Compra da Elavon em risco, Usiminas “sem caixa” e oportunidade em Cielo agitam o radar

Santander corta preço-alvo de Itaú Unibanco; noticiário movimentado de Petrobras também é de destaque nesta sexta-feira

Lara Rizério

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SÃO PAULO – Em um dia em que o mercado deve ficar de olho no cenário internacional, o noticiário corporativo também segue movimentado. 

Em destaque nesta sexta-feira, a agência da notícias Bloomberg afirmou que o Bradesco (BBDC4) e o Banco do Brasil (BBAS3) desistiram de comprar a Elavon no Brasil, um rumor que toma conta do mercado já faz alguns dias. Mais cedo, a Reuters afirmou que a Elo Participações, joint venture entre os dois bancos estaria negociando a compra integral da Elavon.

Segundo a Bloomberg, a desistência ocorre depois que os reguladores antitruste sinalizaram que iriam impor restrições antes de aprovar o negócio, de acordo com duas fontes. Uma das pessoas ainda diz que o plano dos bancos para adquirir a participação não faria sentido financeiro com as restrições propostas. Banco do Brasil e Bradesco não quiseram comentar.

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A matéria da Reuters já dizia que o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) teria levantado questões sobre possíveis entraves à concorrência com a venda da Elavon, o que estaria atrasando o fechamento da transação. Procurado, o Cade disse que “não comenta uma operação até que o edital referente ao ato de concentração” seja publicado no Diário Oficial da União. “Não há edital publicado sobre a operação mencionada”, limitou-se a informar o órgão antitruste.

A Elavon, embora tenha apenas entre 1 e 2% desse mercado no Brasil, tem um produto mais simples e barato, e pode agregar serviços complementares à atuação da Cielo, disse a primeira fonte. A consolidação se daria num momento em que o cenário prolongado de fraca atividade econômica pôs fim a um ciclo de expansão acelerada dos meios eletrônicos de pagamento no Brasil, que tem levado o setor a oferecer maiores descontos nas taxas cobradas de lojistas em busca de manutenção do market share.

A Elavon estreou no Brasil em 2012 com meta de alcançar 15% do chamado mercado de adquirência. Mas o plano sucumbiu à escala das rivais maiores Cielo, Rede (do Itaú Unibanco) e GetNet (do Santander Brasil), que juntas possuem mais de 90 por cento do mercado no país. As relações entre os atuais sócios da Elavon no Brasil azedaram após o Banco Central brasileiro dizer que a joint venture precisava de um aumento de capital e o Citigroup ter se recusado a colocar dinheiro, disseram duas fontes à Reuters em novembro.

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Os rumores dos últimos dias afetaram bastante a Cielo, que nesta quinta teve sua maior queda desde 2012 na Bolsa, em meio a preocupações com concorrência. Essa foi a 3ª queda seguida da ação, período que acumula perdas de 13%, marcando hoje seu menor fechamento desde março de 2014. Segundo o BTG, dado que o papel da Cielo sofreu muito por conta da especulação de compra, notícias de que negócio não vai mais acontecer devem trazer algum alívio.

Ainda sobre a Cielo, destaque para o Credit Suisse, cujos analistas seguem com recomendação de compra para os ativos da companhia, com preço-alvo de R$ 39 por ação, apesar das fortes quedas. Os analistas enxergam a recente queda do papel como uma oportunidade de compra. 

Usiminas
Em uma situação financeira complicada, a Usiminas (USIM5) corre o risco de não ter caixa para manter suas operações a partir de março, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S. Paulo. A companhia tenta há meses vender ativos, sem sucesso, para ganhar fôlego e em renegociação com bancos para alongar dívidas, a siderúrgica mineira, que já desligou três dos seus cinco altos-fornos, em Ipatinga (MG) e Cubatão (ex-Cosipa), tenta encontrar uma solução para evitar que a empresa entre em recuperação judicial. A possibilidade de um aumento de capital não é um consenso no grupo. 

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Petrobras
Segundo informações do jornal Valor Econômico, a Petrobras (PETR3;PETR4) pode obter até US$ 6 bilhões vendendo dutos de gás da TAG. Os canadenses Brookfield e o CPPIB (Canadian Pension Plan Investiment Board) já estão analisando os ativos e também é esperado dinheiro chinês, dado o tamanho dos negócios. Os ativos de gás devem ser os primeiros vendidos em 2016. 

Destaque ainda para a fala do ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga. Ao ser questionado sobre a sua posição em relação ao projeto de lei do senador José Serra (PSBD-SP), que propõe rever o papel central da Petrobras na exploração das grandes reservas de petróleo, o ministro afirmou que aceita participar do debate. Porém, ressaltou ser importante considerar os benefícios em adotar o modelo de partilha associados à política de conteúdo nacional e ao papel da estatal como operadora única dos campos do pré-sal.

