Elétricas afundam com possível cobrança de R$ 13 bi; Petrobras dispara 5%

Confira os principais destaques da Bolsa desta quinta-feira

Paula Barra

Publicidade

SÃO PAULO – Depois de três dias de fortes baixas, o Ibovespa teve sua primeira alta da semana hoje com forte arrancada da Petrobras e virada da Vale após cair por seis pregões. A queda dos bancos e elétricas, por sua vez, ajudaram a contrabalancear o movimento, contribuindo para leve alta de 0,38% do índice, que retomou o patamar dos 55.000 pontos nesta quinta-feira (21). Chamou atenção também as ações das educacionais, que dispararam hoje com notícias sobre o Fies (programa de financiamento estudantil do governo). Confira abaixo os principais destaques da Bovespa desta sessão:

Petrobras (PETR3, R$ 14,42, +5,26%; PETR4, R$ 13,45, +4,34%)
A Petrobras sobe após cair por três dias seguidos. A companhia informou ontem que assinou um contrato de financiamento de US$ 1,5 bilhão com o Banco de Desenvolvimento da China, como parte do acordo de cooperação. Segundo a Planner Corretora, esse financiamento, mais a possível emissão de debêntures, são notícias positivas para a empresa, mostrando a sua reinserção no mercado de crédito, depois de todas as turbulências passadas nos últimos meses com a dificuldade na divulgação do balanço e o rebaixamento de sua nota de crédito. Aliado a isso, contribui para o movimento a alta do petróleo no mercado internacional. O Brent, petróleo negociado em Londres e usado como referência pela estatal, subiu 2,25% hoje, a US$ 66,49. 

Além disso, a Petrobras, para reforçar a credibilidade junto aos investidores, assumirá formalmente o compromisso de praticar preços de mercado na venda de combustíveis em seu novo plano de negócios. O plano deve ser divulgado na primeira quinzena de junho, de acordo com informações da Folha de S. Paulo.

Continua depois da publicidade

Ainda no radar, segundo reportagem da Bloomberg desta tarde, a consultoria de investimentos ISS (Institucional Shareholder Services) está recomendando que os acionistas rejeitem o balanço da Petrobras referente a 2014. A estatal convocou AGE (Assembleia Geral Extraordinária) para 25 de maio com o objetivo de deliberar sobre as demonstrações contábeis de 2014, publicadas no dia 22 de abril. 

Vale
As ações da Vale (VALE3, R$ 20,25, +2,02%; VALE5, R$ 16,83, +1,57%) avançaram após cair por seis pregões seguidos. Acompanharam o movimento as ações da Bradespar (BRAP4, R$ 10,89, +0,83%), holding que detém participação na Vale. O movimento ocorre em meio à alta do minério de ferro. Os preços da commodity à vista negociado na China do porto de Qingdao avançaram 1,37%, a US$ 57,91. 

Elétricas
As ações do setor elétrico passaram a desabar nesta tarde. Entre as maiores quedas do Ibovespa apareceram os papéis da Cemig (CMIG4, R$ 14,40, -5,70%), Energias do Brasil (ENBR3, R$ 10,90, -2,50%), Cesp (CESP6, R$ 19,75, -4,27%), Copel (CPLE6, R$ 33,70, -1,84%) e CPFL Energia (CPFE3, R$ 19,54, -1,81%).  

Continua depois da publicidade

Segundo fontes disseram ao Broadcast, serviço em tempo real da Agência Estado, a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) diz que hidrelétricas de todo País terão que arcar com rombo de R$ 13 bilhões. Isso porque a agência reguladora rejeitou um pedido feito pelas hidrelétricas para que a agência deixasse de cobrar dessas geradoras pelo montante de energia que elas não conseguiram entregar em decorrência da escassez hídrica. 

O Broadcast teve acesso à nota técnica da Aneel concluída na última terça-feira na qual a agência nega o pleito do setor apresentado pela Apine (Associação Brasileira dos Produtores Independentes de Energia Elétrica) e pela Abrage (Associação de Brasileira das Empresas Geradoras de Energia Elétrica).

Bancos  
As ações dos grandes bancos listadas na Bolsa caíram pelo quarto dia diante do risco de aumento de impostos: Itaú Unibanco (ITUB4, R$ 36,06, -1,21%), Bradesco (BBDC3, R$ 28,20, -2,08%; BBDC4, R$ 29,73, -1,72%) e Banco do Brasil (BBAS3, R$ 24,63, -1,60%). Segundo matéria do Estadão, a alíquota de CSLL (Contribuição Social do Lucro Líquido) pode subir até 20% contra os atuais 15%. O mercado trabalhava anteriormente aumento da taxa para 17%. Em conversas de Joaquim Levy com deputados, o PSD se ofereceu para apresentar projeto aumentando a alíquita para 20%.

