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SÃO PAULO – O Ibovespa acentuou as perdas na tarde desta quarta-feira (26) pouco antes do anúncio da decisão do Fomc e se manteve assim após a autoridade americana seguir o que já era esperado pelo mercado. Enquanto isso, o dólar, que até então tinha leve queda, acentuou as perdas e voltou para a casa de R$ 3,14. Os investidores ainda ficam de olho à decisão do Copom (Comitê de Política Monetária) após o fechamento do mercado.
O benchmark da bolsa brasileira recuava 1,00%, aos 65.010 pontos – no pior pregão desde o dia 6 de julho. O volume financeiro ficou em R$ 6,864 bilhões. No radar do mercado, destaque também para a temporada de balanços corporativos e as especulações sobre uma possível redução na meta fiscal deste ano e o revés do governo com o aumento de impostos sobre os combustíveis.
“Comportamento das commodities minerais no mercado internacional e safra de resultados de empresas no segundo trimestre, acabaram motivando incursões de investidores nos ativos de risco. Junto com isso, passou a crescer a posição de analistas que acreditam que ainda demorará algum tempo para bancos centrais iniciarem elevações de juros e/ou começarem a redução dos estímulos monetários (QE)”, observou Alvaro Bandeira, economista-chefe do home broker Modalmais.
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O Federal Reserve deu um passo em direção à redução de seu balanço de US$ 4,5 trilhões, com o Fomc declarando que o programa de retirada anunciado anteriormente deve começar “relativamente em breve”, em vez de usar a expressão apenas “este ano” como fez anteriormente. O banco central pretende reduzir seus títulos nos próximos anos, embora tenha dito que é improvável que restabeleça seu balanço para níveis de pré-recessão de cerca de US$ 800 bilhões.
Em uma decisão unânime, o Fed, como esperado, manteve sua taxa de juros na faixa entre 1% e 1,25%. O Fed fez algumas mudanças menores em sua declaração, alterando sua descrição da inflação como “funcionando abaixo de 2%” em vez de “ficar um pouco abaixo de 2%”, como usado em junho. A autoridade acredita que a inflação irá se estabilizar em torno da meta no médio prazo.
Os contratos de juros futuros com vencimento em janeiro de 2018 caíram 2 pontos-base, a 8,50%, ao passo que os DIs com vencimento em janeiro de 2021 recuaram 3 ponto-base, a 9,49%. Os investidores apostam que a reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) deve se encerrar com um anúncio de corte de 100 pontos-base na Selic, para 9,25% ao ano.
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Os contratos de dólar futuro com vencimento em agosto deste ano caíram 0,96%, sinalizando cotação de R$ 3,144. O dólar comercial, por sua vez, afundou 0,73% ante o real, a R$ 3,1426 na compra e R$ 3,1442 na venda, próximo da mínima do dia.
Ainda no radar, o governo central registrou um déficit primário de R$ 19,798 bilhões em junho, o pior desempenho para o mês em toda a série histórica, que tem início em 1997. O resultado, que reúne as contas do Tesouro Nacional, da Previdência Social e do Banco Central, também foi o pior da série para o primeiro semestre, com déficit de R$ 56,092 bilhões.
