Teoria Moderna do Portfólio: como o mercado vê e reage às definições de risco

Na relação risco e retorno, o que determina as preferências do investidor; fronteira eficiente, fator liquidez e a aversão míope

Equipe InfoMoney

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SÃO PAULO – As decisões de investimento respondem diretamente a duas variáveis principais, risco e retorno. Grosso modo, a escolha de um ativo financeiro convive com a relação entre elas. De maneira isolada, o conceito de risco possui diversas definições.

Nos mercados, risco costuma ser associado a incerteza. A Warren Buffet, por exemplo, costumam associar a definição de que risco é o tanto de desconhecido em que há em determinada aplicação. Pela evolução dos termos, no entanto, incerteza relaciona a existência de mais de uma possibilidade. Por outro lado, risco envolve a chance de perda, de que uma das alternativas seja indesejável.

Na definição do economista norte-americano Frank Hyneman Knight, risco “aparece como uma incerteza mensurável”. Risco estaria associado à capacidade de associar probabilidades aos cenários possíveis, diferentemente de incerteza.

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Por afetar as decisões dos agentes do mercado, o risco é tido como contraparte ao retorno, ou seja, quanto maior o risco, a possibilidade de retorno tende a ser maior. Na prática do mercado, o risco de uma ação é definido por seu desvio-padrão, o quanto os retornos desviam da média. A possibilidade do investimento incorrer em perda é comumente relacionado ao histórico do papel, sua previsibilidade, ou sua volatilidade.

Fronteira eficiente

O estudo do risco de uma aplicação aparece de forma consistente na teoria moderna do portfólio, do economista Harry Markowitz. Em seus estudos, risco é considerado como desvio-padrão do retorno. A ideia básica da teoria moderna do portfólio é, a partir da mensuração dos riscos, formar um portfólio de ativos que maximize a possibilidade de retorno para um dado nível de risco.

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Este princípio resgata a questão da volatilidade. A conclusão de Markowitz aponta para a diversificação, ou seja, mesmo com a maior possibilidade de retorno em um portfólio mais arrojado, o comportamento humano costuma limitar esta exposição, muitas vezes preferindo um retorno menor, mas de risco reduzido.

Todas as combinações possíveis de ativos são avaliadas, sendo que os pontos de maior retorno, para dados níveis de risco, determinam a combinação mais eficiente, ou a fronteira eficiente de Markowitz.

Sistêmico X específico

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Além dos conceitos de diversificação e volatilidade, a teoria de Markowitz também convive com duas definições de risco: risco específico (diversificável ou idiossincrático) e risco sistêmico (não-diversificável ou de mercado). A diversificação atua apenas sobre a primeira categoria, que relaciona ameaça a alguma categoria ou setor limitado de ativos. Por esta premissa, o risco específico também é tratado como risco diversificável.

Por outro lado, risco sistêmico se refere ao risco comum às diversas qualidades de ativos. Neste caso, uma ameaça implicaria perdas para todas as classes de ativos, comprometendo a efetividade da diversificação.

Aversão Míope

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Dentre as diversas definições de risco, os estudos de Shlomo Benartzi e Richard Thaler citam a Aversão Míope ao Risco, para as finanças comportamentais, o crescimento da aversão ao risco em agentes que monitoram mais frequentemente seus portfólios.

“Investidores que recebem atualizações constantes sobre o preço dos ativos realmente expressam maior aversão ao risco nas ações, exigindo prêmios de risco mais elevados”.

Fator liquidez

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Outro ponto diz respeito à associação entre risco e volatilidade. Na teoria de portfólio, o desvio-padrão dos retornos é usado como proxy para determinar o risco. Segundo Aswath Damodaran, alguns analistas defendem que a volatilidade dos mercados emergentes é a melhor medida de risco do país.

Mas este argumento gera controvérsias. “Faz sentido intuitivamente. O problema prático de usar volatilidade como medida de risco é que isto varia muito em função da liquidez. Mercados arriscados e sem liquidez oferecem baixa volatilidade”, pondera Damodaran. Para ele, usar a volatilidade como medida de risco de mercados emergentes abranda o risco de mercados que são ilíquidos e exagera o risco de mercados líquidos.

*créditos da imagem: www.wpcontent.com