Gigante chinesa dá sinalização positiva e siderúrgicas disparam; chegamos ao fundo?

A maior siderúrgica com ações em Bolsa da China anunciou ontem que vai aumentar preços de aço e mercado acredita que isso pode indicar que a companhia está esperando por uma melhora na demanda; será que a retomada finalmente chegou?

Paula Barra

Indústria siderúrgica na China

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SÃO PAULO – A sinalização de aumento de preços de uma gigante chinesa ajuda a trazer euforia às siderúrgicas nacionais nesta sexta-feira (8). Depois de quatro dias de fortes quedas, acumulando expressivas perdas de até 20% no período, CSN (CSNA3, R$ 3,60, +9,09%), Usiminas (USIM5, R$ 1,17, +1,74%), Gerdau (GGBR4, R$ 3,96, +4,21%) e Metalúrgica Gerdau (GOAU4, R$ 1,26, +6,00%) disparam nesta sessão e figuram como as maiores altas do Ibovespa, segundo cotação das 13h41 (horário de Brasília).

Ontem, a maior siderúrgica com ações em Bolsa da China, Baosteel, anunciou que vai aumentar preços de seus principais produtos de aço para entrega em fevereiro e março, em torno de US$ 20 a US$ 30 a tonelada. O aumento de preços pode indicar que a companhia está esperando ver alguma melhora na demanda. As siderúrgicas da China estão sob pressão gerada pela desaceleração da economia e esfriamento da demanda por seus produtos.

O anúncio é marginalmente positivo para o setor, dado que essa pode ser uma indicação de que estamos chegando ao fundo dos preços, destacaram os analistas do BTG Pactual, em nota a clientes. “Esse movimento pode dar alívio para os players brasileiros no curto prazo, refletindo uma melhora de percepção externa”, destacaram. 

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Mas ainda não é para comemorar…
Segundo eles, apesar do viés positivo do anúncio, isso ainda não é suficiente para melhorar a visão mais cautelosa que eles têm para o setor. “O setor segue sofrendo com queda da demanda impedindo o aumento dos preços” no Brasil, comentaram. 

No início dessa semana, o próprio banco ressaltou o cenário pessimista que cerca as siderúrgicas atualmente. No relatório mais alarmante, os analistas destacaram a preocupante situação da Usiminas.

Isso porque, além de ter que lidar com o cenário de deterioração econômica, que tem levado a forte queda na demanda, a siderúrgica deverá ver pela frente seu custo da dívida aumentar, chegando a alguns casos a 20%, pressionando diretamente o fluxo de caixa da companhia. “A situação dos balanços não é nada confortável, enquanto aumentos de capital são cada vez mais prováveis”, comentaram os analistas. (Para ler mais sobre o relatório, clique aqui).

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Na última segunda-feira foi a vez do UBS fazer o seu alerta ao setor, após cortar o preço-alvo das ações da Usiminas de R$ 2,10 para R$ 1,65, mantendo a recomendação de venda. Uma revisão que reflete também o cenário de contínuo enfraquecimento das vendas de aço, queda dos preços do minério de ferro e desvalorização do real frente ao dólar. (Leia a matéria, clicando aqui). 

Além de enfrentar uma delicada situação financeira, a companhia tem buscado nos últimos dias chegar a um acordo com sindicatos para dar continuidade aos seus planos de corte de produção. A empresa estima fechar a usina de Cubatão, em uma medida que deverá gerar pelo menos 4 mil demissões, entre efetivos e terceirizados da empresa. 

Venda de ativos no radar
Dificuldades financeiras que não ficam somente em torno da Usiminas, mas que também têm afetado a endividada CSN, que busca através da venda de ativos diminuir sua alavancagem.

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Uma matéria do Valor desta sexta-feira aponta que a CSN já recebeu 10 proposta pelo Tecon. Embora a notícia seja positiva, já era esperada pelo mercado, assim como a faixa de valuation, entre R$ 1 bilhão e R$ 1,5 bilhão. O que chamou atenção foi o número de interessados, confirmando apetite por fusões e aquisições no setor, comentaram os analistas do BTG Pactual.

Segundo eles, a venda desse ativo é, sem dúvida, um passo importante para a empresa, mas é preciso de mais vendas para que, de fato, possa mudar a questão da alavancagem. Para isso, eles compararam o R$ 1,5 bilhão (máximo que poderia gerar a venda) com os R$ 30 bilhões em dívida bruta da empresa, o que confirma a crítica situação da alavancagem da empresa (acima de vezes a dívida líquida/Ebitda) e de geração de fluxo de caixa negativa. O banco reiterou a recomendação de venda para a ação.

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