Destaques da Bolsa
Do lado acionário, os papéis da JBS lideraram os ganhos dentro do índice, após a companhia anunciar que fechou acordo com instituições financeiras para adiar o pagamento de R$ 21,7 bilhões em dívidas. “A JBS Brasil efetuará o pagamento integral dos juros incorridos nos termos dos contratos originais, bem como o pagamento de quatro parcelas de 2,5% do montante principal do endividamento em questão”, informou em nota. Junto com a Caixa na renegociação estão ainda Bradesco, Santander, Banco do Brasil, HSBC, BNP Paribas e Bank of China e mais 7 instituições. Segundo a empresa, as instituições correspondem a 93% do montante principal das dívidas da JBS Brasil. Em uma negociação paralela, a JBS também fechou uma renegociação de dívidas de R$ 1,2 bilhão com o Itaú Unibanco. Entre os resultados do dia, o Grupo Pão de Açúcar teve lucro líquido consolidado de R$ 169 milhões no segundo trimestre, ante prejuízo de R$ 583 milhões. O resultado foi apoiado em desempenho da bandeira de atacarejo Assaí e contabilização de créditos fiscais. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês) ajustado consolidado do segundo trimestre saltou 73,4% sobre um ano antes, para R$ 967 milhões. A área de multivarejo, que abriga as bandeiras de supermercados Pão de Açúcar e Extra, teve alta de 94,5% no Ebitda ajustado, a R$ 758 milhões, enquanto a divisão o Assaí teve crescimento de 42,7% no período, para R$ 239 milhões. Segundo o balanço, o GPA registrou no segundo trimestre ganhos tributários decorrentes de ressarcimento de ICMS que tiveram impacto positivo de R$ 447 milhões na margem bruta da divisão multivarejo, que encerrou junho em 34,4% ante 29,3% no mesmo período de 2016. Já a Lojas Renner registrou lucro líquido de R$ 193,6 milhões no segundo trimestre de 2017, o que representa uma alta de 10,7% em relação ao mesmo período do ano passado. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), por sua vez, fechou em R$ 374,4 milhões, expansão de 7,2% em um ano. A companhia informou também um Ebitda ajustado ao plano de opções de compra de ações, participações estatutárias e o resultado baixa de ativos fixos, que chegou a R$ 382,7 milhões no segundo trimestre, aumento de 7,5% ante igual intervalo do ano passado. A receita líquida da Renner ficou em R$ 1,831 bilhão entre abril e junho, uma alta de 11,1% em um ano. Considerando apenas a operação de varejo, sem os produtos de crédito ao consumidor, a receita do trimestre chegou a R$ 1,630 bilhão, crescimento de 11,3% na comparação anual. As maiores baixas, dentre as ações que compõem o índice Bovespa, foram: As maiores altas, dentre os papéis que compõem o índice Bovespa, foram: As ações mais negociadas, dentre as que compõem o índice Bovespa, foram: * – Lote de mil ações Noticiário político Ainda sobre a questão fiscal, vale destacar que a AGU (Advocacia-Geral da União) recorreu ontem ao TRF-1 (Tribunal Regional Federal), sediado em Brasília, para anular a decisão que suspendeu ontem o aumento das alíquotas do Programa de Integração Social (PIS) e da Contribuição para o Financiamento da Seguridade Social (Cofins) sobre a gasolina, o diesel e o etanol, anunciado pelo governo na quinta-feira (20). A suspensão foi determinada pelo juiz Renato Borelli, da 20ª Vara Federal no Distrito Federal, a partir da motivação de uma ação popular protocolada por um cidadão. A previsão do governo é arrecadar mais R$ 10,4 bilhões com o aumento do PIS/Cofins sobre os combustíveis, de modo a conseguir cumprir a meta fiscal de déficit primário de R$ 139 bilhões para este ano. Além disso, a polêmica sobre o anúncio de PDV (Programa de Demissão Voluntária) de servidores