Com foco em qualidade, os investidores estrangeiros estão de olho em 2 ações da Bovespa

Kroton e Raia Drogasil são as duas ações mais demandadas pelos investidores americanos e europeus, aponta o BofA

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em encontro com investidores da Europa e dos Estados Unidos, o analista do Bank of America Merrill Lynch Roberto Otero destacou que os investidores seguem vendo a qualidade dos ativos, para destacar quais as ações brasileiras que estão em foco. 

O interesse continua mostrando preferência por histórias de alta-qualidade, sem alavancagem. As ações da Kroton (KROT3) e da Raia Drogasil (RADL3), apontam os analistas, são as mais demandadas, o que está de acordo com a lista de preferência do banco. O BofA mantém recomendação de compra para ambos os ativos. 

Com relação a Kroton, o caso-base dos investidores veem a expectativa pelo negócio com a Estácio como capaz de gerar um valor substancial. O setor de educação é visto com mais confiança e com o valuation barato. “Nós notamos que os investidores estão mais positivos com o setor como resultado de i) sinais positivos no governo, com números maiores do que o esperado de contratos do Fies no segundo semestre e o fato de que o governo está honrando os pagamentos; ii) demanda por educação não está caindo, como mostram os números do ENEM; iii) consolidação deve se acelerar e iv) a geração de fluxo de caixa livre deve ser mais forte. 

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“Os investidores começaram a questionar qual deve ser o novo nível de valuation para o setor, uma vez que as preocupações com as medidas do governo poderiam começar a perder força. De qualquer modo, é uma questão comum se o valuation de 10 vezes o preço sobre o lucro é um patamar atrativo para o setor com esses fundamentos”, afirma o analista. Sobre a “união do momento” entre Kroton e Estácio, os investidores destacam ser pouco provável que ela não ocorra; além disso, os termos propostos para união foram vistos como em linha com as estimativas dos investidores. 

Sobre a Raia Drogasil, os investidores destacaram ao BofA que, negociada a um preço sobre o lucro de 38 vezes esperado para 2017, parece “precificada a perfeição”.

Os estrangeiros veem potenciais compradores para a ação enxergando que o crescimento não deve se desacelerar, as margens estão em tendência de melhora e a há espaço para novos ganhos de participação de mercado. Por outro lado, quando o cenário se aproxima de 2017, os investidores se mostram mais receosos sobre desaceleração do nível de crescimento e possibilidade de valuation menos atrativo. 

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Entre outras ações do setor de saúde, as expectativas dos analistas se mantém: as ações da Odontoprev (ODPV3) estão caras após o recente rali, enquanto a Qualicorp (QUAL3) suscita opiniões divergentes. “O fluxo de notícias negativas [com relação a Operação Acrônimo] explica por que não estamos mais positivos sobre a Qualicorp”, afirma. Já o BofA ressalta que a Fleury (FLRY3) aponta uma tendência de melhora, mas os investidores tendem a concordar com a visão de que um potencial de valorização para o papel dependerá de pressupostos relativamente otimistas para a ação, embora a visibilidade sobre as margens ainda seja um pouco baixa. 

Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.