Panorama semanal: busca por definições prevalecerá, apesar de agenda calma

Investidores acompanharão poucos dados, à procura de sinais de recuperação; temporada de resultados começa nos EUA

Thiago Gomes Amorim

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SÃO PAULO – Após a divulgação de uma série de indicadores na semana passada, as sessões de 5 a 9 de outubro prometem ser de agenda econômica mais tranquila no Brasil e nos EUA, se comparado aos pregões anteriores.

A semana tem como destaque o início de mais uma temporada de balanços corporativos nos EUA, com o resultado trimestral da Alcoa, na quarta-feira (7). A esfera econômica inclui os dados sobre o crédito ao consumidor norte-americano.

A Europa contará com a reunião do Banco Central Europeu e do Bank of England, que poderá mexer com o andamento dos mercados na quinta-feira. Apesar de o consenso indicar manutenção das taxas básicas de juro, é válido atentar aos comentários das duas autoridades, procurando sinais a respeito de perspectivas econômicas por parte dos BCs.

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Já no Brasil, a segunda semana de outubro terá uma agenda repleta de indicadores sobre inflação, com o fechamento dos índices de preço IGP-DI e do IPCA de setembro (terça e quinta-feira). A pauta trará notícias ainda do setor industrial, com os dados da CNI sobre atividade e da Anfavea a respeito da venda de veículos. Cabe lembrar que na quarta-feira será iniciada a negociação das novas ações do Santander na BM&F Bovespa.

Cautela não adiará compras

A agenda um pouco mais calma de indicadores não esconde a possibilidade das bolsas iniciarem uma nova onda de ajuste de preços. Como lembra o Departamento Econômico do Banco Schahin, os investidores ainda estão cautelosos no mercado internacional, diante dos indícios de que a recuperação da atividade econômica poderá estar sujeita a recaídas e descontinuidades.

“Essa incerteza em relação à saída da crise é propícia para a volatilidade nos próximos dias no exterior”, ressalta o economista-chefe Silvio Campos Neto, que reitera: “mas a ausência de dados importantes deixa as bolsas internacionais sem direcionamentos mais claros, e, no Brasil, diante de avaliações cada vez mais positivas sobre o País, está difícil se convencer de que haverá uma reversão nas bolsas em breve”.

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O longo prazo também inspira ânimo na equipe de analistas da Coinvalores, que mesmo sem descartar a possibilidade de quedas em outubro, não deixa de recomendar investimentos de certo risco, a horizontes mais distantes de retorno. “A agenda econômica e corporativa deverá sustentar o viés positivo para os investimentos em bolsa, apesar da possibilidade de realização”, completa a corretora.

Dólar e juros futuros

Comentando também o ingresso de recursos estrangeiros no Brasil, a diretora de câmbio da AGK Corretora ressaltou que o fluxo de entrada deverá continuar colocando pressão altista para o real, mas o investidor deve acompanhar de perto as intervenções do Banco Central nas próximas sessões.

De acordo com Miriam Tavares, a autoridade monetária poderá aumentar os leilões de compra de dólares nos momentos de maior ingresso de recursos externos, o que limitará parte da apreciação do real perante outras moedas. “E os números semanais confirmam essa possibilidade”, argumentou a especialista da AGK.

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Diante disso, a expectativa da corretora é de que a taxa de câmbio oscile entre R$ 1,75 e R$ 1,80 no curto prazo, tocando o piso desse intervalo nos períodos de maior otimismo nos mercados, e beirando o teto em momentos de aversão ao risco.

O Banco Santander comentou suas perspectivas para o mercado de juros futuros e disse que muito se tem falado do Relatório de Inflação divulgado pelo Banco Central na sexta-feira e da aparente preocupação do BC com os preços de 2010. “Isto vem se refletindo nas previsões do mercado a exemplo das mostradas na pesquisa Focus, em que se tem apresentado projeções cada vez mais elevadas para inflação, crescimento e taxas de juros. Mas, ainda assim, nós consideramos o cenário inflacionário benigno e o aumento dos juros futuros, tal como está precificado, nos parece pouco provável”, comentou o banco.