Publicidade

Afinal, por que as ações de Itaú, Bradesco e BB não param de cair? 

Aliado a isso, o governo estudo por fim ao juros sobre capital próprio, que resultaria em um ganho de até R$ 15 bilhões. Também foi sinalizado pelo ministro Joaquim Levy a taxação da LCA e LCI para que esses títulos deixassem de ter vantagens tributária em relação aos demais instrumentos de renda fixa. A CSLL poderia ser cobrada já neste ano, enquanto as outras mudanças ficariam para 2016.

Educacionais
Os papéis das educacionais seguiram em forte alta hoje: Kroton (KROT3, R$ 12,60, +6,42%), Estácio (ESTC3, R$ 19,00, +5,56%), Ser Educacional (SEER3, R$ 15,00, +3,45%) e Anima (ANIM3, R$ 22,98, +4,45%). Hoje, o presidente do Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), Antônio Idilvan, garantiu que todos os 1,9 milhão de estudantes beneficiados pelo Fundo de Financiamento Estudantil (Fies) terão seus contratos com o programa renovados para este ano. Ele participa de audiência pública na Comissão de Educação da Câmara.

Continua depois da publicidade

Além disso, pôde-se perceber que essa arrancada foi liderada pelos gringos, que desde às 13h (horário de Brasília) entraram pesado nesses papéis. Segundo dados do Profit Chart, o saldo comprador de Estácio foi liderado pelo BTG Pactual, Deustche Bank e Credit Suisse – bancos normalmente utilizados por investidores estrangeiros ou institucionais. Já Kroton, que também teve uma alta expressiva, não tem um livro de ofertas tão pulverizado hoje, com o Bank of America Merrill Lynch aparecendo no destaque do saldo comprador. 

CSN (CSNA3, R$ 7,33, -0,68%)
Segundo a coluna Radar, da Veja, uma decisão da 4ª Câmara Cível do Rio de Janeiro acaba de aumentar para R$ 150 milhões uma indenização da siderúrgica para a Jolial Construções, valor muito superior ao levantado quando briga começou na Justiça, de R$ 3 milhões. A dívida é referente a um contrato de uma obra na fábrica da empresa em Volta Redonda. 

TIM (TIMP3, R$ 9,48, +1,28%) 
A TIM teve sua recomendação elevada hoje pelo UBS para compra. O preço-alvo é de R$ 12,00 por ação.  

Publicidade

Embraer (EMBR3, R$ 24,42, +2,78%) 
A companhia aérea Azul e a Embraer assinaram um acordo final para a encomenda firme de 30 jatos do modelo E195-E2, confirmando carta de intenções anunciada em julho do ano passado, disseram em comunicados nesta quinta-feira. O acordo envolve ainda direitos de compra para 20 jatos adicionais do mesmo modelo. Caso os direitos sejam exercidos, o contrato pode chegar ao valor estimado de US$ 3,2 bilhões, pelo preço de lista.

Equatorial (EQTL3, R$ 33,80, -0,29%)
O BTG Pactual elevou hoje o preço-alvo das ações da companhia, de R$ 34,00 para R$ 38,00. Em relatório de hoje, a equipe de analistas do banco, chefiada por Antônio Junqueira, comentam que a revisão inclui a avaliação positiva para a proposta do regulador para reajuste da Celpa, que atende consumidores do Estado do Pará e faz parte do grupo Equatorial, para o 4° ciclo de revisão tarifária (embora ainda preliminar). Na semana passada, a Aneel sugeriu aumento de 7,53% nas tarifas da elétrica a partir de 7 de agosto. A proposta da Aneel ficará aberta em audiência pública de 14 de maio até 12 de junho. 

Indústrias Romi (ROMI3, R$ 3,02, +11,85%)
As ações da small cap Indústrias Romi voltaram a subir forte hoje depois de dispararem 13,45% ontem, mas ter atingido na máxima do dia alta de 36%, sem motivo aparente. Segundo o analista Mário Bernardes Júnior, do BB Investimentos, não houve nenhum motivo no fundamento que justificasse esse movimento. A disparada foi uma surpresa até para a própria diretoria, que afirmou não ter nenhum fato relevante que possa servir como pano de fundo para essa alta. A única coisa que deu para identificar é que esse movimento anormal foi oriundo de corretoras de varejo, comentou.