas de alta e com uma agenda densa hoje, chegou a hora de uma realização? A pergunta será respondida em uma edição especial do “InfoMoney na Bolsa” desta quarta-feira (15), que terá como convidado o analista técnico Rodrigo Cohen, da Rico Corretora. A transmissão ao vivo começa a partir das 9h15 na InfoMoneyTV (acompanhe aqui). Além da perspectiva para o índice, o analista comentará ainda sobre 4 eventos na agenda do dia que podem trazer volatilidade ao mercado.

Noticiário corporativo

Na reta final da temporada de balanços, a  Braskem informou que teve lucro líquido de R$ 1,089 bilhão no segundo trimestre de 2017, 167,7% superior frente o lucro líquido de R$ 406,9 milhões registrado em igual período de 2016. Ainda sobre a temporada, a CSN informou que não vai entregar balanço do segundo trimestre no prazo previsto – a siderúrgica disse que ainda está trabalhando com auditores externos para concluir revisão das demonstrações financeiras do exercício 2015, bem como para fechamento do exercício encerrado em 2016. Já a Petrobras destacou que a produção de petróleo e gás natural em julho foi de 2,74 milhões boed. Ainda sobre estatais, Henrique Meirelles afirmou que o leilão das usinas da Cemig está mantido. 

No radar de recomendações, a Marcopolo foi elevada de underweight para overweight pelo JPMorgan, enquanto a Metal Leve foi rebaixada de overweight para neutra pelo mesmo banco. Já a Sabesp foi elevada de neutra para compra por Janney. Vale destacar que esta quarta marca o vencimento de opções sobre Ibovespa na B3 e a bolsa divulga a segunda prévia da nova composição do Ibovespa.

Além disso, a B3 divulga a segunda prévia da carteira teórica do Ibovespa válida para o período de setembro a dezembro de 2017. Na primeira prévia, a novidade ficou por conta da entrada das units da Taesa, com peso de 0,394%.

Por fim, no InfoTrade de hoje, destaque para a recomendação de venda para as ações de Ultrapar (UGPA3) (confira clicando aqui).

 O Ibovespa Futuro é um bom termômetro de como será o pregão, mas nem sempre prevê adequadamente movimentos na Bolsa a partir do sino de abertura.