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SÃO PAULO – Uma expressão usada pelo Banco Central no RTI (Relatório Trimestral de Inflação) fez os economistas do mercado “cravarem” suas apostas para o ritmo de corte da Selic na próxima reunião, em abril. As análises apontam que ao falar em “intensificação moderada do ritmo de flexibilização da política monetária” o BC está sinalizando um corte de 100 pontos-base.
Esta é a interpretação do economista-chefe da Infinity Asset, Jason Vieira. Segundo ele, a aposta para um redução da Selic da ordem de 100 pontos-base “está consolidada” e a expressão “retira a retórica de parte do mercado em favor de cortes mais fortes, como amplamente difundido nas mesas de operações”.
Na mesma linha, Mauricio Oreng, estrategista do banco Rabobank no Brasil, avalia que o mercado deveria diminuir a chance precificada de uma redução de 125 pontos-base. “Essas apostas devem esfriar”, afirmou à Bloomberg.
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A economista-chefe da Rosenberg Associados, Thaís Zara, considera que a principal sinalização do documento divulgado nesta quinta-feira é exatamente que o ritmo de cortes dos juros básicos devem ficar em 100 pontos-base.
RTI
O trecho destacado pelos especialistas diz que “(…) a consolidação do cenário de desinflação mais difundida, que abrange os componentes da inflação mais sensíveis ao ciclo econômico e à política monetária, fortalece a possibilidade de uma intensificação moderada do ritmo de flexibilização da política monetária, em relação ao ritmo imprimido nas duas últimas reuniões do Copom”.
No documento publicado nesta quinta-feira, o Banco Central revisou para baixo a previsão para o PIB em 2017 de 0,8% para 0,5%, com uma leve alta para a previsão para o consumo das famílias, de 0,4% para 0,5%, enquanto para o consumo do governo foi para baixo, de alta de 0,5% para 0,2%. Os números constam no RTI (Relatório Trimestral de Inflação) do primeiro trimestre, divulgado nesta quinta-feira (30).
A previsão do PIB da indústria caiu de alta de 0,6% para leve queda de 0,1%, enquanto o PIB agropecuário subiu de alta de % para 6,4%; de serviços caiu de alta de 0,4% para 0,1%. O IPCA no cenário de referência subiu de 3,8% na ata do Copom para 3,9% no RTI, enquanto no cenário de mercado caiu de alta de 4,2% para 4%.
Sobre o cenário global, o Banco Central apontou incerteza sobre a sustentabilidade do avanço e manutenção do preço de commodities e destacou que o alto grau de incerteza poderia dificultar o processo de desinflação. Por outro lado, o BC destacou que o cenário para o IPCA em 2019 está ligeiramente abaixo de 4,5%, refletindo expectativa sobre definição de metas.