O BC “sumiu” e o dólar subiu: moeda dispara 2,5% e encosta nos R$ 3,50

Autoridade monetária não anuncia leilão de rolagem de swaps e deixa investidores tensos em dia de pressão política e alta dos Treasuries

Rodrigo Tolotti

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SÃO PAULO – Em dia de mau humor no mercado, o dólar dispara quase 3% por conta da pressão que os ativos sofrem em uma quinta-feira (1) de forte alta dos Treasuries americanos, que atingem máxima em 16 meses dando sequência à disparada do petróleo após o acordo da Opep para cortar a produção. Às 15h30 (horário de Brasília), o dólar comercial disparava 2,66%, cotado a R$ 3,4755 na compra e R$ 3,4775 na venda, enquanto o contrato futuro para janeiro avançava 2,09%, a R$ 3,487.

Segundo o economista-chefe da Opus Asset, José Márcio Camargo, os bons dados recentes da economia norte-americana e a proximidade da reunião do Fomc que deve elevar os juros, aliado à eleição de Donald Trump, levam a um movimento de elevação dos títulos dos EUA, que pressionam as moedas, fazendo com que o dólar ganhe terreno contra o real.

Porém, segundo especialistas, pesa para a forte disparada o “sumiço” do Banco Central e um dia que era esperado o anúncio de leilões de rolagem de linhas de dólares, mas até o momento isto não aconteceu. Além disso, também não houve as rolagens de swaps cambiais tradicionais, com US$ 5 bilhões que irão vencer no começo de janeiro).

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“Mercado muito nervoso hoje, em parte devido a uma nova alta dos juros das Treasuries às vésperas do Payroll, que pode vir forte após o ADP, divulgado ontem, mostrar a maior criação de empregos no setor privado desde junho deste ano […] No câmbio, mercado esperava uma definição do BC sobre a rolagem dos swaps que vencem em 02 de janeiro e que não veio”, explica o diretor da Wagner Investimentos, José Faria Júnior.

O aumento da tensão política também ajuda a deixar o dia mais negativo, segundo o economista da Opus. A recente “briga” entre procuradores e parlamentares por conta da modificação e aprovação das medidas anticorrupção pela Câmara dos Deputados acaba deixando os investidores com um pé atrás, deixando em dúvida a continuidade do atual governo e as medidas econômicas.

Rodrigo Tolotti

Repórter de mercados do InfoMoney, escreve matérias sobre ações, câmbio, empresas, economia e política. Responsável pelo programa “Bloco Cripto” e outros assuntos relacionados à criptomoedas.