E, segundo a coluna Painel, da Folha de S. Paulo, acionistas da Sete Brasil afirmam que a Petrobras precisa decidir o que fazer com a empresa do pré-sal ainda este mês, mesmo com os quatro meses de trégua dados pelos credores. Isso porque a companhia só tem dinheiro para operar por mais três meses.

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Por fim, o BTG Pactual comentou a notícia de que a Petrobras está vendendo as suas 21 usinas térmicas. O relatório destaca que vender o controle das plantas é, naturalmente, a coisa certa a fazer. Por outro lado, a Petrobras provavelmente precisa fazer algum trabalho de reorganização antes da venda (assinatura dos contratos bilaterais, separando unidades por região, entre outros). O banco segue com recomendação neutra para a companhia, possuindo um preço-alvo de US$ 3 para o ADR da estatal. 

Vale
O Tribunal de Justiça de Minas Gerais decretou o bloqueio de R$ 470 milhões da Vale (VALE3;VALE5), segundo informações do jornal O Globo. A joint venture formada por ela e pela BHP Billiton, a Samarco, é responsável pela barragem de Fundão, em Mariana, na região Central do estado, que rompeu em 5 de novembro do ano passado. 

A ação foi proposta pela promotoria pública de Barra Longa, município mineiro de 6 mil habitantes que foi um dos mais atingidos pela lama resultante do rompimento da barragem em Mariana.

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Itaú Unibanco
O Santander reduziu o preço-alvo para as ações do Itaú Unibanco (ITUB4) de R$ 34,00 para R$ 33,00, mas segue com recomendação de compra para os ativos. Aliás, esta é a única recomendação de compra para o setor, destaca a analista Renata Cabral.

“O Itaú anunciou o guidance de 2016, que foi considerado conservador, levando a revisar para baixo nossas previsões de lucro por ação em 11%. Apesar de apreciarmos a justificativa para a empresa ter um posicionamento mais mais conservador, nossa análise aponta para uma perspectiva menos negativa”, destaca a analista.

Tereos
A Tereos (TERI3) teve lucro líquido de R$ 59 milhões no trimestre encerrado em dezembro de 2015 ante lucro líquido de R$ 1 milhão em igual trimestre do ano anterior. O lucro líquido considerado é o atribuído aos sócios da empresa controladora, base para a distribuição de dividendos. A receita líquida da empresa foi de R$ 2,995 bilhões no terceiro trimestre fiscal, alta de 39,6% em relação aose R$ 2,144 bilhões um ano antes. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ajustado da companhia subiu 62,8% na comparação anual, para R$ 471 milhões no terceiro trimestre fiscal 2015/16, com uma margem Ebitda de 15,7%.

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Biosev
A Biosev (BSEV3) fechou o trimestre encerrado em 31 de dezembro (que equivale ao terceiro trimestre da safra 2015/16) com um lucro líquido de R$ 162,8 milhões, ante uma perda líquida de R$ 86,2 milhões obtida em igual intervalo do ciclo 2014/15. A receita líquida teve alta de 64,1%, para R$ 1,693 bilhão. O Ebitda cresceu 30,8% no período, a R$ 437,6 milhões. 

Paranapanema
A Paranapanema (PMAM3) teve lucro líquido de R$ 134,8 milhões em 2015, alta de 9% em relação a 2014. Em 2015, a receita líquida cresceu 79%, para R$ 3,14 bilhões. No quarto trimestre, a Paranapanema teve prejuízo líquido de R$ 17,6 milhões, ante lucro de R$ 79,7 milhões no mesmo período do ano passado. A receita líquida subiu 11% e fechou em R$ 1,46 bilhão. O Ebitda caiu 34%, a R$ 59,6 milhões.

CCR
A CCR (CCRO3) aprovou a emissão de R$ 110 milhões em notas promissórias. Ainda sobre as concessionárias, o 
Ministério dos Transportes vai selecionar empresas ou pessoas físicas para realizar os estudos de viabilidade técnica da concessão da BR- 163/PA, entre o entroncamento com a BR-230, em Campo Verde, e o início da Travessia do Rio Amazonas, em Santarém.

O edital com as regras e orientações aos interessados em participar da seleção está publicado no Diário Oficial da União (DOU). Quem quiser se candidatar deve enviar requerimento ao Ministério até o dia 14 de março. Aqueles que forem selecionados terão 180 dias corridos, contados da publicação da autorização do último interessado, para apresentar os estudos.

(Com Reuters, Bloomberg e Agência Estado) 

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Lara Rizério

Editora de mercados do InfoMoney, cobre temas que vão desde o mercado de ações ao ambiente econômico nacional e internacional, além de ficar bem de olho nos desdobramentos políticos e em seus efeitos para os investidores.