federais, em estudo pelo Ministério do Planejamento, segue chamando atenção. De acordo com a Folha, a viabilidade do programa gera dúvidas no Planalto. Cálculos iniciais da Fazenda indicam que o programa preparado pelo governo Michel Temer provocaria uma despesa incompatível com as receitas, com o risco de romper o teto de gastos. O programa cortaria despesas no longo prazo, algo em torno de R$ 1 bilhão por ano. O problema é que, hoje, não há dinheiro no Orçamento para arcar com as indenizações —com prêmios— previstas pelo programa. Em meio a esse cenário de dificuldade fiscal, o Valor Econômico informa que a equipe econômica trabalha para incluir no decreto de programação financeira, que deve ser publicado esta semana, receitas adicionais de R$ 6,9 bilhões. Mesmo com a entrada dos recursos na previsão, não há garantia de reversão de parte do contingenciamento de gastos. Segundo fontes ouvidas pelo Valor, seria possível incluir mais R$ 2,1 bilhões referentes à concessão de aeroportos; R$ 2,1 bilhões de precatórios não sacados há mais de dois anos; entre R$ 1,1 bilhão e R$ 2,2 bilhões da renegociação de dívidas dos agricultores com o Funrural (Fundo de Assistência ao Trabalhador Rural); R$ 600 milhões em devolução aos cofres públicos de depósitos feitos em bancos para pessoas que já morreram e R$ 1 bilhão da concessão das Lotex. Por outro lado, a Folha informa que a volta do recesso parlamentar pode ser relativamente “tranquila” para Temer, de acordo com informações da coluna Painel, da Folha. Para aliados, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que, mantidas as condições atuais, haverá quórum para votar a denúncia oferecida pelo procurador-geral Rodrigo Janot contra Temer já no dia 2 de agosto. Maia prevê uma vitória de Temer com relativa folga, enquanto a oposição também reconhece que o presidente venceu o “primeiro round”. Aliados na Câmara falam em algo entre 230 e 250 votos pró-Temer, somando declarações de apoio ao peemedebista e abstenções — que, na prática, também serão favoráveis a ele. (Com Bloomberg, Agência Estado e Agência Brasil)
Cód.
Ativo
Cot R$
% Dia
% Ano
Vol1
GGBR4
GERDAU PN
10,55
-5,30
-2,31
142,31M
GOAU4
GERDAU MET PN
5,22
-5,09
+8,75
107,55M
CSNA3
SID NACIONALON
7,47
-4,48
-31,15
63,80M
ELET3
ELETROBRAS ON
13,60
-3,34
-35,60
15,63M
LREN3
LOJAS RENNERON
29,20
-3,31
+39,36
132,74M
Cód.
Ativo
Cot R$
% Dia
% Ano
Vol1
JBSS3
JBS ON
7,47
+6,71
-34,26
165,68M
QUAL3
QUALICORP ON
31,63
+2,90
+67,97
79,51M
PCAR4
P.ACUCAR-CBDPN
71,49
+2,13
+30,58
141,75M
TIMP3
TIM PART S/AON
10,62
+1,63
+36,44
89,35M
SANB11
SANTANDER BRUNT
25,94
+1,37
-7,93
41,35M
Código
Ativo
Cot R$
Var %
Vol1
Vol 30d1
Neg
VALE5
VALE PNA
27,94
-2,51
581,56M
460,71M
25.676
BBDC4
BRADESCO PN
29,75
-0,87
424,47M
277,94M
25.362
PETR4
PETROBRAS PN
12,98
-1,82
379,80M
427,39M
19.717
VALE3
VALE ON
29,66
-3,10
318,42M
157,34M
16.982
ITUB4
ITAUUNIBANCOPN
36,92
-0,46
299,29M
329,14M
19.824
BRFS3
BRF SA ON
37,43
+0,43
169,57M
77,49M
10.659
ITSA4
ITAUSA PN
9,17
-1,19
165,74M
121,50M
21.239
JBSS3
JBS ON
7,47
+6,71
165,68M
78,50M
25.912
BBAS3
BRASIL ON
28,84
-2,44
149,84M
174,93M
10.612
GGBR4
GERDAU PN
10,55
-5,30
142,31M
82,16M
18.546
1 – Em reais (K – Mil | M – Milhão | B – Bilhão) IBOVESPA
As especulações sobre a meta fiscal continuam rondando o mercado, após o jornal O Globo noticiar ontem que ela poderia ser flexibilizada, mas que contava com a oposição do ministro da Fazenda Henrique Meirelles. Segundo informou a Bloomberg no final da tarde, a eventual mudança ainda é carta fora do baralho para Fazenda e o Palácio do Planalto, que preferem aumentar ou criar um novo imposto a reajustar o déficit de R$ 139 bilhões.