Com a lista de Janot, Congresso vai correr para apressar a anistia dos caixas 1, 2, 3…

Uma grande preocupação é que o terremoto que as denúncias do procurador podem provocar prejudique ainda mais o ritmo de funcionamento do Congresso e atrase a discussão das reformas.

José Marcio Mendonça

Ex-procurador-Geral da República, Rodrigo Janot (Crédito: Agência Brasil)

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Com os olhos e os ouvidos, os corações e as mentes voltados para os movimentos da Procuradoria-Geral da República, de onde deve sair esta semana a “segunda lista de Janot”, com as denúncias contra políticos, ex, governantes e ex, baseadas nas delações premiadas de 77 executivos da Odebrecht, partidos e políticos no Congresso, com a “discreta” simpatia do Executivo, vão começar a botar para fora o plano de anistiar as doações empresarial de campanha. Seja no já conhecido caixa 2, mas agora também no caixa 1 ou qualquer outro caixa que venha a aparecer nas investigação da Operação Lava-Jato e similares.

Esta é a ideia fixa que acompanha o mundo político de A a Z.

O procurador Rodrigo Janot, segundo as indicações disponíveis, deverá enviar ao Supremo Tribunal Federal (STF) a qualquer momento a partir de hoje, o pedido inicial de abertura de cerca de 80 inquéritos, que devem atingir figuras carimbadas da base de sustentação política do governo, de PMDB a PSDB e menos votados.

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Haverá também pedido de quebra de sigilos, mas isto demorará alguns dias para as  denúncias virem a público, pois dependerão do despacho inicial do ministro Edson Fachin. De todo modo, ninguém está livre de vazamentos, nem de ter seu nome agraciado.

O movimento da anistia que já grassava solto ganhou um encorajamento, ainda que indireto, com a declaração do ministro do STF e presidente do TSE, Gilmar Mendes, de que é preciso “desmistificar” o caixa 2.

Os parlamentares vão tentar ainda, até setembro, aprovar novas regras para o financiamento das campanhas eleitorais, com a volta de algum tipo de contribuição empresarial. Isto no bojo de mais uma reforma eleitoral.

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O presidente Michel Temer, que tem um de seus principais ministros como um muito provável alvo, o chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha, tem mandado emitir sinais de que não está preocupado com isto. Sabe-se que são declarações para efeito externo. O Planalto também está em tensão máxima.

Primeiro, porque pode abater pessoas do coração equipe presidencial, como é o caso de Padilha e Moreira Franco, desarranjando parte de sua operação política no Congresso. O ministro da Casa Civil volta hoje a Brasília, depois de uma licença para uma cirurgia, e deve ter sua situação definida. Não é impossível que comece preparar a despedida do cargo.

Segundo, porque a depender do terremoto que as denúncias de Janot causarem no Congresso, individualmente e nos partidos, ele pode provocar uma meia paralisação das atividades das duas casas, com prejuízos para a votação das propostas de reformas do governo. O Congresso pode cair num salve-se quem puder e ficar totalmente dominado pela obsessão da anistia aos financiamentos de campanha. E nada mais.

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Um outro motivo de agitação política amanhã na capital da República será o depoimento do ex-presidente Lula na Justiça Federal, no processo em que é acusado de tentar barrar investigações da Lava-Jato. Há um temor de que movimentos sociais possam fazer muito barulho por lá em defesa do ex-presidente e de algum confronto com forças de segurança.

Outro depoimento muito aguardado, este hoje em Curitiba, é o Emílio Odebrecht ao juiz Sérgio Moro, como testemunha de seu filho Marcelo. Ambos, pai e filho, a lembrar, fizeram delações premiadas.

Destaques dos

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jornais do dia

– “Recessão provoca queda e faz receita dos estados cair ao nível de 2011” (Valor)

– “Disputa por aeroportos no país deve atrair novos grupos” (Estado)

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– “Sucesso no leilão de rodovia em São Paulo poderá animar rodada de abril” (Valor)

– “Atoleiros esvaziam BR-163 e encarecem escoamento da safra” (Folha)

– “Bagagem cobrada: regra muda, preço do bilhete, não” (Globo)

– “Temer eleva gastos em projetos da área militar” (Folha)

LEITURAS SUGERIDAS

George Vidor – “Falta ainda o azul” (diz que PIB já será positivo no trimestre, mas ponto final da crise depende do azul dos números do emprego) – Globo
Editorial – “Reduzir os juros” (diz que queda rápida da inflação cria oportunidade para acelerar ainda mais o corte das taxas do BC) – Folha
Moisés Naim – “A grande fúria” (diz que a classe média dos países ricos se sente ameaçada e exigirá resultados de seus governos) – Estado

Destaques dos jornais

do fim de semana

SÁBADO

– “Inflação cai e mercado projeta IPCA inferior a 4%” (Estado/Folha/Globo)

– “Erro fez consumidor pagar R$ 1,8 bi a mais na conta de luz” (Estado/Globo)

DOMINGO

– “Andrade indica propina em Tribunal de Contas paulista” (Folha)